A proteção contra raios UV é um dos principais fatores que devem ser levados em consideração na hora de comprar óculos de sol. No entanto, 47% dos brasileiros acreditam que o acessório não previne doenças oculares e, por isso, deixam de observar sua procedência e acabam, muitas vezes, adquirindo produtos de procedência duvidosa. Lentes de óculos com protetor solar é importante para apenas 21%, enquanto 32% não têm hábito de usar óculos escuros. O levantamento foi feito pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, com 1,1 mil pacientes entre 27 e 45 anos, durante os últimos 14 meses.
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Segundo o médico, usar óculos sem filtro solar é pior do que não usar nada. “No escuro nossas pupilas dilatam, uma quantidade maior de radiação UV penetra nos olhos, facilitando o aparecimento de doenças causadas pelo efeito cumulativo da radiação”, afirma. Uma dessas doenças é a catarata, que deixa o cristalino turvo e causa cegueira. Geralmente relacionada ao envelhecimento, ela tem surgido cada vez mais cedo entre brasileiros. E a falta de proteção solar aumenta em 60% o risco de contraí-la. Outra doença grave que pode ser causada pelo sol é a degeneração macular, que provoca a morte das células da mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes.
Problemas oculares causados pelo sol
A falta de sintomas imediatos causados pela radiação UV está relacionada à falta de cuidado com os olhos na hora da exposição ao sol. “A única alteração que ocorre depois de algumas horas no sol é a fotoceratite, inflamação temporária da córnea que deixa os olhos vermelhos e irritados, mas geralmente o desconforto desaparece no mesmo dia. Embora pareça um mal menor, as células perdidas não se recuperam mais. Isso pode comprometer a visão”, alerta o médico. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) 5% dos casos de cegueira são causados por opacidades na córnea que podem estar associadas a repetidos quadros de fotoceratite.
Nas pálpebras, ele explica que podem ocorrer manchas de senilidade e até câncer. “A falta de proteção UV no verão também aumenta os casos de pterígio, membrana que cresce na conjuntiva em direção à córnea, confundida com catarata por muitas pessoas. Ainda na superfície do olho, a radiação UV faz surgir lesões pré-malignas e cancerígenas que têm a mesma aparência do pterígio”, diz.
As pessoas de olhos claros e os trabalhadores que exercem atividades externas são os mais suscetíveis aos efeitos nocivos do sol. A escolha dos óculos deve ser adequada a cada caso. Veja as dicas do médico:
Dicas para escolher óculos escuros
Óculos de grau
Podem ter lentes transparentes com o mesmo efeito protetor dos solares, ou seja, receber uma película que filtra 100% da radiação UVA e UVB, as mais prejudiciais aos olhos.
Esportistas
As melhores opções são as lentes inquebráveis de policarbonato ou poliuretano e com tratamento para não embaçar.
Lentes removíveis
Podem transformar uma única armação em várias opções de óculos com a troca da cor das lentes.
Lentes digitais
Têm a mesma tecnologia utilizada nas TVs de alta definição e melhoram a nitidez das imagens, principalmente para quem dirige à noite.
Cor
Deve variar de acordo com a atividade.
Âmbar e marrom: permitem boa visão de profundidade, além de reduzirem reflexos.
Cinza: ideal para dirigir em dias nublados porque permite melhor visão de contraste.
Rosa e púrpura: indicadas para surfistas por melhorar a visão de contraste em fundos azul ou verde.
Amarela: para diminuir o ofuscamento de motoristas no lusco-fusco do entardecer.