Cientistas estudam remédio que pode substituir a morfina: afinal, quão perigosa ela é?

A morfina é um dos analgésicos mais conhecidos do mundo e é muito utilizado para combater dores muito fortes e crônicas. Por outro lado, seus efeitos colaterais, incluindo o risco de vício, assustam muitos pacientes.

Por isso, o anúncio feito por cientistas de uma droga sintética que neutraliza a dor de forma tão eficaz quanto a morfina, mas sem os efeitos colaterais, tem sido comemorado.

Morfina: para que serve?

A morfina é um analgésico muito potente e forte. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ela não é usada apenas para aliviar dores causadas por doenças graves, como o câncer. De acordo com Augusto Rafael Barsella, vice-diretor clínico e coordenador da equipe de anestesia do Ifor, do Hospital da Rede D’Or São Luiz, ela é prescrita para dores muito intensas, como a de pós-operatório ou até mesmo quando uma pessoa quebra um osso.

Além disso, ela também é utilizada quando o paciente não sente efeito com analgésicos mais leves. O que varia é a dosagem prescrita e o tempo de uso do medicamento. Apesar de ser forte, existem outros analgésicos até mais potentes.

Efeitos colaterais

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Os principais efeitos colaterais provocados por este medicamento são sonolência, náusea , vômito e intestino preso. Com exceção do último efeito, eles tendem a diminuir à medida que o remédio vai sendo usado.

Além disso, a morfina também pode provocar depressão respiratória, mas, segundo o especialista, esse sintoma é mais comum quando a dosagem está em excesso. Quando ocorre esta depressão, o paciente tem dificuldade para respirar e sofre queda em sua frequência respiratória.

Este efeito colateral é grave, traz riscos à saúde e pode até matar. Por isso, a morfina é um medicamento que não pode ser prescrito para qualquer pessoa e precisa ser tomado com acompanhamento médico. “É uma droga muito segura e eficaz para parar a dor, mas tem que ter muito critério na utilização da medicação”, ressalta o médico.

É perigoso?

Barsella explica que não só a morfina, mas todos os opioides podem ser perigosos quando tomados de maneira inadequada e sem prescrição médica, mas que eles não devem ser vistos com medo pelas pessoas porque são medicamentos muito eficientes para o tratamento da dor.

“Ficar com dor é muito mais perigoso do que tomar morfina, porque a dor aumenta a frequência cardíaca e pressão arterial da pessoa e, com isso, aumentam os riscos de ela enfartar ou ter um problema respiratório”, explica Barsella.

Vicia?

O médico defende que o risco de vício só existe quando a morfina é tomada indiscriminadamente, mas, quando prescrita de acordo com as necessidades de cada paciente, é uma droga bastante segura.

“Às vezes, as pessoas confundem tolerância com vício. A tolerância vai existir, vai chegar um momento em que eu vou precisar aumentar a dose ou fazer rotação de opioide (trocar o analgésico), mas isso não quer dizer que existe vício”, explica.

Possível substituto

Apelidada de PZM21, a nova droga foi descoberta a partir de experimentos com ratos. Quando usada nos animais, ela ativou um caminho molecular conhecido no cérebro que elimina a dor.

A diferença dela para a morfina e outros opioides é que o composto recém-descoberto não ativou um outro caminho, que é capaz de desacelerar e até mesmo bloquear a respiração. O comprometimento da respiração é um dos efeitos colaterais mais temidos da morfina.

De acordo com os pesquisadores, o novo composto oferece “analgesia de longa duração acoplada à eliminação aparente da depressão respiratória”.

Além disso, ao contrário da morfina, a PZM21 não causou dependências nos ratos. Os cientistas também defendem outra vantagem desta droga: ela não causa constipação (prisão de ventre). O estudo foi  publicado pela revista científica Nature

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