A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta a instituições de saúde do Brasil para que notifiquem o governo sobre casos da doença do vape, o quadro misterioso ligado ao uso de cigarros eletrônicos que já fez vítimas nos Estados Unidos e está causando a internação de centenas de pessoas.
Em outra nota mais detalhada, a agência ainda alertou para os sintomas iniciais que os pacientes costumam apresentar antes de serem internados e pediu para que médicos se atentem à detecção de possíveis casos.
Doença do cigarro eletrônico: entenda
O uso de cigarros eletrônicos, assim como vaporizadores e os cigarros de tabaco aquecido, dentre outros dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), está no centro das atenções dos órgãos de saúde.
Os Estados Unidos vivem uma crise de saúde devido ao uso de DEFs pela população, onde já houve mortes confirmadas ligadas ao uso do vape e centenas de internações.
Um adolescente chegou a entrar em coma enquanto tratava de uma doença respiratória que seus médicos relacionaram ao uso do cigarro eletrônico.
De acordo com a Anvisa, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC) emitiu um alerta após diversos relatos de doenças respiratórias graves associadas ao uso do vape.
O CDC confirmou 530 casos de doença pulmonar associados ao uso de cigarros eletrônicos em 38 estados dos EUA e em 1 território, além de sete mortes em 6 estados.
No Brasil
No Brasil, ainda não há registro de casos. Porém, com uma estimativa de 650 mil pessoas fazendo uso de DEFs (0,43% da população fumante), a Anvisa acredita ser pertinente o alerta sobre os atuais riscos dos produtos.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) também se posicionou sobre o assunto. De acordo com a entidade, inúmeras substâncias que podem estar no vapor destes dispositivos estão sendo estudadas, como vários agentes e óleos diluidores, aditivos, pesticidas, opioides, venenos, metais pesados, toxinas.
“O uso de vaporizadores para inalar maconha e outros canabinoides tem sido admitido por muitos pacientes. Para inalação desta substância, é necessário que seja emulsionada em algum tipo de óleo, geralmente acetato de vitamina E, podendo então explicar o achado de muitos macrófagos com inclusões lipoídicas nestes pacientes. Esta vitamina está presente em inúmeros complexos de complementação alimentar, mas não há estudos sobre sua segurança via inalatória. Enquanto esta situação não se esclarece, é prudente que orientamos nossos pacientes, usuários de cigarros eletrônicos, que abstenham de usar estes produtos, especialmente os de origem duvidosa”, escreveu José Miguel Chatkin, presidente da SBPT.
Anvisa pede que hospitais notifiquem casos suspeitos
Além de explicar os sintomas da doença do vape, Anvisa ainda fez um apelo para que o Conselho Federal de Medicina (CFM) oriente os médicos de todo o território nacional a passarem a notificar sobre casos de pacientes que se enquadrem nos sintomas descritos.
“Independentemente de suas áreas de atuação, tais como: rede pública, privada, escolas médicas, hospitais universitários, equipes de emergência, consultórios, clínicas, dentre outras. Orienta-se, caso seja realizado o atendimento de algum paciente com os sintomas de doenças pulmonares com etiologia desconhecida e/ou semelhantes aos descritos no alerta encaminhado pelo CDCx e pela SBPT, que haja a investigação de uma possível correlação com o uso de cigarros eletrônicos, obtendo-se o maior número possível de informações sobre o produto, frequência e forma de uso”, alerta a Anvisa.
Sintomas da doença do vape
Tendo em vista os recentes casos registrados nos EUA, a Anvisa, em comunicado, explicou como são os sintomas típicos de pessoas que procuraram os hospitais pela doença respiratória ligada ao dispositivo.
“Em muitos casos, os pacientes descreveram um início gradual dos sintomas, incluindo dificuldade respiratória, falta de ar e dor no peito, antes da hospitalização. Também houve relato de doença gastrointestinal leve a moderada, incluindo vômitos e diarreia, e outros sintomas como febre ou fadiga.”
Cigarro eletrônico é proibido no Brasil
Vale lembrar que a comercialização de qualquer tipo de dispositivo eletrônico para fumar é proibido no Brasil desde 2009, como manda a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 46 da Anvisa.
Na época, os DEFs foram proibidos por falta de dados científicos sobre os produtos. Atualmente, audiências públicas acontecem para que subsídios sejam recolhidos e novas pesquisas sejam realizadas sobre os impactos dos DEFs.
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