Usando as redes sociais, a esposa do cantor sertanejo Lucas Guedes anunciou recentemente a morte do marido. Aos 32 anos, Guedes foi internado repentinamente com fortes dores e, no hospital, teve, além do início de um acidente vascular cerebral (AVC), dois infartos – algo que, apesar de soar incomum para alguém com menos de 40 anos, está cada vez mais frequente entre jovens segundo especialistas.
Cantor de 32 anos morre após dois infartos
Em seu perfil pessoal no Facebook, a designer de sobrancelhas Karina Santana, esposa do cantor sertanejo Lucas Guedes, anunciou nos últimos dias a morte do marido. Segundo ela, em apenas um dia, ele sofreu o início de um AVC e dois infartos após ser internado com muita dor. Após o segundo ataque cardíaco, o cantor, que estava no início da carreira e tinha 32 anos, não resistiu.
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Infarto em jovens: por que acontece?
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o infarto, também conhecido como ataque cardíaco, é a morte das células de uma região do coração após um bloqueio do fluxo sanguíneo de forma súbita. Em geral, isso é causado por uma condição chamada aterosclerose, que ocorre a partir de placas de gordura nas artérias que se acumulam até causar uma obstrução. Além disso, ele pode ocorrer também por uma contração da artéria, mas casos assim são raros.
Este quadro, em geral, é algo muito observado em idosos, especialmente naqueles que têm alguma predisposição como colesterol alto ou obesidade. Há, no entanto, casos nos quais o infarto acontece em pessoas jovens, como ocorreu com o cantor Lucas Guedes – e, segundo a cardiologista Salete Nacif, do Hcor, situações assim, nas quais indivíduos com menos de 40 anos têm ataques cardíacos, estão cada vez mais frequentes.
Conforme explica a médica, estudos da Escola Americana de Cardiologia (órgão dos Estados Unidos) apontaram recentemente um aumento de 2% no número de casos de infarto em pessoas com menos de 40 anos na última década. Há, de acordo com ela, uma série de possíveis motivos para isso – incluindo até a pandemia de Covid-19 e as consequências dela não só para a saúde física, mas para o bem-estar mental e psicológico.
“Entre os motivos, está o aumento do estresse, da depressão e de transtornos de ansiedade, sobretudo agora na pandemia, em que os indivíduos também ficaram mais sedentários, aumentando a obesidade, o tabagismo, o uso de drogas”, cita a cardiologista, afirmando também que, ainda com relação à pandemia, a própria Covid-19 pode ter influência no coração.
“Com a Covid-19, muitos pacientes jovens que provavelmente já possuíam alguma placa de gordura nas artérias do coração tiveram uma piora desta obstrução devido à inflamação causada pelo coronavírus. Isso, muitas vezes, culmina em um ataque cardíaco”, pontua a médica do Hcor.
Além da pandemia, a especialista afirma também que o aumento na quantidade de infartos em pessoas não-idosas pode ainda ter relação com o uso crescente de hormônios. Muito utilizados para fins estéticos (ganho de músculos e emagrecimento), implantes como o conhecido “chip da beleza” e a reposição de testosterona sem indicação podem, segundo Salete, ter consequências ruins para o coração.
Infarto em jovens é mais perigoso?
Segundo a cardiologista, o infarto tende, sim, a ser mais perigoso em jovens. Isso porque, de forma surpreendente, o sistema cardiovascular de idosos é um sistema que, ao longo dos anos, passou por certas “transformações”. Isso, por sua vez, os torna mais “preparados” para um evento como o ataque cardíaco.
“O infarto acontece quando há perda do suprimento de sangue para o músculo cardíaco. Quando isso acontece, o coração não recebe oxigênio e sangue suficientes. Porém, em idosos, geralmente há uma rede de vasos colaterais que vai se formando ao longo do tempo e pode, em partes, surprir a falta de oxigenação”, afirma ela.
Além disso, a especialista afirma ainda que, ao ter um infarto, as chances de se ter outro ao longo da vida aumentam. Como jovens têm uma expectativa de vida maior que a de idosos, as chances deste segundo ataque cardíaco acontecer são grandes – especialmente se o problema tiver relação com um estilo de vida que permanece inalterado ao longo da vida.