Dor na mandíbula: o que pode ser? Causas vão de estresse e má postura a falta de dentes

por | abr 6, 2022 | Saúde

Após um trauma na região do rosto causado por um golpe ou um acidente, é natural sentir dores na mandíbula, mas e quando a dor surge sem uma causa aparente? Para muitos, esta dor ou tensão na área que vai desde o queixo às orelhas se manifesta na hora de comer, ao falar por muito tempo e em inúmeras outras situações corriqueiras – e há uma série de possíveis razões a se investigar diante deste problema.

Dor na mandíbula: o que pode ser?

Para entender melhor as causas da dor na mandíbula, é preciso, primeiramente, entender esta estrutura. Popularmente chamada de maxilar, a mandíbula é o único osso móvel da cabeça, tem o formato que lembra um “U” e é responsável por movimentos que permitem a fala, a mastigação e outros. Para se mover, porém, ela se liga ao crânio pela chamada articulação temporomandibular (ATM) – e é aqui que a maior parte das dores tem origem.

Dor na mandíbula
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A ATM, por sua vez, é a única articulação do corpo que é interligada, ou seja, tem os dois lados se movimentando sempre ao mesmo tempo. Além de ser um mecanismo complexo, ela também envolve os dentes – e, como tanto eles quanto esta área do corpo estão muito sujeitos a uma série de modificações, problemas e até acidentes, há uma série de possíveis causas para a chamada disfunção da ATM ou disfunção temporomandibular (DTM), causadora das tão frequentes “dores na mandíbula”.

Possíveis causas da dor na mandíbula

Reunimos informações de renomados órgãos e instituições de saúde, como o Ministério da Saúde, o setor de fisioterapia musculoesquelética do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a Mayo Clinic e a Cleveland Clinic, para explicar o que pode estar por trás dessas dores.

Vale lembrar que elas podem estar acompanhadas por sintomas como estalos, zumbidos no ouvido, dores de cabeça, barulho próximo à orelha ao abrir e fechar a boca, desgaste dental excessivo, travamento do maxilar inferior, tonturas e vertigens.

  • Mordida desalinhada: para que toda a estrutura composta pela ATM, a mandíbula e o maxilar superior funcione da forma correta, é preciso que a mordida – forma como os dentes superiores e inferiores se encaixam – esteja devidamente alinhada. Problemas como mordida aberta e prognatismo (queixo projetado para frente causando mordida cruzada), por exemplo, podem gerar uma DTM, causando dor;
Desconforto pode vir da mordida desalinhada
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  • Falta de dentes: como o desalinho da mordida compromete o funcionamento da ATM e das estruturas em que ela está ligada, a falta de dentes está entre as possíveis causas da DTM. Isso porque, conforme um espaço se abre na arcada dentária, é possível que ela se modifique para reacomodar a mordida, desalinhando-a e gerando os sintomas do problema;
  • Aperto ou ranger de dentes (bruxismo) de dia ou à noite: problema comum especialmente em pessoas ansiosas, o bruxismo (ranger de dentes noturno) e o aperto constante dos dentes ao longo do dia em momentos de tensão ou concentração contribuem com o desgaste da ATM a longo prazo. Isso, por sua vez, pode causar um deslocamento do disco que “encaixa” os ossos nesta articulação e minimiza o impacto dos movimentos, gerando, assim, uma DTM;
  • Artrite na ATM: entre seus diversos tipos (infecciosa, traumática, reumatoide e degenerativa), a artrite, problema que causa inflamação nas articulações, tem entre seus sintomas dor e rigidez nas mesmas, constituindo mais uma possível causa para uma disfunção da ATM (e da dor mandibular);
  • Trauma na região do rosto: levar um soco ou uma bolada, cair de forma a bater o rosto no chão ou sofrer um acidente no qual o rosto é submetido a algum tipo de impacto podem atrapalhar o funcionamento normal da ATM e dos maxilares, causando então a dor;
  • Estresse crônico ou ligado a um evento traumático: quando nos estressamos, é comum isso se manifestar fisicamente com uma mordida apertada e tensão muscular em todo o corpo. Em excesso, isso pode desencadear o desgaste da ATM, gerando uma disfunção que causa dor;
  • Má postura: o funcionamento da ATM e da mandíbula de forma geral também são afetados pela postura, que “muda” a forma como os dentes se encaixam, mesmo que temporariamente. Por isso, ter o hábito de ficar em certas posições (como com as costas curvadas e a cabeça projetada para frente, descansando o queixo na mão, segurar o telefone entre a cabeça e o ombro, etc) também pode ser responsável por uma DTM e, consequentemente, dor na mandíbula;
Morder objetos constantemente pode estar relacionado à dor na região
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  • Maus hábitos relacionados à boca (mastigar lápis, roer unhas, etc): assim como o apertar e o ranger de dentes, ter maus hábitos como o de morder objetos constantemente, mascar muito chiclete, roer unhas, entre outros, também contribuem com o desalinho do maxilar e o desgaste da ATM, gerando, a longo prazo, dor;
  • Uso excessivo da mandíbula (para cantar, tocar instrumentos de sopro, etc): frequentemente, uma DTM (e a dor mandibular ligada à ela) está relacionada com o uso excessivo desta estrutura. Isso, por sua vez, é comum entre pessoas que cantam muito ou tocam instrumentos de sopro;
  • Próteses mal adaptadas ou “gastas”: quando não são feitas ou colocadas adequadamente, ou passam por um desgaste físico por falta de manutenção, próteses também podem ocasionar o desalinho da mordida, gerando então uma DTM.

Dor na mandíbula sem relação com a ATM

Males associados aos dentes causar dor na mandíbula
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Por vezes, porém, a dor na mandíbula não está relacionada a uma DTM, e sim isoladamente com o que ocorre dentro da boca. É possível, por exemplo, que males ligados aos dentes, como problemas de canal, gerem este desconforto. Nestes casos, a dor é mais localizada e tende a não vir acompanhada de problemas como rigidez, estalos, entre outros.

Como tratar dor na mandíbula

Em geral, o tratamento para dor na mandíbula depende da causa da DTM. Sendo assim, é possível que o paciente seja orientado a identificar gatilhos de tensão e hábitos impróprios, usar medicamentos para dor, fazer compressas quentes no local, reavaliar uma prótese dental, restaurar a arcada após a perda de um ou mais dentes, entre outros.

Caso o desgaste da ATM já tenha ocorrido ou o problema seja estrutural (como uma mordida aberta ou cruzada), profissionais da ortodontia podem recomendar o uso de aparelhos para melhora do alinhamento bucal, e até procedimentos cirúrgicos em casos mais extremos.

Se o problema não melhora naturalmente, mas não é preocupante, é possível também usar placas que protegem as estruturas ao suavizar o bruxismo, ou até aplicar toxina botulínica em certos músculos do maxilar para paralisar parcialmente o movimento e impedir que a tensão causada por estresse ou outros aumente o desgaste da ATM.

É importante lembrar, porém, que apenas médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem fazer o diagnóstico de condições como as citadas, bem como a indicação de tratamentos e remédios.