lúpus e gravidez

Convivendo com lúpus, Selena Gomez diz que doença a impede de gerar um filho: entenda a relação

Afinal, qual é a relação entre lúpus e gravidez? A cantora, que foi diagnosticada há 11 anos e fez um transplante de rim devido ao quadro, afirmou que não poderá engravidar – e, a Tá Saudável, reumatologista explica

Diagnosticada com lúpus em 2015, aos 21 anos, Selena Gomez afirmou recentemente que, devido à severidade da doença, não pode gerar um filho. Segundo a cantora, em uma gravidez, tanto ela quanto o bebê estariam em risco – e, a Tá Saudável, o reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures explica o que pode acontecer nesses casos.

Selena Gomez e o lúpus: cantora diz que não poderá engravidar

(Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Em entrevista à “Vanity Fair”, Selena Gomez, que tem lúpus, afirmou que nunca poderá ter filhos biológicos. Segundo a cantora, que atualmente tem 32 anos, isso se deve ao lúpus, doença cujo diagnóstico teve em 2015, aos 21 anos.

A doença autoimune que já obrigou a cantora a fazer um transplante de rim dois anos após o diagnóstico – e, de acordo com ela, colocaria a vida dela e do bebê em risco durante uma gestação.

“Nunca disse isso antes, mas infelizmente não posso gerar meus próprios filhos. Tenho muitos problemas de saúde que colocariam minha vida em risco e a vida do bebê em perigo. Tive de viver o luto por isso durante algum tempo”, disse ela ao veículo.

Lúpus e gravidez: doença deixa infértil? Gestação é de risco?

Selena com a amiga que lhe doou um rim em 2017 (Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Conforme explica o médico reumatologista Marco Antônio da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o lúpus é uma doença autoimune inflamatória e crônica. Isso significa que, nos quadros de lúpus, o próprio sistema imunológico do paciente ataca o corpo, gerando inflamação – e que o quadro não tem cura. As complicações mais graves da doença envolvem lesões nos rinso, como ocorreu com Selena.

Segundo ele, o lúpus não impacta a fertilidade e não impede uma mulher de ser mãe. Tudo, no entanto, depende de muito planejamento, da gravidade da doença, do período em que a condição está e dos medicamentos que a paciente utiliza.

O lúpus, de acordo com o médico, é uma doença que pode ter períodos de remissão. Isso acontece quando, sob tratamento, o paciente deixa de ter sintomas por um período que vai de meses a anos. Nesses períodos, é seguro uma mulher que tem lúpus engravidar.

“Se a pessoa tem lúpus e quer planejar uma gravidez, essa gravidez tem de ser compartilhada com um reumatologista além do obstetra. Ela deve ficar grávida no período de baixa atividade ou nenhuma atividade da doença”, diz ele, frisando que, além dos sintomas da doença, exames podem indicar se ela está ou não em atividade.

Fora desses períodos, de acordo com o médico, a gravidez é “bem-vinda e estimulada” – mas a viabilidade dela ainda depende de fatores avaliados de forma particular.

Remédios de lúpus e gravidez

lúpus e gravidez
(Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Conforme explica o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a maior parte dos remédios para lúpus atualmente é segura em uma gravidez. Alguns deles, porém, não são seguros nem na gravidez, nem durante a preparação para gerar uma criança. É o caso de medicações imunossupressoras, por exemplo.

Nesses casos, portanto, é preciso avaliar se é viável suspender ou substituir a medicação. Caso essa possibilidade não exista, pode ser contraindicado engravidar por riscos ao feto.

Lúpus e o pós-parto

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(Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Segundo o médico, algumas mulheres que têm lúpus podem ter reativação da doença no pós-parto. Em cenários assim, pode haver também dificuldade para amamentar. Ainda assim, conforme frisa o reumatologista, é possível tratar a nova “crise” – e a paciente precisa de acompanhamento para além do pediatra e do obstetra.

Mulheres que têm a reativação do lúpus após o parto devem manter o acompanhamento com um reumatologista, especialidade médica que cuida da doença.

Lúpus ativo na gestação: riscos

(Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Quando uma mulher apresenta altos níveis de atividade do lúpus e engravida, o maior risco é para o bebê. Isso porque certos anticorpos que parte dos pacientes de lúpus apresenta pode prejudicar o feto. “Eles podem atravessar a barreira placentária e ir para o feto, podendo provocar uma série de lesões”, afirma.

O reumatologista explica que o quadro mais grave acontece quando, por esse motivo, o bebê tem um bloqueio atrioventricular, distúrbio que afeta o coração. Quando a paciente apresenta esses anticorpos, a gestação requer atenção especial – especialmente no momento em que o bebê nasce.

Esse quadro pode gerar outros problemas para o bebê, como lesões de pele e outras inflamações. Elas, porém, não são tão preocupantes e tendem a regredir logo após o nascimento ou alguns meses depois.

Lúpus passa para o bebê na gravidez?

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(Crédito: Reprodução/Instagram @selenagomez)

Segundo o médico, não. Apesar de certos anticorpos relacionados à doença poderem, em determinados casos, gerar problemas ao feto, isso não significa que o bebê nascerá com lúpus. “A maioria dos filhos que nasce de mães lúpicas não desenvolve a doença”, declara o médico.

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