Extraídos de flores, frutos, sementes, raízes e outras partes de certas plantas, óleos essenciais são utilizados há décadas na aromaterapia, mas, atualmente, é comum encontrar recomendações de uso para além desta prática. Há, por exemplo, quem indique a ingestão ou uso tópico dos óleos para inúmeros fins – e, apesar de eles realmente serem naturais e terem propriedades ligadas a saúde e bem-estar, nem todos os usos e quantidades são totalmente seguros.
Óleos essenciais: o que são e como são usados
Produzidos a partir de plantas, óleos essenciais são compostos aromáticos de difícil extração popularmente vendidos em pequenos frascos.
Como estas substâncias são concentradas e evaporam facilmente, seus aromas são bastante acentuados. Há décadas, são as propriedades terapêuticas destas fragrâncias que justificam os usos de óleos essenciais em cosméticos e procedimentos ligados a saúde e bem-estar.
Com a aromaterapia (em difusores, sprays e mais) ou a aplicação de determinados óleos na pele durante massagens (sempre os diluindo em cremes ou outro tipo de óleo vegetal por um terapeuta holístico com conhecimento na área), é possível amenizar, por exemplo, problemas como insônia, ansiedade, certas dores e questões respiratórias.
Quando devidamente manipulados nas quantidades corretas por fabricantes de cosméticos, eles aparecem ainda em alguns produtos para a pele. É o caso, por exemplo, do óleo de rosa mosqueta (efeito clareador) e do óleo de melaleuca (para combate à oleosidade). Além disso, seu uso em cosméticos pode ter também ligação com a fragrância do produto já que, em alguns casos, ela substitui aromas artificiais.
Óleos essenciais fazem mal?
De acordo com especialistas, a resposta para esta pergunta está no tipo de uso, na dosagem, na procedência dos óleos e também na indicação deles. Com a crescente busca por medicações, cosméticos e mais produtos de composição vista como mais “natural”, estas substâncias viraram uma verdadeira febre – e certas formas de usar que são amplamente disseminadas devem ser evitadas por trazerem riscos à saúde.
Apesar de serem extraídos de planta e trazerem, por isso, uma sensação de segurança quanto ao uso “à vontade”, óleos essenciais são, assim como qualquer outro componente como água, sal e açúcar, substâncias químicas. Sendo assim, há, segundo a Escola Americana de Ciências da Saúde, chances deles interagirem negativamente com medicação e provocarem intoxicação, danos ao sistema nervoso, queimaduras na pele e mais uma série de problemas de saúde graves.
Além disso, o uso destas substâncias não é sempre o mesmo para todos os tipos. De acordo com informações da Universidade de Minnesota sobre o assunto, há óleos essenciais que são seguros se inalados em baixas concentrações, mas podem causar irritações e males severos quando usados na pele. É o caso, por exemplo, de óleos cítricos (bergamota, laranja, limão, entre outros) e dos óleos de orégano, tomilho e casca de canela.
Cuidados a tomar
- Nunca ingerir: apesar de haver profissionais que recomendam a ingestão de óleos essenciais em chás, vitaminas, na água ou até puros, isso é totalmente contraindicado pela própria Federação Internacional de Óleos Essenciais e Aromas. Segundo a Escola Americana de Ciências da Saúde, certas dosagens de óleos como eucalipto e melaleuca, por exemplo, podem causar intoxicação – e, a depender do óleo, podem ocorrer desde reações gastrointestinais imediatas (vômito, diarreia, etc) como danos duradouros no estômago, no intestino, no sistema nervoso, entre outros;
- Na pele, sempre usar o óleo diluído: alguns óleos essenciais podem, de fato, ser usados na pele tanto para fins de aromaterapia quanto para questões relacionadas à pele em si, mas não diretamente. Para usar desta forma, é indicado diluir gotas do óleo essencial em um óleo vegetal ou creme
- Evite óleos na pele caso vá tomar sol: segundo a Escola Americana de Ciências da Saúde, óleos que contêm substâncias da classe das furocumarinas são fototóxicos. Isso significa que, se aplicados na pele e expostos ao sol, eles podem causar queimaduras graves e até câncer de pele. Em geral, este é o caso de óleos cítricos, como de limão, laranja, bergamota, entre outros, e é indicado inclusive evitar cosméticos que contenham estas substâncias (a menos que sejam produtos de enxágue, como sabonetes, por exemplo);
- Teste o óleo na pele para evitar irritações: antes de usar qualquer óleo ou produto industrializados que tenham óleos essenciais na composição, é indicado testar a aplicação em um local pequeno da pele, como o pulso ou atrás da orelha. O uso só deve acontecer caso após 48 horas desde a aplicação não sejam observados efeitos adversos como vermelhidão ou irritação;
- Para aromaterapia, use difusores ou produtos apropriados: ainda que sejam muito cheirosos, nem todos os óleos essenciais têm sua inalação segura em concentrações altas. Sendo assim, para fins de aromaterapia, é importante usar itens como difusores (onde se diluem gotas do óleo em água para a evaporação do composto) ou produtos como sprays que têm composição própria para este uso;
- Procure profissionais confiáveis: por serem produtos naturais, os óleos essenciais não passam pelos mesmos controles de qualidade que medicamentos e podem, de forma geral, ser adquiridos por qualquer pessoa. Isso faz com que muitos profissionais sem o conhecimento necessário sobre o uso adequado e os riscos dos produtos façam recomendações perigosas e falsas promessas, como a cura do câncer com óleos essenciais. Sendo assim, é extremamente importante buscar profissionais de confiança para a prática da aromaterapia;
- Consulte seu médico sobre a interação de medicações de uso contínuo com óleos: segundo a Escola Americana de Ciências da Saúde, certos estudos apontam que certos óleos essenciais podem amplificar o efeito de remédios que atuam sobre o sistema nervoso central, diminuir o efeito de antidepressivos e inibir reações metabólicas do fígado, limitando o efeito de medicamentos para diabetes, por exemplo. Sendo assim, é essencial que quem faz uso de qualquer remédio de uso contínuo entre em contato com o médico responsável pelo tratamento para verificar possíveis interações com óleos;
- Não substitua medicamentos e tratamentos pela terapia com óleos: apesar de ser extremamente fácil encontrar profissionais e artigos duvidosos que atribuem funções milagrosas aos óleos essenciais, não há qualquer evidência de que estas substâncias são capazes de curar doenças. Com a aromaterapia, é possível amenizar os sintomas de alguns males e acalmar a mente, mas tratamentos convencionais nunca devem ser substituídos por eles.