Ainda que rara, a infecção por uma ameba apelidada de “comedora de cérebros” é algo real – e, recentemente, um novo caso suspeito foi registrado nos Estados Unidos. De acordo com informações disponibilizadas pelo departamento de saúde local à mídia norte-americana, uma criança morreu na última quarta-feira (17) e testes estão em andamento para confirmar a chamada meningoencefalite amebiana primária – doença com altas taxas de letalidade que pode ser prevenida com cuidado simples.
Morte por “ameba comedora de cérebros” é registrada nos EUA: o que é?
De acordo com informações da rede televisiva norte-americana NBC, o departamento de saúde do município de Douglas, em Nebraska, anunciou recentemente a morte de uma criança por suspeita de infecção por uma ameba encontrada especialmente em rios e lagos. Segundo o órgão, a criança teria contraído a chamada Naegleria fowleri, única espécie da ” ameba comedora de cérebros” três dias antes da morte ao nadar no rio Elkhorn.
Conforme informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), um dos principais órgãos de saúde do país, de 1962 a 2021, apenas 154 casos da infecção por Naegleria fowleri foram registrados – e, apesar de a meningoencefalite causada por ela ser extremamente rara, as taxas de fatalidade assustam. De todos estes casos, apenas quatro pacientes sobreviveram à doença agressiva causada pela ameba.
Segundo órgão, a doença, também conhecida pela sigla PAM, ocorre quando a ameba presente em rios e lagos (especialmente em temperaturas mais quentes) entra no organismo, mas não de qualquer forma. Ao beber água contaminada pela ameba, por exemplo, a PAM não ocorre, mas caso um pouco de água entre pelo nariz após um pulo ou mergulho, a ameba tem acesso livre ao sistema nervoso central pelas vias respiratórias.
Quando entra no organismo desta forma, a Naegleria fowleri causa a PAM, que leva à destruição do tecido cerebral, e é daí que vem o apelido “ameba comedora de cérebros”. Ao “consumir” a matéria, a bactéria causa inchaço no cérebro, o que tende a levar à morte.
De acordo com o CDC, em casos mais raros, a PAM pode ocorrer após mergulho em piscinas higienizadas incorretamente, ou após a
lavagem das narinas com água da torneira.
Sintomas
Conforme explica o CDC, os sintomas da “ameba comedora de cérebros” são parecidos com os da meningite bacteriana e tendem a começar de um a 12 dias após a infecção pela ameba. Em estágios iniciais da doença, o paciente apresenta:
- Dores de cabeça;
- Febre;
- Náuseas e/ou vômitos.
No decorrer da PAM, conforme o comprometimento do sistema nervoso aumenta, o paciente tende a desenvolver:
- Rigidez no pescoço;
- Confusão mental;
- Falta de atenção;
- Perda de equilíbrio;
- Convulsões;
- Alucinações.
Após o início dos sintomas, a doença progride rapidamente e costuma levar a óbito em um período de uma a duas semanas.
Tratamento e prevenção
Embora alguns remédios demonstrem eficácia contra a Naegleria fowleri em laboratório, apenas um tem efeito promissor em humanos, mas é pouco utilizado. Isso porque, em geral, os casos de meningoencefalite amebiana primária demoram a ser diagnosticados e, com isso, o tratamento tende a ser administrado quando os danos ao sistema nervoso já são graves e irreversíveis.
Segundo o CDC, porém, uma atitude simples pode prevenir os tão raros casos. O foco, de acordo com o órgão, deve estar em “limitar a quantidade de água que entra no nariz”, evitando mergulhos em lagos, rios e piscinas malcuidadas.