Depressão infantil dá 8 sinais peculiares, mas pode passar despercebida. Como identificar?

por | maio 23, 2017 | Saúde

Engana-se quem acha que transtorno depressivo só atinge adultos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência de  depressão em crianças de 6 a 12 anos passou de 4% para 8% somente nos últimos dez anos. 

Caracterizado principalmente por tristeza constante e intensa, o problema causa prejuízo em diversos aspectos da vida, mas o verdadeiro perigo é que muitas vezes passa despercebido pelos pais ou responsáveis, atrasando o tratamento. 

Depressão infantil ocorre a partir de quantos anos?

A psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga, especialista em educação especial e em gestão escolar, explica que o diagnóstico de depressão infantil pode ocorrer a partir dos quatro anos de idade, mas costuma ser comum especialmente em crianças de seis a 12 anos.

Causas

A depressão infantil é desencadeada principalmente em crianças que sofreram traumas, como abusos físicos ou emocionais, e episódios significativos, por exemplo, a separação dos pais.

Uma das principais causas da depressão é predisposição genética, observada especialmente quando há casos da doença – que desregula os hormônios que regem o bem-estar – na família.

Sintomas de depressão infantil

Uma criança pode apresentar os mesmo sintomas de depressão presentes em adultos, como tristeza constante, falta de esperança e prazer, cansaço, ansiedade, falta de concentração, delírio e memória, alterações no sono e apetite.

Contudo, os sinais podem não ser tão fáceis de identificar devido à multiplicidade de fatores que envolvem a infância e adolescência, como a personalidade em transformação. A dica, portanto, é reparar em situações como:

  • Falta ou excesso de apetite;
  • Agressividade e raiva;
  • Culpa;
  • Medo anormal;
  • Comportamento introspectivo que não era presente antes;
  • Isolamento e falta de contato com pais;
  • Pouca ou nenhuma vontade em querer brincar e sair;
  • Falta de ânimo para ir à escola e/ou realizar atividades que costumava gostar.

Como identificar

Muitas vezes a depressão na adolescência e infância é interpretada de maneira errada por alguns pais, que podem confundir o comportamento com “birra ou drama”. Além disso, a correria e o tempo gasto com emprego pode fazer com que os responsáveis não estejam tão atentos aos pequenos quanto deveriam. “É uma falta de olhar não intencional que deixa lacunas na criança”, ressalta a psicopedagoga.

A especialista ainda orienta que a melhor maneira de investigar a presença traços depressivos nos filhos é manter uma relação próxima, ouvindo o que o jovem tem a dizer e conversando sobre seu dia, rotina e sentimentos.

Consequências

A falta de tratamento pode levar a ideações suicidas e comportamento de risco, ameaçando a vida do jovem. Ademais, o transtorno depressivo prejudica atividades importantes para o desenvolvimento dos mais novos, como estudo e socialização, criando traumas que poderão perdurar até a vida adulta.

Tratamento da depressão infantil

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O primeiro passo é consultar um psiquiatra ou psicólogo que investigará as causas da alteração de comportamento por métodos clínicos.

Muitas vezes, pais têm receio de buscar ajuda de tais profissionais e recorrem ao pediatra. A visita vale como primeira ajuda, mas para um cuidado mais adequado, o ideal é buscar por psicólogos e psiquiatras infantis. 

A especialista explica que, caso a depressão infantil seja confirmada, o tratamento até os nove anos é com psicoterapia. As sessões ajudam a criança a expor e aprender a lidar com seus sentimentos.

Caso haja necessidade, é possível administrar medicamentos antidepressivos após essa idade, mas os compostos devem ser indicados sob responsabilidade de um psiquiatra experiente na medicina infantil e não anulam a necessidade de terapia. 

Prevenção

O diálogo é a principal arma contra a depressão infantil já que permite que todo o crescimento do filho seja acompanhado, abrindo brechas para que possíveis sintomas de depressão infantil sejam precocemente reconhecido. “Quando for notado algum movimento que não é comum da criança, os responsáveis devem intervir e mostrar interesse pelo assunto para entender o que está acontecendo”, recomenda a psicopedagoga Ana Regina.

Passear ou fazer brincadeiras de jogos é válido porque integra o circuito familiar e ainda tira o foco de sentimentos negativos.

Além de um ambiente familiar acolhedor, o papel da escola também é de suma importância pois é nela a criança passa grande parte de seu tempo. Em caso de comportamentos anormais, os responsáveis devem ser avisados pela diretoria. Caso não o faça, cabe aos pais cobrarem.

Além disso, o colégio deve valorizar as qualidades e potencialidades do aluno, de modo a motivá-lo e abrir um caminho de diálogo e aconselhamento.

Educação e saúde mental infantil