Utilizados em larga escala e, quase sempre, sem qualquer prescrição médica, analgésicos e anti-inflamatórios podem aumentar em até 30% o risco de paradas cardíacas. É o que aponta estudo realizado pelo Hospital Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
Pesquisadores analisaram quase 30 mil casos de paradas cardíacas, considerando o uso desse tipo de medicamento no mês precedente, e concluíram que, em relação à população geral, pessoas que os utilizaram estavam em maior risco.
Riscos dos analgésicos
Para o cardiologista Dr. Fernando Costa, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, o uso de medicamentos para dor precisa ser especialmente criterioso entre quem já tem histórico e predisposição a problemas cardíacos. Isso porque compostos presentes na maior parte de analgésicos e anti-inflamatórios – como ibuprofeno e diclofenaco – estão associados ao aumento do risco de formação de trombos, complicação que pode ser fatal.
“Muitas pessoas nem sabem que têm algum problema cardíaco, não se previnem e acabam tendo comportamentos arriscados: fumar, praticar exercícios sem orientação e tomar remédios como esses, que aumentam o risco”, explica o médico. O alerta merece ainda mais atenção ao considerarmos que quase 1/3 das mortes – só no Brasil – tem causa cardiovascular, principalmente infarto.

Grupos de risco
Segundo o médico, o uso desses medicamentos raramente terá algum efeito colateral grave em pessoas completamente saudáveis – e são úteis e necessários em alguns casos. O principal problema é que quem está em maior risco, muitas vezes, não desenvolve nenhum sintoma.
“É até melhor quando as pessoas sentem dor ou algum outro efeito de problemas cardíacos porque elas procuram orientação médica. Mas muitas não apresentam sintoma e se colocam em perigo”, afirma Dr. Fernando, ressaltando que a população com 50 a 60 anos é a que apresenta maior chance de sofrer infarto.
Além disso, apesar de as pessoas de meia-idade estarem entre os principais grupos de risco, complicações cardíacas também têm se manifestado em pessoas jovens e 10% dos casos de infarto causam morte na primeira hora.
Venda de remédios sem prescrição
Um dos pontos levantados pelo estudo dinamarquês é o risco da venda indiscriminada de analgésicos, disponíveis até mesmo em supermercados. “Permitir que esses medicamentos sejam vendidos sem prescrição, restrições e recomendações faz com que se entenda que eles são completamente inofensivos”, afirmou o especialista Professor Gunnar Gistason, que conduziu o estudo, em entrevista ao tabloide britânico Daily Mail.
Dr. Fernando Costa ressalta ainda que é importante que as pessoas entendam a que estão expostas e saibam exatamente quais são suas condições de saúde. “Antes, a preocupação ao receitar esse tipo de remédio era com gastrites e alergias, não com a agregação plaquetária [processo de formação de trombos] que vai afetar quem já tem predisposição”, pontua.
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