Marina Ruy diz a revista que teve crises de ansiedade graças a caso Débora e Loreto

A polêmica envolvendo José Loreto e Marina Ruy Barbosa que foi supercomentada no início de 2019 rendeu não só uma série de ataques à atriz como também abalou sua saúde.

Isto porque a atriz chegou a sofrer com crises de ansiedade devido ao episódio, conforme relatou em entrevista à revista “Marie Claire”.

Marina Ruy teve crise de ansiedade por história com Loreto e Débora

A separação de Loreto e Débora foi um dos assuntos mais comentados de 2019. Após nove anos de união, o casal de atores optou pelo rompimento do casamento e pegou muitos de surpresa.

Na época, muito se especulou o motivo que teria levado Loreto e Débora ao divórcio, já que nenhum dos dois revelou a razão oficial para o fim do relacionamento.

Dentre as hipóteses levantadas, o nome de Marina esteve envolvido no meio da confusão, tanto por internautas quanto pela mídia.

Muitos insinuaram que a atriz teria sido o “pivô” da separação de Loreto e Débora, o que fez da ruiva uma protagonista da situação do casal. Se por um lado o apontamento de Marina como “culpada” pela suposta traição de José foi duramente criticado nas redes sociais devido ao machismo contido neste discurso, isto não impediu que Ruy Barbosa recebesse uma série de ataques nas redes sociais.

O que Marina viveu teve reflexos em sua saúde mental. “Obviamente, ter meu nome nisso me abalou. Tive crises de ansiedade e momentos bem conturbados. Foram dias intensos, sem que eu entendesse muito bem o que estava acontecendo”, contou a atriz à Marie Claire.

Para entender mais o que é uma crise de ansiedade, seus sintomas, como ela surge e o que fazer diante desse quadro de saúde, o VIX conversou com o psiquiatra Ygor Andrade Czovny, que esclareceu essas e outras dúvidas sobre o assunto.

Crise de ansiedade: entenda

Uma crise de ansiedade é caracterizada por uma estado de angústia constante. Czovny descreve o quadro clínico como uma tentativa da mente de controlar situações incontroláveis, o que lhe provoca um grande desgaste energético.

“Isso provoca uma sensação de ter feito algo errado. Por exemplo, quando o meu chefe chega ao escritório estressado e eu tomo a culpa – mas eu não posso controlar isso”, afirma Czovny.

Sintomas da crise de ansiedade: o que a pessoa sente?

Normalmente, a crise de ansiedade é identificada por sinais bem típicos: falta de reação, hipervigilância, aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar, tontura, sensação de tremor, aperto no peito, formigamento, corpo frio, suor, desespero e pensamentos angustiantes com desfechos negativos.

O especialista, porém, explica que os sintomas da crise de ansiedade podem aparecer gradativamente ou subitamente. “Isso depende da causa por trás”, diz.

Em pessoas com a chamada crise de ansiedade pós-traumática, os sinais se manifestam de uma hora para a outra. “É o caso de um indivíduo que sofreu uma morte de uma pessoa próxima, ou sofreu um assalto”, exemplifica Czovny.

Estes, porém, são casos menos frequente e a maioria das pessoas costumam a ter indícios de que a crise vem aos poucos. “A maioria começa a ter insônia, a acordar de madrugada, come pouco. As pessoas acumulam o mal-estar”, diz o psiquiatra.

Crise de ansiedade x crise de pânico

Vale dizer que, por mais parecidos que os sintomas da crise de ansiedade e a de pânico sejam, os dois quadros são vistos como situações distintas pela psiquiatria.

A crise de pânico, diferente da de ansiedade, é descrita pelo medo extremo que o paciente sente e é bem fácil de perceber.

“A pessoa que está no metrô com crise de pânico, por exemplo, se sente sufocada, acha que vai passar mal. Ou, ao entrar no avião, por não ter controle da cabine de comando, o corpo dispara taquicardíaca, boca seca, tremor, choro incontrolável, sudorese. Na crise de pânico há todos os sintomas da crise de ansiedade, mas tem também o medo súbito de morrer”, explica Czovny.

Gatilhos por trás da crise da ansiedade

Diferentes gatilhos podem desencadear uma crise de ansiedade. Czovny destaca quatro:

  • acúmulo de estresse
  • noção de perda de liberdade
  • autocobrança
  • assuntos ligados à saúde

Para o especialista, o acúmulo de estresse é um grande desencadeador de crises de ansiedade por promover um esgotamento físico e emocional a pessoa. “É como se a cada estresse que nós temos, vamos abraçando o mundo, um monte de compromisso. Só que, com isso, nós tiramos um pouco da nossa paz. Chega uma hora que não tem mais de onde tirar energia, nos expomos a mais estímulos do que nos damos conta.”

Quanto à perda de liberdade e autocobrança, Czovny enxerga uma relação entre esses dois aspectos.

“Ao mesmo tempo que uma pessoa precisa se expor na vida social, há assuntos que lhe são muito íntimos. Isso cabe para qualquer pessoa. Essa é a sobrecarga do limite da liberdade sobre o que eu ofereço ou não para o outro: a pessoa quer fazer o melhor dela, mostrar para o outro, mas essa autocobrança a deixa doente. Ela fica presa ao olhar do outro; se agradou ou não a maioria.”

Quanto aos temas pertinentes à saúde, Czovny explica que eles têm a ver com a sensação de incapacidade que uma pessoa sente ao ver alguém querido doente ou mesmo quanto ela se vê diante da morte.

Crise de ansiedade x transtorno de ansiedade

É importante salientar que uma crise pontual de ansiedade não significa que a pessoa tenha transtorno de ansiedade.

“Um evento pontual desencadeia um sinal de ansiedade, uma crise. Por exemplo: vou viajar no final de semana e fico ansioso por conta do evento específico”, comenta Czovny.

O transtorno por outro lado, não é passageiro. “Nele eu tenho uma disfunção. Os sintomas são tão evidentes que eu não consigo fazer com que eles parem, penso no problema o tempo todo, o cansaço não me deixa fazer as coisas, afeta as funções do dia a dia, como trabalho, vida social e afetiva”, alerta o psiquiatra.

Os sintomas possíveis que um transtorno de ansiedade desencadeia em uma pessoa são:

  • Preocupação exagerada
  • Medo constante
  • Apreensão
  • Inquietude
  • Nervosismo
  • Dificuldade de concentração
  • Sensação de que algo ruim vai acontecer
  • Descontrole dos próprios pensamentos
  • Preocupação exagerada em relação à realidade
  • Dor ou aperto no peito
  • Fadiga
  • Palpitação no coração
  • Tontura
  • Sensação de que vai desmaiar
  • Falta de ar
  • Dor de barriga
  • Diarreia
  • Fala exageradamente rápida
  • Tensão muscular
  • Dor nas costas
  • Perturbação do sono

Crise de ansiedade: complicações

Tanto a crise de ansiedade quanto o transtorno de ansiedade, comenta Czovny, podem, sim, se desenvolver para outros quadros de saúde, como a depressão.

“Há casos em que a pessoa deixa de se conectar com o mundo por conta da crise de ansiedade e aí vem a depressão. Ou então as crises a deixam refém de coisas que aliviam os sintomas, como substâncias químicas e bebidas alcoólicas”, avisa o psiquiatra.

O que fazer em uma crise de ansiedade

As crises de ansiedade duram, normalmente, de 30 a 40 minutos. “Depende de pessoa para pessoa e os sinais no corpo podem levar horas para desaparecer”, destaca o psiquiatra.

É possível que uma crise vá embora sozinha, porém, o médico afirma que este método de cuidado com o quadro clínico depreende muita energia de quem sofre com a crise.

“A pessoa consome muita serotonina e noradrenalina, o que a deixa em um estado de estresse muito grande. Ela fica extremamente desgastada. Se ela percebe o sinal da crise antes, ela consegue abortá-la.”

Uma técnica recomendada por Czovny para tentar controlar uma crise de ansiedade é a de respiração. Com a concentração proporcionada pela inspiração e expiração pulmonar, o cérebro consegue mandar comandos para acalmar o paciente em crise e atingir o objetivo que ele necessita.

“É manter sempre o comando positivo de que as coisas vão se encaixar para obter o discernimento para tomar decisões”, diz Czovny.

Quando procurar ajuda profissional

Para Czovny, todo tipo de crise pede ajuda e tratamento – o que não significa, necessariamente, uso de medicamentos.

Em crises pontuais, por exemplo, o psiquiatra diz que o tratamento pode ser feito por meio de técnicas de respiração, exercícios físico e métodos de autocontrole, como yoga. “Isso pode auxilia a pessoa a aumentar o intervalo entre as crises”, afirma o especialista.

Porém, em casos de pessoas que foram diagnosticadas com o transtorno, os cuidados pedem o tratamento completo: medicamento e psicoterapia. Atividades físicas, acupuntura, massoterapia e shiatsu ainda servem de terapia complementar, conta o médico.

Cuidados com a saúde mental