Vacinas para câncer podem chegar até 2030, dizem criadores de tecnologia inovadora

por | out 18, 2022 | Saúde

Após décadas de pesquisas em torno de uma tecnologia para criar vacinas contra câncer, os médicos Ugur Sahin e Ozlem Tureci deram declarações muito animadoras sobre estes imunizantes. Segundo os cientistas, que formam um casal e fundaram juntos a empresa BioNTech, o uso da tecnologia criada por eles em uma das vacinas mais bem sucedidas contra a Covid-19 acelera o processo consideravelmente – e espera-se, agora, que seja possível tratar pacientes de câncer com estas vacinas ainda durante esta década.

Vacinas para câncer chegam até 2030, dizem pesquisadores

Em entrevista ao programa britânico “ Sunday with Laura Kuenssberg” (BBC), Ugur Sahin e Ozlem Tureci, ambos médicos especializados na área de imunologia, revelaram previsões animadoras sobre vacinas contra câncer. Criador da empresa BioNTech, que fez parceria com a farmacêutica Pfizer para a criação de uma vacina contra a Covid-19 nos últimos anos, o par está por trás de uma tecnologia pioneira que, devido à pandemia, pode chegar mais rapidamente a pacientes de câncer.

“Nós acreditamos que isso vai acontecer definitivamente e em larga escala antes de 2030”, afirmou Sahin, que é ainda professor e pesquisador nas áreas de câncer e imunologia – e as boas previsões do par de cientistas não para por aí.

istock

Questionada sobre a possibilidade de o método não funcionar, Ozlem foi categórica ao afirmar que a tecnologia desenvolvida por eles (inicialmente voltada para o câncer e usada de forma oportuna contra a Covid-19) apresenta ação bastante clara e certeira. “O que aprendemos sobre o sistema imunológico e sobre o que podemos alcançar com vacinas para câncer mostra uma atividade clara: nós podemos induzir células ‘matadoras’ e direcioná-las”, pontuou ela, que é professora de imunoterapia.

Conforme cita a cientista, uma das questões mais interessantes para o processo é que, além de a pesquisa feita por ela e o marido durante décadas ter permitido o desenvolvimento da prevenção da Covid-19, o uso da tecnologia durante a pandemia também trouxe inúmeros benefícios para a criação da vacina contra o câncer – e até acelerou o processo.

“O que desenvolvemos por décadas no câncer impulsionou o desenvolvimento da vacina para a Covid-19 – e, agora, a Covid-19 e nossa experiência em desenvolver a vacina retribuiu o favor ao nosso trabalho sobre o câncer. Nós aprendemos a manufaturar vacinas de forma melhor e mais rápida, aprendemos sobre como o sistema imunológico reage diante do mRNA [tecnologia criada por eles’]. Isso definitivamente vai acelerar nossa vacina contra câncer”, disse ela na entrevista à BBC.

Ugur Sahin e Ozlem Tureci, casal fundador da empresa BioNTech
Reprodução/Sunday with Laura Kuenssberg/BBC

Vacina contra câncer por mRNA: como vai funcionar

Segundo Ozlem, as vacinas baseadas em mRNA, caso do imunizante da Pfizer contra a Covid-19, funcionam levando ao corpo um cartaz de “procurado” no qual o “inimigo” em questão é o patógeno. No caso da Covid-19, a vacina ensina o corpo a reconhecer e atacar o vírus, enquanto no caso do câncer, ela ensina o sistema imunológico a diferenciar as células cancerosas das normais.

“Primeiramente, nós investimos nossas pesquisas em encontrar e definir os antígenos do câncer, que nos permite pintar o pôster de ‘procurado’ – e aí nós usamos o mRNA para comunicar isso ao sistema imunológico do paciente”, pontuou a pesquisadora.

Segundo o par, a ideia é que as vacinas contra câncer sejam personalizadas para cada paciente de forma acertar melhor o alvo, e elas devem ser usadas após a remoção de tumores para prevenir as recidivas – ou seja, o retorno da doença. “Imediatamente após a cirurgia, os pacientes recebem uma vacina personalizada que induz uma resposta imune para que o corpo rastreie as células tumorais restantes. Idealmente, isso elimina as células tumorais e, por isso, reduz ou impede completamente recidivas que viriam em dois ou três anos”, afirmou Sahin.

Vacina
Matteo Benegiamo/Istock

Câncer: avanços, tratamentos e mais