Técnica que “despertou” paciente vegetativo é esperança para outras doenças no cérebro

por | set 27, 2017 | Saúde

Após 15 anos em estado vegetativo, um homem de 35 anos voltou a apresentar sinais de consciência após receber um tratamento de estimulação nervosa. A técnica revolucionária que “despertou” o rapaz não só traz esperanças para familiares de pacientes na mesma condição como oferece benefícios para outras condições cerebrais.

Homem volta à consciência após coma de 15 anos 

Publicada na revista americana Current Biology, a experiência dos cientistas consistiu em colocar um implante no peitoral do homem, que ficou em estado vegetativo após um acidente de carro.

Tal estado exclui qualquer evidência de consciência, função cerebral ou função motora. No entanto, a diferença para o coma é que o paciente vegetativo abre os olhos em períodos espaçados, fenômeno que nada tem a ver com melhora, mas sim com uma reação fisiológica.

Colocado de forma cirúrgica, o aparelho emitia pulsos elétricos ao longo do nervo vago – que liga diversos órgãos ao cérebro -, transmitindo sinais até o sistema nervoso. 

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Melhora na atenção, reação e atividade cerebral

Apenas um mês de estimulação fez com que o homem passasse a responder a pequenos estímulos relacionados à atenção, aos movimentos e à atividade cerebral. Por exemplo, o paciente conseguiu seguir objetos com o olhar e reagir a ameaças e surpresas, abrindo os olhos assim que alguém se aproximava de seu rosto.

Os resultados do experimento desafiam a ideia, conservada na Medicina, de que os transtornos de consciência são irreversíveis após 12 meses de duração.

No entanto, como a pesquisa foi submetida em apenas uma pessoa, os cientistas planejam comprovar a tese de que a  estimulação do nervo vago possa recuperar a consciência a partir de testes com mais participantes.

Estimulação do nervo vago em outras doenças

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O nervo vago é, na verdade um par de terminações nervosas que se divide em cada lado do corpo e segue do abdômen até o tronco cerebral.

Segundo a Mayo Clinic, a técnica de estimulá-lo já é aplicada no tratamento de indivíduos com sintomas de depressão graves e também em pacientes com epilepsia que não responderam às terapias típicas.

Também são desenvolvidas pesquisas para determinar se a técnica pode auxiliar casos de esclerose múltipla, dor de cabeça, insuficiência cardíaca e até Alzheimer.

Como é feita?

Primeiramente, é implantado um dispositivo sob a pele do peito, o qual se conecta ao lado esquerdo do nervo vago. O aparelho é programado para emitir pulsos ao sistema nervoso em ciclos pré-determinados.

Durante o procedimento, o paciente pode sentir uma leve dor no pescoço ou formigamento, mas nada exorbitante.

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