Os riscos de espremer espinha começam com uma cicatriz, mas podem chegar a problemas neurológicos graves
Não é incomum ouvir o conselho de não mexer em espinhas no rosto, mas, afinal, quais são os riscos de espremer espinha? A principal consequência disso é a formação de cicatrizes que são facilitadas pelo processo de manipulação indevido das feridas. Ainda assim, há riscos extremamente graves – e é, sim, possível morrer por consequência disso. Entenda abaixo.
Por que não se deve espremer espinhas?
Conforme explica a médica Ligia Colucci, dermatologista e assessora do Departamento de Cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), a manipulação de espinhas é algo bastante sério. Isso se deve especialmente ao fato de que as mãos e a pele quase nunca estão devidamente higienizadas quando isso é feito – mas até mesmo com higiene plena, espremer espinhas em casa não é indicado.
Segundo a médica, a consequência mais comum é a piora de cicatrizes já existentes ou a formação de novas marcas e manchas na pele. Isso, porém, não é nem de perto o máximo que pode acontecer quando uma pessoa espreme uma espinha. “É perigoso pelo risco de infeccionar a pele e até gerar uma celulite”, diz ela, se referindo a um tipo de infecção bacteriana comum e potencialmente grave.
Como espremer espinhas gera naturalmente um machucado na região, essa infecção pode inclusive passar despercebida. Quando não tratada, porém, a celulite pode evoluir para quadros mais graves como:
- Formação de abcessos (acúmulo de pus em uma espécie de “bolsa”);
- Fascite necrosante (infecção que afeta a fáscia, tecido conjuntivo que envolve músculos e órgãos);
- Sepse (infecção generalizada no sangue);
- Linfangite (infecção no sistema linfático).
Alguns desses quadros podem ser responsáveis por cicatrizes ainda maiores, perda de parte do tecido do rosto e, em determinados quadros, até óbito.
Riscos de espremer espinha no nariz são maiores
Além disso, a médica explica também que existe uma parte do rosto em que o ato de espremer espinhas é especialmente perigoso. “Um lugar que pode dar uma infecção muito séria que pode virar inclusive encefalite é o nariz. Principalmente se essa espinha estiver localizada na base do nariz”, diz ela, explicando que, nessa área, a circulação sanguínea tem uma ligação direta com o cérebro.
A encefalite é um quadro de inflamação do cérebro. Ela pode ser causada por diversos fatores, e infecções por bactérias e fungos é um deles. Esse quadro pode ser tratado – mas, caso isso não aconteça rapidamente, ele pode levar a danos neurológicos permanentes, epilepsia causada por “cicatrizes” no cérebro, alterações comportamentais e psiquiátricas e até mesmo morte.
Forma correta de remover espinhas
Espinhas, especialmente as inflamadas e com pus, não devem ser manipuladas. O correto é fazer a higienização da pele com água e um sabonete desenvolvido para esse tipo de uso. Há uma gama grande de possíveis causas para espinhas e, por isso, para acabar com o problema, é indicado buscar um especialista na área. Assim, é possível ter um tratamento personalizado que age tanto na causa quanto nas espinhas em si.
Segundo a dermatologista Ligia Colucci, espinhas podem ser categorizadas em diferentes graus que vão do 1 ao 5. Cada grau tem possibilidades diferentes de tratamento – e eles vão desde higienização com produtos específicos até o uso de medicamentos por via oral, como antibióticos.
