Entenda o novo tratamento de Carolina Arruda para a “maior dor do mundo”: envolve “resetar” o cérebro

por | jul 15, 2024 | Saúde

Jovem que chegou a optar pela eutanásia devido às dores constantes está fazendo outra tentativa para tratá-las

Após divulgar o desejo de fazer eutanásia devido às dores da neuralgia do trigêmeo, a jovem Carolina Arruda foi internada para testar mais um tratamento. Ela sofre com a “maior dor do mundo”, como é descrita, há mais de uma década, e já fez outros tratamentos (inclusive cirúrgicos) que não funcionaram.

Saiba como será o tratamento de Carolina Arruda, que pode durar até meses e já está em curso.

Como será o tratamento de Carolina Arruda para a “maior dor do mundo”

maior dor do mundo
A influencer já fez cinco cirurgias, mas nenhuma surtiu efeito (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Carolina Arruda, de 27 anos, sofre há 11 com o que é conhecido como “a maior dor do mundo”. As dores, que lembram choques, ocorrem no rosto da tiktoker devido à chamada neuralgia do trigêmeo, doença crônica que envolve problemas na transmissão de impulsos nervosos pelo nervo trigêmeo.

No passado, a jovem já testou uma série de tratamentos, inclusive cirúrgicos, que falharam. Com isso, ela optou por juntar dinheiro para ir à Suíça e fazer uma eutanásia – e, com a repercussão do caso, recebeu uma oferta de tratamento gratuito para testar. Com isso, a mineira foi para a Santa Casa de Alfenas recentemente e já iniciou o protocolo.

“Reset” do cérebro e novas tentativas

neuralgia do trigêmeo
Carolina toma uma série de remédios (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Conforme explicado tanto por ela quanto pelo médico responsável, Carlos Marcelo de Barros, o tratamento é delicado e demorado. O especialista, que preside a Sociedade Brasileira para Estudos da Dor (SBED), propôs um protocolo em mais de uma etapa, e a primeira consiste em “resetar” o cérebro.

“Ele vai me colocar em um estado de anestesia, sedação, em que meu cérebro vai descansar um pouco da dor que ele sente”, disse ela em um vídeo no TikTok, plataforma que usa para divulgar sua dor. Além disso, Carol Arruda citou também que essa etapa envolve medicamentos fortes como cetamina, lidocaína e metadona. Por esse motivo, a jovem tem de ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante essa fase do tratatamento.

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Carolina toma morfina e canabidiol (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Conforme explicou, o que vem a seguir depende da resposta inicial de seu organismo ao “reset”. “Depois dessa etapa, a gente vai considerar outros métodos, como a radiofrequência, implantação de bomba de morfina ou eletrodos para eletromodulação”, afirmou ela no vídeo.

Em entrevista ao “R7 Minas Gerais”, Carlos Marcelo de Barros afirmou que a ideia do protocolo é tirar Carolina do estado agudo de dor constante. Em seguida, a proposta é, com o cérebro “relaxado”, tentar espaçar as crises de dor da jovem e aliviar a intensidade do desconforto.

Radiofrequência, bomba de morfina e eletromodulação: entenda

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Neuralgia do trigêmeo, doença de Carolina Arruda, tem (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

O tratamento de Carolina Arruda após a primeira etapa ainda é incerto. Não se sabe qual será a escolha teraêutica, mas a tiktoker citou as seguintes:

Radiofrequência

Com o paciente sedado, uma agulha alcança o nervo trigêmeo através do crânio. Por meio de um gerador de radiofrequência, o nervo recebe uma espécie de choque cujo objetivo é inativá-lo.

Como as dores da neuralgia do trigêmeo são causadas por um distúrbio nos impulsos que esse nervo emite, a ideia é que o paciente não tenha mais a “maior dor do mundo”.

Esse tratamento é uma opção, em geral, para casos graves como o de Carolina, que não respondem ao tratamento conservador feito com medicamentos.

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Carolina Arruda em uma de suas idas ao hospital (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Implantação de bomba de morfina

Nesse procedimento, o paciente recebe, literalmente, um implante de morfina com fluxo regulável. Esse implanta subcutâneo libera a substância analgésica diretamente no sistema nervoso, visando aliviar dores e espasmos causados por diversas doenças.

Eletromodulação

Nesse tipo de terapia de dor, eletrodos são inseridos no paciente, na região das sobrancelhas. O médico então define estímulos elétricos de sensação quase imperceptível que são enviados ao nervo trigêmeo.

Esse tratamento também visa o controle da dor – tanto para neuralgia do trigêmeo quanto para sequelas de derrames, enxaquecas, entre outros problemas de saúde.

Carolina Arruda tem a “maior dor do mundo”: relembre o caso

Devido à doença, a influencer não consegue trabalhar ou levar uma vida normal (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo desde a gravidez de sua única filha. Na época, as dores eram suportáveis e unilaterais, mas, atualmente, a tiktoker é um dos raros casos de neuralgia do trigêmeo bilateral.

Em resumo, a jovem sente dores em todo o rosto constantemente. Ela as descreve como dores de intensidade 6 – mas, durante as muitas crises que ela tem durante o dia, a intensidade chega a 10. Como são incapacitantes, as dores impedem Carolina de viver normalmente e ter hábitos como estudar ou trabalhar.

A dor da neuralgia do trigêmeo é descrita como “a maior dor do mundo”. Ela ocorre sem aviso prévio e tem gatilho em toques ou ações normais. Os simples atos de pentear os cabelos ou chorar, por exemplo, podem desencadear uma forte crise na jovem.

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A jovem em uma de suas passagens pelo hospital por crises de dor (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Segundo Carolina, ela já tentou uma série de tratamentos, cirurgias e remédios. Ela toma morfina quase diariamente, bem como canabidiol. Devido ao quadro crônico e refratário (que não responde a tratamentos), ela optou pela eutanásia, procedimento que não é permitido no Brasil.

No início de julho de 2024, ela lançou um financiamento coletivo para arcar com os custos da viagem à Suíça, onde a eutanásia é legalizada. Foi então que a jovem recebeu propostas para testar tratamentos antes de seguir com o burocrático processo.

A neuralgia do trigêmeo raramente é refratária como a de Carolina. A maior parte dos pacientes encontra conforto nos tratamentos e medicamentos disponíveis e consegue viver quase normalmente em meio às crises.

Doenças crônicas