Por Laura Cavalcanti, psicóloga*
Muito tem se falado a respeito do consumismo excessivo! Compra-se muito. Veste-se muito. Come-se muito. Tudo tem sido muito! A mídia nos convida insistentemente a usar aquele shampoo, a comprar aquele carro, a assistir aquele filme, a cortar o cabelo daquele jeito… Sempre tem uma orientação, seja direta ou indireta, influenciando nossas atitudes e comportamentos. O excesso, muitas vezes, é sentido quando retornamos para casa, no final do dia e, nos surpreendemos com a famosa sensação de que não havia necessidade daquele consumo específico. Ufa! Aquela sensação de que algo nos impeliu ao consumo, pela falta de lucidez suficiente para frear o impulso. O gatilho simplesmente dispara e quando percebemos já estamos com o pacote na mão, seja de objeto, de serviço ou de comida.
Pensando sobre isso, resolvi brincar com as palavras e, para tal, mantive o foco em nosso objeto de estudo e reflexão. A comida! Essa tal comida, constante no dia a dia e que nos ameaça a maior parte das vezes, tramando contra a silhueta. A cada colherada, o risco de cair para a direita, o ponteiro da balança.
Eis a questão! Comida: consumir ou conviver? Qual a melhor forma para estar perto dela?
Vamos começar pela conscientização de que comida faz parte da nossa vida e merece ocupar um lugar adequado e prazeroso. Não há como fugir disso, caso contrário seria nos condenar ao sofrimento perpétuo. Comida mata a fome e mata a vontade também. Quem já não se deliciou com uma bela fatia de doce ou um suculento prato salgado!? Vamos lá, abra os olhos! Todos nós somos assim e não há nada de mal nisso. É humano comer e gostar de comer! Fechar os olhos para essa realidade alimenta a ansiedade gerando comportamento inadequado e consumo desordenado.
Quanto a brincar com as palavras, vale à pena observar que CONSUMIR é diferente de CONVIVER.
Veja bem… Olhando de forma criativa, podemos considerar em partes que con-SUMIR é sumir com alguma coisa, ao contrário de con-VIVER que nos remete a viver com alguma coisa.
Agora, repasso a oportunidade de concluir essa brincadeira epistemológica.
Que tal observar a comida em sua vida? Ela tem feito você SUMIR ou VIVER?
*Laura Cavalcanti é psicóloga com formação em Transtornos Alimentares e Obesidade, Psicoterapia Breve, Psicologia Hospitalar, Teoria e Clínica Psicanalítica, Análise Existencial e Relaxação Terapêutica.Criadora e fundadora do Projeto EMAGRECER DÓI? – Grupo de Apoio Emocional, que atende pacientes com dificuldade de emagrecimento.