Como saber minha proporção de gordura em cada parte do corpo e se ela está saudável?

Mais do que ficar de olho no peso quando se está tentando emagrecer, é importante ficar atento à composição corporal. Ela diz respeito à distrubuição entre água, ossos e órgãos, massa gorda e massa magra no organismo e determina se uma pessoa está dentro do padrão saudável de corpo.

Esta avaliação, que mede a proporção entre gordura e músculo no corpo e é chamada de bioimpedância, é mais acurada do que o Índice de Massa Corporal – o IMC, que nem sempre é um método mais confiável para saber se o paciente está abaixo, acima ou no peso ideal.

“A tendência de quem pratica atividade física é de diminuir a gordura e aumentar a quantidade de massa magra. A pessoa pode se pesar e ver que emagreceu só 2 kg depois de muito esforço, mas é bem provável que ela tenha perdido, por exemplo, 5 kg de gordura e ganhado 3 kg de massa magra, o que é um resultado muito bom, mas ela fica insatisfeita porque acompanha só o peso na balança”, explica a endocrinologista e metabologista Flávia Junqueira.

É por isso que duas pessoas podem ter exatamente o mesmo peso e serem muito diferentes fisicamente. A que tiver maior quantidade de músculo ( que é mais pesado do que gordura) vai aparentar ser mais magra.

Bioimpedância: como é o exame?

De acordo com a endocrinologista, a melhor forma de saber com precisão as taxas de gordura corporal e de musculatura e se elas estão normais, abaixo ou acima do ideal é através da bioimpedância. Através desse exame é possível saber se é necessário ou não emagrecer.

“Antes usávamos o tipômetro, aquele aparelho que pinça a gordura, mas não existe um padrão da quantidade de gordura que deve ser pinçada e, por isso, ele é pouco preciso”, fala.

Neste exame, o paciente fica em pé sobre uma pequena plataforma semelhante a uma balança com os pés no local indicado e apoia os dedos das mãos em duas hastes próximas ao seu corpo. Quando o aparelho é ligado, uma corrente elétrica bem fraquinha percorre o corpo inteiro e, depois disso, libera um relatório bastante completo sobre a composição corporal.

“Quando a pessoa tem muita gordura, a corrente tem mais resistência para passar, quando tem mais músculo, passa mais fácil. Depois sai um relatório com peso, quantos quilos a pessoa tem de músculos, de gordura, porcentagens, etc.”, explica sobre o exame, que deve ser feito com jejum de duas horas. Além disso, é importante não estar menstruada e não ter praticado exercícios físicos antes para não dar alterações.

O exame é feito em consultórios de nutricionistas e endocrinologistas.

Proporção ideal de gordura x massa magra

As quantidades de gordura e músculos consideradas normais variam de acordo com idade, altura, peso e sexo, por isso não existe uma quantidade fixada para todos. Além disso, as faixas de normalidade são amplas para que se adaptem a diferentes biotipos.

“As faixas são sempre grandes, por exemplo, uma mulher de 1,70 cm, 38 anos e 60 kg deve ter entre 10 quilos e 20 quilos de gordura corporal“, afirma. Isso equivale, aproximadamente, de 15% a 30% do peso total do corpo. “Nós vamos sempre buscar o mínimo, mas se ela tiver 18 kg de gordura, vai estar dentro da normalidade”, detalha a médica.

Flávia explica que as mulheres costumar ter entre 10 kg e 17 kg de gordura e entre 22 kg e 29 kg de músculo e que mesmo estando dentro da normalidade, a pessoa pode fazer um acompanhamento para saber se para o biotipo dela é melhor ficar mais próximo do mínimo ou não.

“O ideal é sempre ter uma grande distância entre a quantidade de músculos e a de gordura. Algumas pessoas são bem magrinhas, têm pouca gordura, mas também têm muito pouco músculo, o que não é bom. Por isso, o ideal é que tenha bem pouca gordura e bastante massa magra”, comenta sobre as proporções ideais.

Gordura localizada

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Além da gordura geral, este exame também mostra a quantidade de gordura em 5 regiões do corpo: tronco, partes superiores direita e esquerda e partes inferiores direita e esquerda, além de dizer se as quantidades estão normais, abaixo ou acima do ideal.  

Porém, a médica explica que leva mais em consideração a quantidade geral de gordura. “Na avaliação, focamos mais na quantidade geral de gordura e a partir disso orientamos a pessoa sobre quais exercícios ela deve fazer, qual dieta e o que deve ser mais trabalhado por ela. Traçamos uma meta, como tem que perder 5 kg no geral, mas focando na barriga”, comenta Flávia.

O que fazer para perder barriga?

Depois, o exame é refeito para haver o acompanhamento da quantidade de gordura que a pessoa está perdendo em cada região do corpo. “Se o paciente precisa perder mais gordura abdominal, indico uma dieta com perfil anti-inflamatório, tiro o glúten, o leite, os alimentos alergênicos, açúcar, farinha branca, alimentos industrializados, em alguns casos até fazemos um exame específico para saber o que faz mais mal para a pessoa e aí tiramos isso do cardápio”.

Para quem tem objetivo de perder gordura abdominal, Flávia também indica o consumo de alimentos termogênicos, como gengibre, chá-verde, pimenta, cúrcuma e ômega 3. 

Qual o certo?: Peso ideal não é sinônimo de saúde; entenda