Uma jovem de 19 anos morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória em um bar de Londrina (Paraná) depois de consumir uma cerveja e um energético no estabelecimento.
De acordo com informações do site de notícias “G1”, um laudo do Instituto Médico-Legal (IML) irá determinar se a mulher ingeriu alguma substância desconhecida.
Em entrevista ao portal, o primo da jovem disse acreditar que a mistura do álcool com a bebida energética pode ter tido relação direta com a morte. Isso porque, anos antes, a moça fora diagnosticada com um problema cardíaco que, em tese, não era grave.
“Anos atrás tinham constatado que ela tinha um pequeno problema de arritmia cardíaca, mas o médico disse que não era uma coisa grave e que dava para viver sem qualquer preocupação”, contou ele. Apesar da suposição, porém, o Instituto Médico-Legal (IML) ainda não divulgou o resultado de exames realizados no corpo da jovem, e a causa da morte segue desconhecida.
Álcool com energético é mistura perigosa
Embora não haja confirmação de que a morte de Isabella tenha sido causada por efeitos das bebidas consumidas (já que é preciso avaliar a possibilidade de ela ter ingerido outras substâncias ou ter doenças que justificam o infarto), a combinação descrita pelos familiares, de álcool com energético, não é considerada segura por especialistas.
Consumir bebidas como vodca e whisky misturadas a energéticos é algo bastante comum (especialmente entre os jovens), mas, conforme explica o cardiologista Jamil Cade, da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), além de a bebida estimulante já ser perigosa sozinha, seu efeito pode ser ainda pior junto do álcool.
Enquanto o álcool exerce um efeito depressor no cérebro (fazendo com que a pessoa fique mais relaxada e tenha reflexos mais lentos), os energéticos têm ação estimulante. Ao misturar os dois, a sensação de euforia causada pela segunda bebida disfarça a “moleza” gerada pela primeira – e isso, segundo o médico, faz com que a pessoa consuma mais álcool do que faria normalmente.
Tanto segundo o médico quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há uma quantidade considerada segura para o consumo de álcool, e beber de forma exagerada por não “perceber” os efeitos da bebida no corpo potencializa ainda mais os efeitos negativos dele. Isso, por sua vez, pode fazer a pessoa ficar inconsciente, suscetível a acidentes e até levá-la à morte por intoxicação.
O outro problema, segundo Cade, está no próprio energético.
“O energético tem cafeína em altas doses. A cafeína é um estimulante direto do sistema circulatório, então ele aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial, tem uma incidência maior de arritmias”, afirma ele, ressaltando que pacientes com predisposição a problemas cardíacos correm ainda mais risco.
Assim como ocorre com o álcool, o energético não tem, de acordo com o médico, um limite de consumo considerado seguro, e a ingestão exagerada destas duas substâncias juntas pode levar a problemas como arritmia, isquemia miocárdica, infarto e à dissecção espontânea de artérias (ou seja, rompimento desses vasos sanguíneos).
Ainda segundo o médico, cada organismo tem uma tolerância tanto ao álcool quanto ao energético (e aos dois juntos), e é por isso que alguns correm mais risco.
Quanto ao tipo de bebida que é misturada ao energético (ou ingerida de forma intercalada), ele afirma que não há diferença: tanto a cerveja quanto a vodca e outras bebidas têm o mesmo potencial nocivo à saúde.
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Álcool e a saúde
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