Operação relax

Quando foi a última vez que você tinha apenas tarefas prazerosas a cumprir na sua agenda? Passear no shopping, ir à praia, relaxar com o namorado, marido, passar a tarde inteira esparramada no sofá. Difícil lembrar, não é mesmo? A gente já acorda de olho no relógio, fazemos um pit stop relâmpago na cozinha, engolimos qualquer coisa e dá-lhe correria: do trabalho para o curso, buscar os filhos na escola, ou mesmo ir direto para a cama. E lá se vão os nossos pequenos momentos de prazer do dia! São tão raros que muitas pessoas nem mesmo se dão o luxo – ou direito – de continuar planejando. Só o trabalho e as demais preocupações rotineiras têm o poder (e privilégio) de ocupar a nossa mente. Aí é só juntar tudo isso e adicionar, por exemplo, uma pitada de hora extra no trabalho ou briga conjugal e pronto: lá está ele, explosivo – o estresse. Ah, é a vida… Não, não é! No dia-a-dia, sempre há um plano de fuga do mau humor, da irritação e do desânimo. Está na hora de conhecê-lo e, claro, colocá-lo em prática!

Primeiros passos

Autopercepção. Sem ela, não é possível se dar conta de onde o problema está, qual é a fonte de estresse que tanto incomoda e como isso nos afeta. Portanto, fica complicado cortar o mal pela raiz. “A gente vive nesse mundo de tantos estressados e estressadas porque a sociedade exige muito de nós. São muitas as demandas, obrigações, sentimento de competitividade, imediatismo e um excesso de informações”, explica a psicóloga Lúcia Novaes, do Centro Psicológico de Controle do Estresse, no Rio, e co-autora de Estresse ao longo da vida (Editora Contexto). Diante de tudo isso, difícil não cambalear. “Mas o estresse não é igual para todo mundo. O primeiro passo para eliminá-lo da sua vida é perceber como você reage a ele e de onde ele vem – se é da rotina, do emprego, enfim, do que quer que seja”, aconselha Lúcia.

Feita essa pequena avaliação, é hora de mudar o que pode ser mudado e aprender a lidar com o que não vai mudar. “Se você não tiver o potencial para se estressar na medida certa – porque estresse também é saudável para o enfrentamento e superação de desafios – então você pode acabar morrendo na praia. É preciso equilíbrio: saber quando ficar alerta e não deixar que as tensões do dia ultrapassem os níveis que você mesma estabeleceu para si, tornando-se um problema crônico”, ensina Lúcia Novaes.

O.K., sua agenda é apertada e não permite mudanças drásticas, mas, de agora em diante, ela não será mais desculpa para adiar um projeto de vida mais saudável, tranqüilo e prazeroso. Afinal, é preciso, acima de tudo, estabelecer prioridades e entender que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Para se desviar da rotina massante, nem que seja por alguns poucos minutos, basta pegar alguns bons atalhos, pular obstáculos e, pode confiar, você vai se sentir outra – diga-se de passagem, muito melhor!

Os bons atalhos

1) Compromissos, sim. Diversão também!

É essencial reservar pelo menos meia hora do dia para conversar com amigos ou parentes sobre amenidades, ao invés de ficar esperando até o final de semana. Se você mora sozinha, o dinheiro está curto e a preguiça ou cansaço te impedem de combinar alguma coisa depois do trabalho, lembre-se do telefone ou mesmo da internet. Mas nada de tocar em assunto de trabalho, porque ele, por si só, já envolve uma postura de estresse! Deixe temas como a promoção que não vem e o colega puxa-saco para uma próxima ocasião. Se dê o direito de não pensar no chefe quando você está em casa, no cinema ou no restaurante curtindo companhias agradáveis.

E, claro, se você já está mal-humorada, nada de inventar ou aceitar convites de programas que você não gosta, porque o momento é seu. “Se a única oportunidade de lazer ou destinada à sua vida social é reservada para algo que não lhe agrada, você vai ficar ainda mais irritada e, se bobear, até chatear quem está à sua volta”, previne a psicóloga Lúcia Novaes.

Nos mimos e cuidados consigo mesma, nada como apostar, também, no ‘spa urbano’. Se você não pode pagar pelos spas chiquérrimos, pelas regalias dos resorts ou por umas férias em alguma ilha do Caribe, uma ida à manicure pode te deixar novinha em folha, de corpo e alma!

2) Hobby – escolha o seu!

Pode ser o que você quiser: cozinhar, escutar música… Além de ótimo para combater o estresse, ter um hobby é excelente para trabalhar com a criatividade! Sinta-se à vontade para escolher o que mais lhe agrada, porque o importante é você se sentir relaxada, não interessa se é dando cambalhota ou plantando bananeira. Falando nisso, atividades como caminhada também são ótimas contra o estresse. “Recomendamos a prática de algum exercício físico de três a quatro vezes por dia, porque após 30 minutos eles fazem com que o nosso corpo libere endorfinas, que agem no organismo provocando sensação de bem-estar e melhorando o humor”, garante Lúcia Novaes.

Além disso, para quem trabalha muito tempo diante do computador ou quebrando a cabeça para tomar decisões e resolver problemas, atividades manuais como lavar a louça ou arrumar o armário são excelentes válvulas de escape. É o momento de esvaziar a cabeça e pensar no ‘nada’ ou aproveitar para se reorganizar internamente. A leitura também só rende bons frutos, mas procure ler sobre temas não técnicos quando estiver relaxando. E cuidado com o gênero! “Tem gente que lê um livro ou assiste um filme de suspense e fica mais tensa ainda!”, alerta Lúcia, que dá outro toque: “para quem gosta de fotografia, colecioná-las em álbuns também é um hobby maravilhoso, porque é uma coleção de lembranças!”.