Prédio doente

por | jun 30, 2016 | Alimentação

Concentrada no corre-corre da sua rotina, você começa a se sentir super indisposta. Mas aí você percebe que não é a única: tá assim de colegas de trabalho seus reclamando de tudo que é tipo de mal-estar. Náuseas, vômitos, diarréia, cansaço, dores na cabeça e no corpo, confusão mental, tosse forte, febre alta, falta de ar… Se antes você (e todo mundo) achava que fosse apenas o início de uma gripe forte, sinal de estresse ou um incômodo passageiro, surpresa: esses sintomas acabam durando vários dias. Isso acontece porque o ambiente de trabalho está poluído, com a presença de fungos, bactérias e diversos microorganismos. E há perigo. Se ele for mal ventilado, sem uma mísera janelinha que possa trazer um pouco de ar puro, prepare-se: sua saúde está em risco. Esse problema, que afeta a maioria dos edifícios modernos em todo o mundo, já tem até nome: Síndrome do Prédio Doente.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, essa síndrome aparece quando pelo menos 20% dos ocupantes de um determinado local começam a apresentar sintomas típicos de problemas respiratórios (como asma, bronquite e rinite) ou dor de cabeça freqüente. E dá para acreditar que o grande culpado é o aparelho de ar condicionado? Sim, e isso acontece, basicamente, por causa da poluição do ar. Provocada pela presença de compostos orgânicos – com participação especial de fungos, bactérias e vírus – ela também atinge os dutos de ventilação e, por isso, essa porcariada toda vai parar nos nossos pulmões. “O ar condicionado já não consegue filtrar a poluição que vem da rua, por isso a sujeira vai se acumulando. Com o aumento da umidade no local, por causa da má circulação de ar, vão surgindo os microorganismos. E aí, ao invés de climatizar o ambiente, o aparelho acaba expelindo esses elementos, provocando essas reações alérgicas”, explica o pneumologista Ubiratan de Paula Santos, do Serviço de Pneumologia do Instituto do Coração de São Paulo.

As faltas de ar foram ficando cada vez mais intensas e tive que me afastar da empresa, fiquei trabalhando de casa para ver se aliviava

Nem sempre quem é atingido pela poluição no trabalho sabe realmente o que está acontecendo. Foi o caso da jornalista Patrícia Machado, que passou por poucas e boas até conseguir se recuperar. “Comecei a ficar com tosse e estava tratando como gripe. Só que fui piorando, ficando com falta de ar. No médico, foi diagnosticada uma bronquite. Mas os remédios também não estavam funcionando. Quando voltei ao médico na outra semana, já estava com infecção respiratória. Aí, mais um batalhão de remédios e nada. As faltas de ar foram ficando cada vez mais intensas e tive que me afastar da empresa, fiquei trabalhando de casa pra ver se aliviava. O exame de sangue apontava as taxas que medem a alergia no sangue lá nas alturas pra tudo quanto é tipo de coisa: fungo, ácaro… Foram seis meses de agonia, tomando cortisona e vacinas de alergia. Gastei um dinheirão! E a médica falou que eu poderia até entrar com uma ação trabalhista”, relembra ela.