A encefalopatia traumática crônica, doença de Maguila, costuma afetar lutadores, jogadores de futebol americano e soldados
O pugilista Maguila morreu aos 66 anos, mas há 18 convivia com uma doença neurológica crônica. Se trata da encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística – e o quadro se deu justamente devido à atuação dele como lutador de boxe. Entenda abaixo detalhes desse quadro.
Doença de Maguila: lutador tinha demência pugilística
A demência é um quadro neurodegenerativo caracterizado por mudanças em certas áreas do cérebro. Essas mudanças fazem com que os neurônios não funcionem mais como deveriam, e especialistas ainda não conhecem totalmente o que causa isso. A demência pugilística, no entanto, tem uma explicação clara que pode ser observada no caso do lutador Maguila.
Apesar de ser mais conhecida como demência pugilística ou demência do pugilista, o nome correto dessa condição é encefalopatia traumática crônica. Segundo informações da Mayo Clinic, ao contrário de outros tipos de doenças neurodegenerativas, ela acontece após o cérebro sofrer traumas repetidamente.
Maguila lutou profissionalmente entre 1993 e 2000, mas já praticava boxe desde 1979. O lutador, que morreu aos 66 anos, carrega um histórico de 85 lutas e 77 vitórias, mas a dedicação ao esporte não trouxe apenas conquistas. Aposentado dos ringues desde 2000, ele foi diagnosticado com demência pugilística em 2013.
Demência pugilística: o que é a doença de Maguila
A encefalopatia traumática crônica ocorre quando há morte de células nervosas no cérebro em decorrência de uma sequência de traumas. Apenas um trauma cerebral não é capaz de causar a demência pugilística, mas não é possível estimar quantas lesões possibilitam a demência, nem as circunstâncias em que elas devem ocorrer para que o quadro aconteça.
Os sintomas da doença, inclusive, não aparecem logo após um determinado trauma. O quadro pode se manifestar anos após a sequência de lesões sofridas pelo paciente – como aconteceu com Maguila.
Esse transtorno é raro e afeta com mais frequência praticantes de esportes que envolvem combate corpo a corpo (como jogadores de futebol americano e pugilistas), além de pessoas expostas repetidamente a bombas (como aquelas que atuaram em um cenário de guerra).
Sintomas de demência pugilística
Segundo a Mayo Clinic, há indícios de que existam duas formas de encefalopatia traumática crônica. A primeira gera sintomas entre os 20 e 30 anos de idade, e o quadro é marcado por questões de saúde mental (como depressão e ansiedade) e comportamentais (como agressividade).
Já a segunda costuma manifestar sintomas mais tarde, em torno dos 60 anos, e envolve o quadro mais “clássico” de demência. Ele inclui sintomas como perda de memória e problemas de cognição.
Em geral, porém, os sintomas de demência pugilística podem incluir:
- Dificuldade de raciocinar;
- Perda de memória;
- Dificuldades em planejar, organizar e executar tarefas;
- Comportamento impulsivo e/ou agressivo;
- Depressão ou apatia;
- Instabilidade emocional;
- Tendência a abuso de substâncias;
- Pensamento ou comportamento suicida;
- Falta de equilíbrio e dificuldade para andar;
- Tremores;
- Dificuldade para falar, engolir e respirar.