Por Viviane de Tassis Magalhães
A cicatriz é a resultante da reparação do processo destrutivo da pele. É uma seqüela, de dimensões variadas, decorrente da proliferação de tecido fibroso. Elas podem ser atróficas, hipertróficas ou queloidianas, apresentando-se como lesões lisas, planas, salientes ou deprimidas, aderentes ou retráteis e surgir no curso de doenças cutâneas como acne, varicela, herpes zoster, etc., ou por perda de tecido pós-trauma, ou pós-cirúrgico.
A cicatriz queloidiana é espessa e elevada, podendo ocorrer, freqüentemente, dor local ou coceira. Costuma aparecer no corpo por uma predisposição individual, infecção ou tensão da ferida e seu tratamento varia de compressão, corticoterapia, cirurgia à radioterapia. A compressão é feita, principalmente em pacientes vítimas de queimaduras, sendo exercida por vestes elásticas feitas sob medida. No tratamento de quelóides já estabelecidos, porém, a compressão deve ser associada a outros métodos. Uma das formas terapêuticas mais utilizadas nesse tipo de cicatriz é a corticoterapia, que pode ser por infiltração intralesional ou tópica (diminuindo assim a dor, coceira e volume da lesão). A droga mais utilizada para a infiltração é o acetato de triancinolona.
Outra forma terapêutica utilizada, e muito usada atualmente, é a criocirurgia (congelamento com nitrogênio líquido). É uma técnica rápida, fácil, pouco dolorosa e não produz sangramento; mas seu resultado cosmético é prejudicado pela hipotrofia e discromia residuais. Há também trabalhos com utilização de cirurgia à laser de Argônio ou dióxido de carbono, com resultados discutíveis. É fundamental que a escolha da terapêutica nos quelóides seja baseada em criteriosa avaliação clínica tendo em vista os possíveis danos provocados por métodos mal empregados. Cicatrizes com tensão no local podem ser corrigidas por retalho cutâneo, expansores, zetaplastia, enxerto ou implantes.
Cicatrização em feridas pós-trauma, cirúrgica e queimaduras merecem cuidados especiais. Deve-se sempre realizar limpeza local com antissépticos, sob orientação médica, para evitar infecções, além de evitar exposição solar, pelo menos durante quatro ou seis meses da cicatriz para evitar o escurecimento. É aconselhável utilizar sempre na cicatriz filtros solares, ou camuflagens; estas, além de proteger, ajudam a estética. Para ocorrer melhor cicatrização pós-cirúrgica, pode-se utilizar creme à base de óleos com elevado teor de ácidos graxos, como óleo de Rosa Mosqueta, e também cremes vitaminados com vitamina A, D3, E, alantoina e óxido de zinco. Outra possibilidade é a utilização de retinóides tópicos e alfa-hidroxiácidos. Em cicatrizes hipertróficas podemos associar massagens como cremes à base de corticóides, e placas de silicone.
Outros métodos que podem ser utilizados para melhorar o aspecto das cicatrizes são os peelings químicos, microdermoabrasão (microcristais de hidróxido de alumínio) e laser. Converse com o seu médico, e veja qual o tratamento mais recomendado a você. Leve seu corpo a sério, e boa saúde!
Viviane de Tassis Magalhães é dermatologista