O uso de vírus como parte de novos tratamentos contra o câncer ainda segue experimental, mas já tem dado resultados promissores. E um recente estudo que utilizou o vírus da herpes para combater tumores provou que a ciência pode estar no caminho certo.
Nos primeiros testes em humanos, a abordagem adotada por pesquisadores do Reino Unido fez com que o câncer de um paciente desaparecesse, enquanto outros tiveram encolhimento de seus tumores.
Estudo usa vírus da herpes para tratar câncer
Cientistas do Instituto de Pesquisa do Câncer e da NHS Foundation Trust completaram a Fase 1 dos testes clínicos para um novo tratamento baseado em vírus contra o câncer. Na terapia oncológica foi usada uma espécie de “medicamento” constituído pelo vírus do herpes (Herpes simplex) enfraquecido e geneticamente modificado em laboratório.
De acordo com o trabalho científico, o vírus editado (RP2) ataca diretamente o câncer ao invadir as células cancerígenas, ao mesmo tempo que ativa o sistema imunológico, fazendo com que o paciente tenha um reforço extra para combater o tumor.
No estudo, três em cada nove pacientes tratados com RP2 se beneficiaram da terapia e viram seus tumores encolherem. Um paciente com câncer de glândula salivar viu seu tumor desaparecer completamente e permanece livre do câncer 15 meses após o início do tratamento.
No total, 30 pacientes participaram da pesquisa e todos tinham cânceres muito avançados que não responderam ou não eram elegíveis para as opções de tratamento padrão.
“Nosso estudo mostra que um vírus geneticamente modificado que mata o câncer pode dar um golpe duplo contra os tumores – destruindo diretamente as células cancerígenas por dentro, ao mesmo tempo em que convoca o sistema imunológico contra elas”, afirmou em comunicado Kevin Harrington, principal autor do trabalho, completando: “É raro ver taxas de resposta tão boas em ensaios clínicos em estágio inicial”.
Ainda de acordo com o pesquisador, os resultados sugerem que uma forma geneticamente modificada do vírus da herpes poderia se tornar uma nova opção de tratamento para alguns pacientes com câncer avançado, incluindo aqueles que não responderam a outras formas de imunoterapia.