A procura por cirurgias estéticas no pênis ou nas mamas tem aumentado com o passar dos anos. E a promessa por métodos menos invasivos, como os atuais, e com resultado mais natural, gera ainda mais alvoroço.
“Tudo indica que médicos britânicos estão estudando uma nova técnica com o uso de gordura e células-tronco para aumentar o pênis, glúteos, seios e outras partes do corpo”, comenta o Giuliano Amorim Aita, coordenador de Saúde Sexual do Departamento de Sexualidade e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia, sobre as reportagens da imprensa internacional, como o site do tablóide The Sun, sobre uma clínica britânica que oferece o procedimento cirúrgico.
No site da empresa em questão, a Stem Protect, há a informação de que os médicos coletam a gordura da barriga do paciente e usam uma máquina para isolar e concentrar as células-tronco nela. A partir disso, a combinação seria injetada no pênis, nos seios ou nos glúteos para torná-los maiores.
Cirurgia para aumentar pênis e seios
Muitos especialistas não aconselham cirurgia estética no geral para aumento do membro íntimo masculino. Inclusive, Eduardo Bertero, coordenador geral do Departamento de Andrologia e Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia, comenta que há grande chance de procedimentos desse tipo darem errado.
“Há diversos casos de deformidade, pois, se a operação for feita com material sintético, como o silicone, pode causar infecções sérias e até mesmo necrose”, explica o especialista.
Até mesmo por isso a ideia de um procedimento mais simples e natural, com menos possibilidade de erro, empolgou muitas pessoas.
Aumentar seios e pênis com gordura e células-tronco
O coordenador de Saúde Sexual do Departamento de Sexualidade e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia, Giuliano Amorim Aita, diz que na teoria a ideia não é tão absurda.
“Retirar gordura de um local do corpo com a finalidade de modelagem não é uma técnica nova, a lipoescultura é utilizada desde meados da década de 1980, principalmente para o aumento das mamas e bumbum”, contextualiza o especialista.
Mas ele pondera que na versão original nunca deu bons resultados. “Isso porque o corpo reabsorve a gordura alocada, por falta de vasos sanguíneos. A ideia, agora, é que esse problema seria solucionado com a adição das células-tronco, que teriam capacidade de proteger a gordura de ser absorvida pelo organismo novamente”, comenta.
As células-tronco têm uma capacidade de se diferenciar em vários aspectos das outras, pois são principalmente capazes de se transformar em qualquer célula do corpo por meio da divisão celular, por isso são tão especiais e chamam tanto atenção da ciência.
Ele ressalta, no entanto, que a Sociedade Brasileira de Medicina não assegura procedimentos feitos com células-tronco, por isso, acha distante a possibilidade de um procedimento como esse chegar em breve no país.
“E dificilmente um procedimento com estas células seria feito em um simples consultório atualmente. No Brasil, por exemplo, apenas em ambiente de pesquisa elas podem ser manipuladas”, afirma o médico.
Efeitos colaterais não são claros
Outro ponto importante de se ponderar é sobre a falta de informações dos possíveis efeitos colaterais do procedimento no longo prazo. “São células com poder surpreendente de crescimento, e poderiam tomar proporções indesejadas no corpo”, ressalta Aita.
“Muitos estudos, embora promissores, ainda são preliminares e apontam um caminho até que otimista para cirurgias e tratamentos com células-tronco. Mas há ainda um longo caminho pela frente”, diz o médico.