Ouvir a música “do casal” ao lado do amado ajuda idosos com Alzheimer, descobre estudo

por | fev 14, 2020 | Saúde

Mais comum entre pessoas acima dos 65 anos de idade, o Alzheimer é uma doença caracterizada pelo declínio progressivo da função cognitiva, isto é, memória, pensamento, linguagem e capacidade de aprender.

Ainda não existe cura para o Alzheimer e quem convive com uma pessoa portadora da condição sabe que ela é bastante desafiadora e transforma o ambiente familiar. O apoio de parentes e cônjuges, portanto, é fundamental para o bem-estar de quem sofre da doença.

E de acordo com um recente estudo brasileiro, idosos com Alzheimer que vivem com seus parceiros podem ser beneficiados ao ouvir a música “do casal” ao lado da pessoa amada. Os dados foram divulgados pelo Jornal da USP.

Como a música ajuda pacientes com Alzheimer

Segundo a pesquisa da Gerontologia da USP, canções do repertório autobiográfico do casal, que trazem lembranças de fatos e situações vividas juntos, amenizam sintomas relacionados à demência, como a agitação, e possibilitam mais qualidade de vida ao cuidador.

Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, musicoterapeuta e mestre em Gerontologia que conduziu o estudo, diz que a música exerce grande influência na vida humana e, no caso do idoso, estimula sentimentos, sensações e remete a épocas, pessoas, lugares e experiências vividas, evocando emoções guardadas em sua memória.

Para chegar à conclusão, 12 atendimentos semanais foram direcionados a quatro casais idosos com os seguintes critérios: um dos indivíduos deveria ter diagnóstico de Alzheimer em estágio inicial ou moderado e o cuidador deveria ter assumido a função há mais de seis meses.

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O pesquisador resgatou as canções mais significativas da história de vida do casal e uma das atividades levadas à sessão foi a gravação dos dois cantando alguma música do repertório deles. Em seguida, foi proposto que o casal ouvisse a gravação juntos.

A experiência trouxe momentos prazerosos ao casal, amenizando os sintomas comportamentais dos companheiros adoecidos e possibilitando o resgate e a troca de lembranças pessoais, afirmou Anastácio.

O Alzheimer não tem cura, mas medicamentos e tratamentos podem amenizar os sintomas ou fazer com que demorem mais para chegar. É por isso que um diagnóstico precoce se torna ainda mais importante.

Como a doença não afeta as pessoas exatamente da mesma forma, os cuidados com o paciente vão depender muito de sua idade e de suas dificuldades próprias.

Quando os sintomas do Alzheimer ainda são leves, é indicado que o paciente realize passeios, frequente ambientes públicos e mantenha a socialização. As medidas podem diminuir o estresse e a ansiedade que acompanham a doença.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que no Brasil pelo menos 1,2 milhão de pessoas sofrem de Alzheimer.