A venda de Ozempic falso inclui dosagens diferentes, substâncias que nem sequer podem ser comercializadas no Brasil e até supostos descontos que chegam a R$ 900
O uso de medicamentos como Ozempic no tratamento de obesidade ajuda inúmeros pacientes que têm acompanhamento médico adequado. Devido os bons resultados, porém, o uso se disseminou muito – e, com isso, surgiram até mesmo golpes na venda da substância, algo a que motivou um alerta de sociedades médicas recentemente.
Sociedades médicas alertam para venda de Ozempic falso
Medicamentos como Ozempic e Rybelsus, que têm ação sobre o nível de glicose no sangue e na sensação de saciedade, revolucionaram o tratamento da obesidade. Sua popularidade, porém, foi marcada pela busca desenfreada, gerando não só escassez, mas falsificações e golpes. Com isso, três sociedades médicas se uniram recentemente para fazer um alerta.
Em um comunicado, A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alertaram o consumidor quanto aos riscos de confiar em descontos muito grandes e manipulados sem certificação.
“Recentemente, houve um aumento significativo dos relatos sobre falsificações, especialmente de canetas de aplicação de Ozempic (semaglutida). Também têm sido observadas ofertas de aplicações em clínicas e manipulação de medicamentos contendo tirzepatida – medicação que ainda não está disponível no Brasil, comercializada mundialmente sob a marca Mounjaro”, diz a nota.
Há golpes, por exemplo, que oferecem Ozempic, cujo valor pode ultrapassar R$ 1 mil, por R$ 99. O Ozempic com desconto ficaria disponível após o consumidor responder a uma enquete sobre assuntos relacionados à rede de farmácias em questão e a saúde de forma geral. Não há, porém, qualquer certificado que comprove que o medicamento é original – ou que ele sequer chega ao consumidor após a compra.
Além disso, uma mulher recentemente foi internada no Rio de Janeiro com quadro grave de hipoglicemia. A suspeita segundo o hospital Copa D’Or, seria de que ela teria aplicado uma dose de Ozempic falsificado. Após o ocorrido, inclusive, a Novo Nordisk, fabricante do medicamento, identificou casos de fraude em 6 cidades do País, motivando alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Leia o comunicado das sociedades médicas na íntegra clicando aqui.
Ozempic falso: riscos
Segundo o alerta das sociedades médicas, o principal risco do uso de medicamentos falsificados é o do paciente ter efeitos adversos inesperados e graves. “O uso pode resultar em graves danos à saúde, incluindo reações adversas inesperadas, a exposição e substâncias perigosas que não passaram por controle de qualidade”, diz a nota.
Além disso, o comunicado frisa ainda o perigo da ineficácia. Utilizar o medicamento falsificado e não ter resultados reflete não só em prejuízo financeiro, mas em problemas para o tratamento. “Nesse sentido, remédios falsificados comprometem o manejo adequado de doenças crônicas como o diabetes, colocando a vida dos pacientes em risco”, afirmam os órgãos.
Como saber se Ozempic é falso?
No comunicado, as sociedades médicas dão algumas orientações de como evitar cair em golpes. São elas:
- Se atentar para o princípio ativo, visto que a Tirzepatida (substância do Mounjaro) ainda não é legalizada no Brasil. Sendo assim, produtos que a contêm são ilegais;
- Comprar o medicamento online somente em farmácias autorizadas pela Anvisa;
- Para compra física, buscar farmácias de confiança e renome;
- Averiguar a embalagem, buscando o selo de aprovação da Anvisa.
É preciso lembrar ainda que Ozempic, Rybelsus e qualquer outra opção de “caneta emagrecedora” são medicamentos, e seu uso traz efeitos colaterais. Esses remédios só devem ser usados sob prescrição médica, e com acompanhamento de profissionais adequados (como médicos endocrinologistas).
Além disso, é importante conhecer as apresentações disponíveis para esses medicamentos, evitando versões “manipuladas” (e, portanto, não confiáveis).
- Ozempic: canetas para aplicação subcutânea de semaglutida nas doses de 0.5 mg e 1.0 mg;
- Wegovy: canetas para aplicação subcutânea de semaglutida nas doses de 0.25 mg, 0.5 mg, 1.0 mg, 1.7 mg e 2.4 mg;
- Rybelsus: comprimidos de semaglutida para uso oral em doses de 3.0 mg, 7.0 mg e 14.0 mg.