Compulsão alimentar – A dieta errada é a maior responsável pela compulsão alimentar

por | jun 30, 2016 | Alimentação

LEVANTAMENTO APONTA QUE 74% DOS PACIENTES EM BUSCA DE

TRATAMENTO PARA EMAGRECER APRESENTAM COMPULSÃO ALIMENTAR

Fiz um levantamento com mais ou menos 2.000 pacientes meus, obesos ou com excesso de peso. O estudo realizado mostra que 74% deles apresentavam algum grau de compulsão alimentar (“gula”). A pesquisa foi feita com pessoas de ambos os sexos e todas as idades, mas se verificou que a presença da compulsão alimentar era mais freqüente na faixa etária dos 17 aos 30 anos. Outro dado apurado: em mais da metade dos casos, o ataque de comilança acontecia à noite, principalmente entre os que jantavam cedo e dormiam tarde.

Canalizada para alimentos específicos, principalmente chocolates, doces, biscoitos, sorvetes e pão, a compulsão alimentar é uma forte necessidade de fundo psíquico. Normalmente, esse mecanismo psicopatológico é desencadeado pelo déficit do neurotransmissor serotonina no cérebro e pode ser agravado pela presença excessiva de insulina (hormônio produzido no pâncreas) na corrente sanguínea. Produzida pelo pâncreas, a insulina é um hormônio que participa do metabolismo dos açúcares no sangue. Quanto mais açúcares (amido e carboidratos) se consome, maior será a quantidade de insulina lançada no sangue. Hábitos alimentares ricos em carboidratos de alto índice glicêmico, como pães e doces, podem desencadear um circulo vicioso em que quanto mais a pessoa come mais tem necessidade de comer.

Na maioria das pessoas que sofre de compulsão alimentar, o problema tem origem na forma errada de se alimentar, o que faz com que o pâncreas fique desregulado e inchado

Na maioria das pessoas que sofre de compulsão alimentar, o problema tem origem na forma errada de se alimentar, o que faz com que o pâncreas fique desregulado e inchado. O resultado é uma pessoa mais propensa ao acúmulo de gordura e à voracidade por alimentos que só fazem piorar a situação.

Com programas alimentares que preconizam a suspensão de carboidratos (por tempo curto ou longo, dependendo de cada caso), consegue-se, em pouco tempo, domesticar a gula. A queda dos níveis de insulina melhora a sensação de fome descontrolada, e a pessoa se vê livre dessa pressão que costuma ser mais forte no fim do dia e à noite. Acredito que, com um tratamento bem direcionado e individualizado, o paciente pode, aos poucos, voltar a ter uma alimentação normal, com ingestão de todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. Mas é preciso sempre ter o cuidado de evitar, na rotina, o consumo de alimentos ricos em carboidratos de alto índice glicêmico, como doces, massas, derivados de farinha de trigo não integral, entre outros. Nas etapas iniciais do tratamento da compulsão alimentar, pode ser de grande ajuda o uso do medicamento sibutramina (um inibidor da recaptação da serotonina).