Ver pessoas queridas nos faz bem, mas vê-las demais pode nos fazer mal, diz estudo

por | abr 5, 2022 | Bem-estar

Estar na companhia de pessoas queridas é, de forma geral, algo associado a bem-estar físico e mental, mas estudos recentes apontam que tudo depende da frequência com que isso acontece. Conforme comprovaram duas grandes investigações científicas recentes, a saúde tem mesmo uma relação com a socialização – mas, curiosamente, a conclusão aponta, por exemplo, que ver familiares todos os dias nos faz tão mal quanto não os ver nunca.

Socializar faz bem? Segundo estudos, depende da frequência

Conduzidos por pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade de Tilburgo, na Holanda, dois estudos recentes mostraram que, assim como ver pessoas queridas nos faz bem, vê-las demais pode nos fazer mal. Após observar a relação entre saúde e socialização em mais de 440 mil adultos de várias idades na Europa, eles concluíram que o nível de bem-estar alcançado a partir do contato com amigos, parentes e colegas é melhor quando esse contato ocorre menos frequentemente.

-
ViewApart/Getty Images/iStockphoto

No primeiro estudo, 390 mil pessoas indicando em um questionário a frequência com que encontravam socialmente seus amigos, parentes e colegas escolhendo entre as opções “nunca”, “menos de uma vez por mês”, “uma vez por mês”, “várias vezes por mês”, “uma vez por semana”, “várias vezes na semana” ou “todos os dias”. Além disso, eles também responderam uma pergunta sobre o estado de saúde atual.

Com estes dados, foi possível analisar a relação entre socialização e saúde em um momento específico, e as respostas já começaram a mostrar dados curiosos; pessoas que socializaram diversas vezes no mês apresentaram um estado de saúde melhor que os que socializaram menos que isso – mas quem socializou mais de várias vezes por mês não demonstrou benefícios adicionais relacionados à saúde.

-
jacoblund/Getty Images/iStockphoto

Já no segundo estudo, a ideia foi analisar uma pesquisa respondida anualmente por cerca de 50 mil pessoas por até cinco anos. A cada vez em que o questionário era respondido, os participantes tinham de responder perguntas sobre saúde e socialização, escolhendo o nível da relação com as pessoas envolvidas (vizinhos, amigos, colegas, parentes, etc) e informando a frequência dos encontros (entre as opções “nunca”, “raramente”, “ao menos uma vez por mês”, “ao menos uma vez por semana” e “diariamente”.

Aqui, os pesquisadores puderam analisar em detalhes a forma como uma maior frequência na socialização – especialmente com parentes – impacta a saúde de forma negativa. Assim como no primeiro estudo, esta investigação revelou que, entre quem nunca vê a família e quem a vê ocasionalmente, o segundo grupo apresenta um nível maior de bem-estar. Da mesma forma, quem a vê mensalmente apresentou um estado de saúde melhor do que os participantes que responderam “raramente”.

-
Zoran Zeremski/Getty Images/iStockphoto

Por outro lado, conforme a frequência informada era maior, o nível de bem-estar passava a cair: em geral, pessoas que veem a família ao menos uma vez na semana ou diariamente também apresentaram um estado de saúde pior – e, em conclusão, foi possível afirmar que encontrar parentes todos os dias pode nos fazer tão mal quanto não vê-los nunca.

Além disso, levando em consideração os riscos de saúde e a mortalidade dos participantes do estudo ao longo dos anos pelos quais ele durou, foi possível apontar ainda outra relação: enquanto as pessoas que apresentavam níveis moderados de socialização (uma vez ao mês) também apresentavam baixos riscos de morrer durante o estudo, aquelas que indicavam uma frequência de socialização maior do que uma vez por mês também tinham mais riscos de morrer.

É preciso lembrar, porém, que mais estudos são necessários para avaliar outras variáveis que podem influenciar nestas conclusões.

Por que existe um limite para o bem-estar gerado pela socialização?

-
fizkes/Getty Images/iStockphoto

Nos estudos, os pesquisadores propõem algumas hipóteses sobre os resultados surpreendentes apresentados. Em geral, foi citado que, em certa medida, períodos de solitude favorecem relaxamento, autoconhecimento, criatividade e mais. Além disso, a dupla também citou o possível estresse gerado por contatos sociais de forma geral – mas nenhuma destas hipóteses pôde ser testada.

Saúde mental e bem-estar