Se herpes zóster parece um nome estranho, seu nome popular, cobreiro, você provavelmente já ouviu falar. Trata-se de uma doença que é na maioria das vezes cutânea e, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças – um órgão do departamento de saúde norte-americano – atinge uma em cada três pessoas durante a vida.
Apesar de na maioria das vezes não causar grandes problemas, complicações graves e fatais podem acontecer, mas é fácil preveni-las: já existe até vacina contra essa doença comum, mas que ainda é muito pouco conhecida.
O que é herpes zóster
Herpes zóster é uma doença infecciosa que ocorre quando o vírus varicela-zoster, causador da catapora, é reativado no organismo. A doença só se manifesta, portanto, em pessoas que mantiveram o vírus no organismo depois de ter catapora (doença também conhecida como varicela).
Sua principal característica é a presença de bolhas cheias de líquido, denominadas vesículas, na pele. Podem ser acometidas diversas partes do corpo, como tronco, face, pernas, virilha e axilas. Sua manifestação sempre é unilateral, atingindo apenas uma faixa de um dos lados do corpo.
Causas da doença
O herpes zóster aparece quando o vírus armazenado nos gânglios nervosos volta a se manifestar por causa de alguma baixa da imunidade.
Essa reativação já não causa mais o quadro de varicela, mas sim de herpes zóster.
Fatores de risco
A grande desencadeadora da doença é a imunidade baixa, que pode ser motivada por diversos fatores imunossupressores como:
- Diabetes
- AIDS
- Estresse
- Câncer
- Uso de medicamentos que reduzem a imunidade, como quimioterápicos e outros voltados aos pacientes transplantados
Além disso, com o avançar da idade, também se torna mais frequente a incidência da doença, visto que a imunidade vai ficando mais comprometida. De acordo com a dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Rossana Vasconcelos, a partir dos 50 anos o risco de desenvolvimento passa a ser de 20%. Depois dos 85 ele cresce para 50%.
Sintomas de herpes zóster
Os sintomas iniciais de cobreiro são:
- Dor, que pode ser bastante intensa
- Sensação de formigamento
- Coceira
- Vermelhidão da pele
Do terceiro ao quinto dia surgem as vesícula, que geralmente são doloridas. “Essas lesões podem evoluir com crosta e causar necrose. Quando cicatrizam, às vezes deixam a parte da pele que tinha bolhas com hipercromia, que é uma coloração mais escura”, explica Rossana Vasconcelos. A evolução normal da doença acontece em média entre sete a dez dias.
Diagnóstico
O quadro é identificado por meio de um exame clínico, que avalia os sintomas e as lesões. O especialista que pode realizar o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado é o dermatologista.
Complicações do herpes zóster
Neuralgia pós-herpética
Essa, que é a complicação mais comum do herpes zóster, ocorre devido ao acometimento neural causado pelo vírus.
Segundo Rossana, de 10 a 15% dos pacientes apresentam o problema, que é caracterizado pela persistência da dor mesmo após as lesões na pele sumirem. Esse quadro pode durar meses, gerando redução de peso e depressão como consequências.
Herpes zóster auricular
A presença de vesículas na região do ouvido deve ser investigada pois há uma síndrome, chamada Ramsay-hunt, que agrega esse sintoma junto à paralisia de uma parte da face. Assim, apenas um médico saberá diagnosticar o quadro corretamente.
Nestes casos, o mais indicado é recorrer a um otorrinolaringologista.
Encefalite e mielite transversa
Pacientes com deficiência imunológica maior podem apresentar encefalite, que é a inflamação do cérebro, ou mielite transversa, caracterizada pela inflamação dos componentes branco e cinzento da medula.
Se não tratadas corretamente por um neurologista, ambas as doenças podem ser fatais.
Herpes zóster ocular
Se acometer regiões próximas aos olhos, como testa, bochecha e nariz, o herpes pode evoluir para quadros graves de inflamação na córnea e uveíte, que é a inflamação da parte dos olhos composta pela íris.
Em quadros mais graves, pode haver cegueira em decorrência desta complicação. Portanto, no caso de herpes ocular, o mais indicado é recorrer a um oftalmologista com urgência.
Transmissão da doença
Quem não teve catapora pega herpes zóster?
A doença só acontece em pessoas que já tiveram catapora. Contudo, o vírus da herpes zóster pode ser contraído por meio do contato com lesões de pele de uma pessoa infectada. Nestes casos ela não terá a zóster no primeiro momento, mas sim a catapora. Depois disso, o paciente pode ter herpes no futuro.
Herpes zóster pega em quem já teve catapora?
A doença pode ocorrer com todas as pessoas que já tiveram catapora. Todavia, o aparecimento do herpes zóster nestes casos não ocorre devido ao contato com pacientes infectados, e sim à reativação do vírus já existente no organismo.
Assim, quem já apresentou varicela pode ter contato com doentes infectados pela herpes zóster.
Herpes zóster pode matar?
A doença em si não é fatal, mas suas complicações incluem risco de morte. Entre as principais, está a neuralgia pós-herpética, que é especialmente perigosa para idosos, pois causa perda de peso e depressão.
Herpes zóster tem cura?
Geralmente, a lesão cutânea regride mesmo sem tratamento de sete a dez dias. Todavia, não tratar o quadro clínico aumenta a chance de complicações. Além disso, os cuidados médicos podem acelerar a cura.
Tratamento de herpes zóster
Apenas um médico saberá diagnosticar e tratar o herpes zóster corretamente.
Indivíduos com quadros graves de imunidade baixa podem necessitar usar antivirais aplicados diretamente nos vasos. No entanto, na maioria das vezes o tratamento costuma ser oral. Também pode haver associação de medicamentos tópicos.
Os remédios mais comuns para tratar o quadro são:
Aciclovir
Esse é um dos tratamentos mais comuns para herpes zóster. É um medicamento antiviral que pode ser usado como pomada ou comprimido.
Fanciclovir
Com uso oral, esse medicamento afeta diretamente as células contagiadas pelo vírus do herpes, inibindo a multiplicação do vírus.
Valaciclovir
Os comprimidos de valaciclovir são usados para prevenir e tratar alguns vírus do herpes, incluindo o zóster. Ele bloqueia a enzima que possibilita a reprodução do vírus.
Corticoides
Alguns profissionais também receitam alguns tipos de corticoides, que são anti-inflamatórios derivados de hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais, para aliviar os sintomas.
Tratamento das complicações
As complicações da doença podem ser cuidadas por meio de analgésicos, anti-inflamatórios, anticonvulsivos e antidepressivos, a depender do caso apresentado por cada paciente.
Tratamento caseiro
A dermatologista Rossana Vasconcelos explica que nada substitui a avaliação e tratamento médico, visto que a doença pode progredir para quadros graves se não for tratada clinicamente.
Herpes zóster pode voltar?
“A taxa de recidiva de herpes zóster é muito baixa, mas a reincidência pode acontecer em casos raros”, explica a dermatologista Rossana Vasconcelos.
Vacina contra herpes zóster: única forma de prevenção
Indicação
Não há como evitar a doença a não ser tomando sua vacina. Ela é indicada principalmente para pessoas acima de 50 anos que nunca manifestaram herpes zóster, mas tiveram catapora. Apesar disso, sua eficácia é maior em indivíduos com idade entre 50 e 70 anos.
Quem já teve esse tipo de lesão cutânea também pode tomar a vacina, a fim de evitar recidivas.
No SUS
A imunização não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede particular é possível encontrar a vacina de dose única, cujo valor é de aproximadamente R$ 500 reais*.
“A vacina não exclui completamente a possibilidade de ter a doença, mas faz com que ela apareça de uma forma branda e sem risco grande para complicações”, ressalta Rossana.
Contraindicação
O composto não deve ser aplicado em gestantes e pacientes com imunidade baixa, já que é feito de vírus vivo e atenuado, o que pode provocar a doença em pessoas sensibilizadas por essas condições.
*Valor checado em março de 2017.Herpes: tudo sobre ela
- Tudo sobre herpes labial: causas, como pegar e formas de tratamento
- Doença matou garoto 1 semana: entenda a meningoencefalite por herpes
- Duas em cada três pessoas têm herpes e muitas não sabem; veja os sinais