Elas costumam surgir do nada e sem causa aparente, mas incomodam muitas mulheres. As manchas brancas na pele podem se instalar em diversas partes do corpo e têm duas causas frequentes: fungos e excesso de sol.
Manchas brancas na pele
Pano branco (pitiríase versicolor)
De acordo com a dermatologista Daniela Schmidt Pimentel, pequenas manchas brancas que surgem na região das costas e ombros, geralmente, sinalizam a presença de um fungo. “Essa micose tem o nome popular de pano branco e tem predisposição a se instalar em áreas mais oleosas. Esse fungo mora com a gente, mas por algum motivo, como baixa imunidade, se torna patológico”, afirma.
O fungo produz substâncias que impedem a pele de produzir melanina quando exposta ao sol, por isso, muitas pessoas só percebem que estão com o problema quando vão à praia e se bronzeiam. “Não significa que a pessoa pegou a micose na praia. Ela já tinha antes, mas só percebeu porque o sol não queima a pele onde está a lesão”, explica.
Apesar de ser conhecida popularmente como pano branco, o nome oficial da doença causada por fungos do gênero Malassezia é Pitiríase versicolor e, segundo informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), apesar de ser possível observá-la em todas as faixas etárias, ela é mais frequente em adolescentes e adultos jovens. por eles terem uma maior atividade das glândulas sebáceas.
Isso, segundo o órgão, ocorre porque pessoas nessa faixa etária têm uma maior atividade das glândulas sebáceas – algo que tem relação com os fatores que possibilitam o crescimento do fungo. Além do calor e da umidade, a SBD cita também a desnutrição, a sudorese excessiva, o uso de anticoncepcionais, corticoides e imunossupressores também como possíveis catalisadores do problema.
É importante lembrar também que, enquanto boa parte dos casos de Pitiríase versicolor apresentam manchas brancas, é possível que elas tenham outras tonalidades. De acordo com a SBD, as cores dessas manchinhas arredondadas podem variar do branco até tons mais avermelhados e próximos do castanho. Geralmente, elas não causam problemas, mas é possível que a pessoa sinta coceiras ocasionais nos lugares afetados.
Ainda que esse problema tenha características bem específicas, qualquer tipo de mancha na pele deve ser examinado por um especialista, e o diagnóstico do pano branco é realizado por observação e até pelo uso de uma luz específica que deixa as lesões fluorescentes. Fora isso, também é possível que o médico faça uma raspagem superficial da pele, solicitando uma cultura para identificar o fungo.
- Para prevenir e tratar pano branco
O tratamento da micose é feito com o uso de antifúngicos em forma de sabonete, shampoo, loção ou medicação oral. “Dependendo do tamanho, a medicação oral é mais eficiente, mas em geral, o tratamento deve ser feito com esses produtos, que além de combater o fungo, secam a pele. Dura de 30 a 45 dias”, diz a médica.
De acordo com a SBD, enquanto a possível descamação causada pela doença costuma ser rapidamente eliminada no tratamento, as alterações na pigmentação da pele podem demorar para voltar ao normal. Quando ainda é possível ver manchas claras mesmo após o tratamento, a exposição moderada ao sol pode ser útil para recuperar a aparência natural da pele (sempre, é claro, sob a orientação de um médico).
Algo que também pode acontecer mesmo após a doença ser sanada é a recomendação de medicamentos para se usar mesmo após a finalização do tratamento para prevenir que a micose retorne.
Apesar de não haver uma forma de prevenir o pano branco, a dermatologista alerta que o uso compartilhado de toalhas de banho, lençóis ou roupas pode favorecer a transmissão da micose. Além disso, a SBD também recomenda prestar atenção nas roupas que se usa, preferindo peças leves, arejadas e que, de preferência, não sejam confeccionadas com tecidos sintéticos.
Manchas de sol (leucodermia solar ou sardas brancas)
Já as manchas pontuais que surgem nos braços e nas pernas são chamadas de leucodermias. “São lesões relacionadas à exposição solar intensa ao longo da vida, por isso, costumam aparecer em pessoas mais velhas”, afirma a médica. Essas manchas de sol são mais frequentes em áreas onde a exposição é maior, como mãos, braços, pernas e colo.
- Para prevenir e tratar sardas brancas
“O problema é que elas são difíceis de tratar. Nos consultórios, receitamos o uso de ácidos, mas geralmente a resposta é ruim. Nesses casos, a prevenção o melhor tratamento”, indica. Para prevenir esse tipo de mancha, é preciso utilizar protetor solar diariamente e evitar a exposição solar intensa, principalmente após o surgimento das lesões. Além de ser responsável pelo surgimento dessas manchas (conhecidas popularmente como sardas brancas), a exposição inadequada e frequente à luz solar é, de acordo com informações da SBD, responsável pela maior parte dos cânceres de pele e, sendo assim, é realmente indicado garantir uma proteção constante com produtos adequados.
Algo que o órgão recomenda fazer independentemente da estação do ano ou do horário em que se sai ao ar livre é usar um produto com fator de proteção solar (FPS) 30 ou superior e eficaz contra raios UVA e UVB – especificações recomendadas tanto para a exposição solar no dia a dia quanto para ocasiões em que o tempo debaixo do sol é maior, como na praia ou na piscina, por exemplo.
Quanto à aplicação, o órgão recomenda que o produto seja passado na pele cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol para que ela possa absorvê-lo, e isso deve ser feito de maneira uniforme por todas as partes do corpo, incluindo partes frequentemente “esquecidas”, como mãos, orelhas e pés. Em geral, é necessário reaplicar o filtro solar a cada duas horas, mas, no caso de haver muita transpiração ou contato com a água, a frequência deve aumentar.
É importante lembrar também que, apesar de pessoas de pele negra terem uma tolerância maior ao sol, o uso de protetor solar por elas segue sendo necessário, já que elas também estão sujeitas a problemas de pele como a leucodermia solar, queimaduras e até ao câncer.
Outras causas de manchas brancas na pele
Embora menos frequentes, as manchas brancas podem indicar problemas mais específicos, como o vitiligo. “Elas também podem ser um sintoma de outras doenças autoimunes, como anemia ou diabetes”, afirma. Ainda há um tipo de mancha chamada de pinta branca, que é apenas um sinal de nascença.
No caso do vitiligo, as manchas brancas na pele são, segundo a SBD, formadas pela ausência ou diminuição dos melanócitos, células que são responsáveis pela formação da melanina e, consequentemente, da pigmentação da pele. Ainda que suas causas não sejam tão claras, é possível que a doença esteja relacionada com fatores autoimunes ou traumas emocionais.
Com manchas brancas de tamanhos variáveis, essa doença não é contagiosa e exige o acompanhamento de especialistas para que possa ser tratada. Ainda que não exista uma cura para o vitiligo, determinados processos podem ajudar a frear o surgimento de novas manchas e até proporcionar a repigmentação da pele afetada.
Outros tipos de manchas na pele
Não é raro encontrar quem tenha manchas brancas na pele, mas, além delas, outros tipos de manchinhas também podem aparecer tanto no rosto quanto em outras partes do corpo – e, embora todas devam ser analisadas por um especialista, algumas delas merecem atenção especial pois podem não ser tão inofensivas.
Manchas marrons ou mais escuras
Esse tipo de mancha é bastante comum e deve ser particularmente analisado pois pode ter causas completamente diferentes. Uma das mais frequentes é um problema de pele chamado melasma, que, apesar de não ter cura, não representa grandes riscos à saúde.
De acordo com a SBD, esse problema – que é mais comum em mulheres do que em homens – é caracterizado por manchas marrons de formato irregular que geralmente aparecem no rosto, na região das maçãs, da testa, do nariz e acima do lábio superior. Apesar de ser mais frequente no rosto, o órgão afirma que o melasma também pode se manifestar nos braços, pescoço e colo.
Sem causas bem definidas, o surgimento desse tipo de condição de pele pode estar ligado à exposição ao sol e alterações hormonais causadas tanto pela gravidez quanto pelo uso de medicamentos anticoncepcionais ou condições que afetam a tireoide. O tratamento, por sua vez, é opcional, e pode envolver cremes, sessões de peeling e procedimentos com laser.
Tanto para não piorar a condição quanto para contribuir com o tratamento, quem tem uma condição como o melasma precisa caprichar na proteção contra os raios do sol. Além de apostar em um bom filtro solar, o paciente deve também proteger a pele com roupas, chapéus, óculos escuros, guarda-sóis e qualquer outra medida que ajude a criar sombra nas áreas afetadas pelo problema.
Além do melasma, manchas marrons na pele também podem indicar um problema mais sério: o melanoma, que é um tipo de câncer de pele. Apesar de ser o tipo menos frequente de câncer de pele, o melanoma é o que tem o pior prognóstico e o índice mais alto de mortalidade, com chances de cura extremamente ligadas ao quão precoce é a descoberta da doença.
De acordo com o dermatologista Aldo Toschi, essa doença é caracterizada por uma mancha escura, assimétrica e de bordas irregulares, com mais incidência em pessoas que têm histórico familiar de melanoma e pele bem clara com a presença de muitas pintas. Além de locais que ficam constantemente expostos à luz solar, o melanoma também pode se desenvolver nas unhas e até nas palmas das mãos ou plantas dos pés.
Nesses casos, o problema é tratado de forma cirúrgica e pode exigir a retirada de um tecido maior que a extensão da mancha. “Isso é indicado para evitar a reincidência do tumor e sua progressão para os linfáticos e outros órgãos do corpo”, afirma o especialista.
Além das manchas causadas pelo melasma e do melanoma, também é possível notar o aparecimento desse tipo de alteração na pele como sintoma de uma doença: o diabetes. Síndrome que ocorre a partir da deficiência ou ausência da produção de insulina pelo corpo, o diabetes tem como uma de suas manifestações visíveis o surgimento de manchinhas escuras em dobras do pescoço, axilas, cotovelos e antebraços.
Manchas arroxeadas
Além de hematomas – que podem ser gerados por traumas físicos e até determinadas doenças –, manchas roxas que aparecem em pessoas de idade mais avançada normalmente são características de uma condição chamada púrpura senil. Essencialmente, essas marcas são resultado tanto da atrofia de tecidos cutâneos quanto da fragilidade dos vasos sanguíneos e, ainda que possam desaparecer com o passar do tempo, há também a possibilidade de elas permanecerem pelo resto da vida.