Estão dizendo que essas fotos revelam se você tem astigmatismo: é real mesmo?

por | maio 9, 2019 | Saúde

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Recentemente, um par de imagens publicada por um internauta no Twitter viralizou na rede social por supostamente ajudar no diagnóstico de pessoas com astigmatismo.

As imagens compartilhadas no Twitter trazem semelhanças e diferenças entre si e é nelas que o argumento do internauta se baseia para a comparação entre a visão de uma pessoa com e sem astigmatismo.

Ambas as imagens mostram o trânsito noturno com carros de lanternas acesas e semáforos iluminados.

O que difere entre as duas fotos é que, enquanto a primeira imagem mostra todas as luzes borradas como se fossem feixes de luzes, na segunda as luzes aparecem em forma de ponto, sem estarem borradas.

Essa diferenciação entre a forma como as luzes são vistas seria, segundo o internauta que publicou as imagens, o jeito de saber como é a visão de uma pessoa com astigmatismo e uma pessoa sem.

Assim, muitas pessoas disseram ter percebido que têm o problema de visão ao se depararem com o post, já que identificaram que costumam enxergar o trânsito noturno com as luzes borradas.

Mas será que esse diagnóstico faz mesmo sentido? O VIX conversou com Eduardo de Lucca, oftalmologista do Instituto de Moléstias Oculares, para entender melhor o que as imagens podem dizer sobre esse problema ocular.

Astigmatismo: o que é?

Primeiro, é preciso saber o que é o astigmatismo. Ele consiste em uma imperfeição na curvatura do olho, bem comum e tratável.

Segundo de Lucca, o astigmatismo é causado por uma córnea ou uma lente que não é simétrica. “A córnea ideal tem uma superfície simetricamente curva, como uma bola de basquete”, explica o médico.

Pessoas mais propensas a terem astigmatismo

O astigmatismo pode estar ligado a fatores genéticos e, na maioria dos casos, está associado com outros problemas de refração, como miopia ou hipermetropia. É comum, ainda, o grau do astigmatismo aumentar ao longo do tempo devido à idade.

Durante o primeiro ano de vida, de Lucca comenta que as crianças possuem incidência de 15 a 30% de astigmatismo maior, mas que a prevalência do astigmatismo diminui com o crescimento.

Crianças que não apresentaram astigmatismo durante o primeiro ano de vida dificilmente o desenvolverão mais tarde.

Fatores de risco para o astigmatismo

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Alguns fatores ajudam no desenvolvimento do astigmatismo. Porém, de Lucca logo avisa que forçar a visão não é um deles. “O astigmatismo não é causado ou agravado pela leitura com pouca luz, sentar muito perto da televisão ou estrabismo”, avisa de Lucca.

  • História familiar de astigmatismo;
  • Miopia;
  • Origem étnica nativo-americana, hispânica, brasileira ou do leste da Ásia;
  • Trauma ocular ou cirurgia;
  • Outras doenças oculares, como ceratocone;
  • Prurido ocular (coçar o olho).

Visão de uma pessoa com astigmatismo

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O sintoma mais comum do astigmatismo, de acordo com de Lucca, é a visão borrada ou dupla. “Se a visão está apenas um pouco afetada, é possível que não tenha nada de errado. Um astigmatismo mais significativo pode causar distorções visíveis.”

O médico pede apenas a atenção de pais e mães de bebês para o cuidado da visão dos pequenos e que os levem ao oftalmologista para os testes.

“É importante lembrar que bebês e crianças com problemas de visão podem não perceber o problema. Afinal, elas podem nunca ter visto o mundo em foco. É de suma importância fazer o teste do olhinho logo no nascimento do bebê e levar a criança ao oftalmologista no primeiro ano de vida.”

Imagem que viralizou faz sentido?

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Sobre as imagens que circulam na web nos últimos tempos, de Lucca é categórico: elas não colaboram para o diagnóstico do astigmatismo.

“As imagens são meramente ilustrativas de uma pessoa que tem a visão embaçada, não necessariamente astigmatismo.”

De acordo com o médico, o diagnóstico da patologia só pode ser feito pelo oftalmologista, com auxílio de exames de visão, exames de refração, ceratometria e uma topografia da córnea.

Tratamento para o astigmatismo

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Para a correção da visão de pessoas com astigmatismo, de Lucca explica que há opções como uso de óculos, lentes de contato gelatinosa tórica e lente rígida, anel intraestromal (anel de ferrara para casos de ceratocone).

Há ainda opção de cirurgia refrativa, que reformula a superfície do olho, ou a cirurgia de catarata com implante de lente intraocular tórica.

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