O vício em celular é um problema real, mas, afinal, como amenizá-lo em um mundo tão conectado?
Cabeça baixa, dedos inquietos e olhos grudados na tela. É assim que grande parte das pessoas passa o dia, verificando mensagens, jogando, vendo séries ou simplesmente se distraindo com o celular nas mãos.
O que nem todo mundo se dá conta, no entanto, é que o uso excessivo do aparelho pode resultar em dependência. Isso, por sua vez, gera um quadro que os especialistas têm chamado de nomofobia.
Nomofobia, o vício em celular e em estar conectado
Nomofobia é um termo novo que indica um sentimento intenso de desconforto, ansiedade e medo desencadeado pela falta do celular. Os manuais de diagnóstico, segundo a psiquiatra Maria Francisca Mauro, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ainda não reconhecem formalmente a condição. Ainda assim, profissionais de saúde em todo mundo têm se preocupado com ela.
“Dentro dos critérios de avaliação psiquiátrica, ainda não temos uma classificação que configure o vício. Em pesquisas, avaliações e evidências o termo mais utilizado é o ‘uso problemático do celular’”, explica a psiquiatra.
A especialista ainda descreve a nomofobia e o que ela causa nos indivíduos. Segundo ela, o que se sabe é que pessoas com a condição encontram no aparalho uma forma de manejar emoções. Isso serve para que se sintam menos entediadas e sozinhas, ou porque, através das redes, estão bem colocadas socialmente. É um sentimento de pertencimento.
Sintomas vício em celular
Em um mundo no qual praticamente todos usam o celular inclusive para trabalhar, como é possível identificar se o uso está exagerado? Segundo a psiquiatra, é preciso definir, em primeiro lugar, se a pessoa fica ansiosa ou sente desconforto quando não checa o aparelho o tempo todo. Outro sinal de vício em celular é a pessoa ficar alerta na expectativa de ver notificações chegando.
Além disso, diferentes estudos já ligaram esse excesso de uso do smartphone à maior incidência de casos de depressão, ansiedade e estresse crônico. Com isso, segundo a especialista, é importante identificar estes problemas para melhorar a rotina e o bem-estar dos pacientes.
“Para além de apontar o uso do celular com consequências maléficas para saúde mental das pessoas, é necessário que elas tenham mais conhecimento do uso da tecnologia e sua interferência nas rotinas de trabalho, convivência com a família e amigos”, comenta Maria Francisca.
Como amenizar o vício em celular
Tentar diminuir a utilização do celular é a principal medida para evitar uma possível dependência. É preciso analisar quantas horas por dia se gasta com o consumo de conteúdo pelo aparelho. Indica-se ponderar se esse tempo está bem distribuído em trabalho ou lazer, ou está suprindo uma necessidade emocional.
É preciso entender que o smartphone não é uma companhia, e que seu uso não dispensa a prática de outras atividades, aconselha a psiquiatra. Ela ressalta ainda que o celular não pode ser usado como um artifício de fuga de uma rotina com relações interpessoais.
“Outro ponto importante é observar o que você tem feito com o seu relacionamento interpessoal para que ele não seja ultrapassado por alguma interação via jogos, consumo de mídias sociais e outro elementos que acabam por retirar o diálogo, a conversa e as relações mais profundas”, conclui a especialista.
Nesses casos, pode ser interessante buscar a psicoterapia ou a prática de atividades de que geram prazer, caso o indivíduo perceba satisfação em realizá-las. Como exemplo, é possível citar a prática de exercícios físicos, o contato com a natureza, cuidado com animais, arteterapia, entre outros.