O superfungo Candida auris é temido no mundo todo devido à resistência a medicamentos, a desinfetantes e a altas temperaturas
Os primeiros casos de infecção pelo superfungo Candida auris no Brasil aconteceram em 2020, durante a pandemia de Covid-19. Desde então, suspeitas de novos casos foram descartadas – até recentemente, quando o superfungo que inspira preocupação global se manifestou em um possível surto no estado de Minas Gerais.
Entenda abaixo o que é o superfungo Candida auris, por qual razão ele é um risco, quem tem mais chances de contrair a infecção e mais detalhes sobe ele:
Brasil tem casos confirmados de infecção por superfungo
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou ao longo de outubro o registro de quatro casos confirmados de infecção pelo superfungo Candida auris. Esta é a primeira vez que o temido fungo tem casos confirmados de infecção no Brasil desde 2020, quando foi detectado em humanos no País pela primeira vez.
Segundo informações do órgão, os quatro diagnósticos foram confirmados por testes detalhados de sequenciamento genético, e todos aconteceram no mesmo local: o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. A última nota do órgão sobre o assunto afirma também que outros 24 pacientes com suspeita de infecção pelo superfungo aguardam o resultado do exame.
Candida auris: o que é esse superfungo e por que é temido no mundo todo?
O fungo Candida auris foi identificado pela primeira vez no Japão em 2009. Sua descoberta foi marcada por grande preocupação devido não apenas à alta capacidade de disseminação, mas à resistência aos antifúngicos disponíveis e à desinfecção padrão de ambientes. Isso o torna um grande perigo principalmente para hospitais e UTIs.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a maior preocupação após um diagnóstico da infecção por Candida auris é a disseminação no ambiente hospitalar. Isso porque ele tem grande capacidade de se manter vivo tanto na pele de pessoas quanto em superfícies. Isso inclui instrumentos médicos como estetoscópios, termômetros, entre outros.
Informações disponibilizadas pelo Hospital Albert Einstein sobre o superfungo afirmam que nem sempre uma pessoa que entra em contato com o superfungo apresentará infecção. Apenas entre 20 e 25% dos indivíduos que têm contato com o Candida auris desenvolvem a doença, e a maioria deles corresponde a pessoas já fragilizadas.
Essa é, inclusive, a razão apontada para o surgimento de casos de infecção por Candida auris em 2020. Havia, na época, uma quantidade muito grande de pessoas com doenças pré-existentes lutando contra a Covid-19 em ambiente hospitalar. Tudo isso motivou a disseminação do superfungo, que foi eventualmente controlada.
O hospital frisa ainda que a maioria dos fungos tem baixa tolerância a temperaturas acima de 36°C. Isso significa que a temperatura do corpo humano serve como defesa natural contra esses fungos. O Candida auris, porém, tem maior tolerância ao calor, e sobrevive a temperaturas entre 37°C a 42°C.
Além disso, ele é muito resistente a desinfetantes muito usados em ambiente hospitalar, como o quaternário de amônia, e também às três classes de fármacos antifúngicos existentes (polienos, azóis e equinocandinas).
Complicações da infecção pelo superfungo
Ao entrar no organismo, o Candida auris pode infectar partes variadas do corpo. É possível, por exemplo, ter uma infecção de pele, de ouvido ou no sangue. O risco está, porém, na disseminação dele pela corrente sanguínea. Isso porque, ao se espalhar, ele pode causar candidíase invasiva, tipo de infecção generalizada fúngica.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade da candidíase invasiva é alta, variando de 29% a 53%.
Não existe, portanto, um quadro específico de sintomas de infecção por Candida auris. É possível citar, porém, febres e calafrios sem sinal de melhora com o uso de antibióticos. Além disso, exames de cultura em pacientes infectados por fungo não indicam a presença de bactérias.
Tratamento para infecção por Candida auris
Como a Candida auris resiste ao tratamento convencional, especialistas fazem combinações entre os fármacos existentes para tentar eliminar o fungo. Isso, no entanto, pode ser especialmente perigoso para quem já está em uma situação de saúde delicada – justamente as pessoas mais propensas a contrair o superfungo e desenvolver a infecção.
Segundo informações do hospital Albert Einstein, porém, novas classes de antfúngicos foram apresentadas à comunidade médica nos últimos anos. Ainda sob testes, elas representam esperanças para o tratamento desse fungo, visto que demonstraram eficácia contra ele.