Afinal, como se trata um tumor cerebral? O que é um glioblastoma e qual seu prognóstico? Veja abaixo respostas para essas e outras perguntas sobre a doença
O câncer no cérebro é um tipo relativamente raro da doença. Estima-se que, no mundo, a incidência de tumores no sistema nervoso central fica em torno de 1.8% – e no Brasil, há 11 mil novos casos dessa doença por ano. Mas, afinal, quais os sintomas de tumor cerebral? É possível curar o câncer no cérebro?
Saiba tudo sobre a doença abaixo, incluindo prognóstico, tipos de tratamento, fatores de risco e terapias inovadoras para câncer no cérebro.
Câncer no cérebro (glioblastoma): o que é?
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O glioblastoma é um tipo de câncer cerebral. Ele é, portanto, um tumor maligno, e tem esse nome por se originar nas células gliais, responsáveis pela integridade dos neurônios e por parte do funcionamento do cérebro. Esse tumor é bastante agressivo, tende a se infiltrar amplamente pelo tecido cerebral e não tem cura.
Essa doença é mais comum em adultos entre 45. 70 anos de idade. Em geral, o diagnóstico é feito por volta dos 64 anos de idade.
Glioma e glioblastoma: diferenças
Glioblastomas são um tipo de glioma. Os gliomas formam o grupo de tumores que se originam nas células gliais, e eles podem ser benignos (gliomas de grau I, II e II) ou malignos (glioblastoma grau IV).
No grau I, o glioma é um tumor benigno de crescimento lento. Já no grau II, ele segue crescendo lentamente, mas tem mais chances de se tornar um tumor maligno, com capacidade infiltrativa. No grau III, o tumor já é considerado maligno e agressivo.
Já o glioblasoma, tumor cerebral de grau IV, é o tipo mais agressivo deles. Ele apresenta crescimento rápido e invasão difusa do cérebro – ou seja: células dele se espalham pelo órgão de forma a ser muito difícil retirar o câncer inteiro em uma cirurgia.
Outras particularidades do glioblastoma com relação a outros tumores de cérebro são a alta capacidade de vascularização (forma como o tumor se “alimenta”), áreas de morte celular dentro do tumor (necrose tumoral) e alta resistência ao tratamento. O último ponto significa que, mesmo após cirurgias e terapias, o câncer tende a retornar.
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Glioblastoma primário e secundário
O glioblastoma primário é o tumor cerebral maligno que, ao surgir no cérebro, já apresenta o grau IV. Esta é a forma mais comum e agressiva desse câncer.
Já o glioblastoma secundário é um glioblastoma que evoluiu a partir de um glioma de menor grau (II ou III). Isso é mais comum em pacientes mais jovens, e representa um quadro com prognóstico ligeiramente mais favorável.
Quanto tempo uma pessoa vive com glioblastoma?
A taxa de sobrevivência do glioblastoma é difícil de prever. Além de estimativas médicas relacionadas ao comportamento da doença, o prognóstico de glioblastoma também depende do estado clínico do paciente, da idade dele, entre outros fatores.
Em geral, porém, com o tratamento padrão (cirurgia, radioterapia e cirurgia), o prognóstico do glioblastoma segue pouco favorável. A sobrevida média de pacientes fica entre 12 e 15 meses, mas cerca de 5 a 10% dos pacientes sobrevivem para além de cinco anos após o diagnóstico.
É importante lembrar que, em pacientes mais jovens, o prognóstico tende a ser ligeiramente mais favorável. Isso porque, nessas pessoas, a tendência é que o tumor cerebral seja diagnosticado como glioma. Como o desenvolvimento deles é mais lento, ganha-se tempo até que o quadro se transforme no tipo mais agressivo de câncer cerebral.
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Sintomas de câncer no cérebro
Como esse câncer fica no cérebro, ele pode afetar diferentes funções do corpo a depender da localização e do tamanho do tumor. Em geral, porém, é possível citar os seguintes sintomas de tumor cerebral:
- Dor de cabeça constante e persistente, podendo piorar com o tempo e até despertar a pessoa no meio da noite;
- Alterações de visão, como perda visual persistente, progressiva ou súbita, visão dupla, entre outros;
- Falta de equilíbrio e coordenação;
- Fraqueza ou dormência em um ou mais membros do corpo;
- Alterações sensoriais, como dificuldades para sentir calor, gostos, toques, etc;
- Convulsões que podem ser acompanhadas por movimentos descontrolados nos braços e pernas.
Fatores de risco para câncer no cérebro: é genético?
As causas do glioblastoma não são plenamente conhecidas. É cogitado, porém, que exposição prévia a radioterapia craniana, algumas síndromes genéticas hereditárias (como neurofibromatose e síndrome de Li-Fraumeni) e exposição a certos produtos químicos (como pesticidas) podem ser fatores de risco para seu desenvolvimento.
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Glioblastoma: tratamento
O protocolo padrão de tratamento para tumores cerebrais malignos como o glioblastoma envolve cirurgia (na qual se retira o máximo possível do tumor), radioterapia e quimioterapia. As duas etapas finais visam eliminar o máximo de células cancerosas que podem ter restado, visto que o câncer é infiltrativo e não se restringe ao tumor.
Ainda assim, o tratamento desse câncer é complexo. Como ele ocorre no cérebro, que fica protegido por uma camada protetora e pelo crânio, a chegada das terapias até os locais exatos que o paciente necessita é difícil.
Há, porém, alguns avanços no caminho de um tratamento mais eficaz para glioblastoma, que ofereça uma sobrevida maior ou de maior qualidade. Alguns pacientes, por exemplo, se beneficiam de terapias-alvo e imunoterapia (como vacinas experimentais contra glioblastoma), e terapia com um aparelho chamado Optune.
Esse aparelho é um dispositivo portátil que usa campos elétricos alternados de baixa intensidade para afetar a forma como as células cancerosas se dividem. Ele é usado, em geral, em pacientes recém-diagnosticados, e em conjunto com a quimioterapia. Estudos demonstram que essa combinação pode prolongar a sobrevida e retardar a progressão da doença.
Outra vantagem desse avanço contra o glioblastoma em termos de terapia é que o próprio paciente utiliza o dispositivo, de forma contínua e não invasiva.
Alguns medicamentos e vacinas usados ou estudados para o tratamento do glioblastoma incluem os seguintes:
- Temozolomida (quimioterapia);
- Bevacizumabe ou Avastin (anticorpo monoclonal);
- Everolimus ou Afinitor (imunoterapia);
- Vacinas de células dendríticas;
- Vacinas baseadas em mRNA.
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