Alcoolismo é doença: Bárbara Gancia revela que provou álcool pela 1ª vez aos 3 anos

por | maio 17, 2019 | Saúde

Além de boa parte das pessoas não levar o alcoolismo a sério como uma doença, considerando o problema apenas como uma fraqueza de quem sofre com ele, muita gente acha que é preciso passar por uma situação traumática para começar a beber, mas isso não é necessariamente verdade – algo que a história da jornalista Bárbara Gancia pode provar.

No “Conversa com Bial” (Rede Globo), a jornalista e ex-apresentadora do “Saia Justa” (GNT) falou sobre o livro “A Saideira”, escrito por ela sobre a relação assustadora que tem com o álcool desde que era criança e, no chocante depoimento, mostrou que mesmo as pessoas mais felizes podem acabar caindo no caminho do alcoolismo.

Bárbara Gancio conta história com alcoolismo

Questionada por Bial sobre como sua relação com o álcool começou, ela surpreendeu ao comentar que sua primeira vez experimentando uma bebida alcoólica foi aos três anos. Na infância, ela ainda não bebia compulsivamente, mas foram várias as situações em que ela já se mostrou inclinada a consumir a substância, sendo a primeira delas em uma festa infantil.

Segundo a jornalista, ela pegou restos de bebidas em copos que já estavam indo para a cozinha e tomou um após o outro. “Depois, me encontraram no corredor trançando as pernas. Eu gostei”, disse Bárbara, afirmando que a segunda experiência dessas aconteceu pouco tempo depois, aos seis anos. “Minha mãe tinha uns bombons, eu ia lá, furava e tomava o licor. Também me encontraram em uma situação pecaminosa”, afirmou.

Mais tarde, aos nove anos, ela passou por outra situação como essas, mas que saiu ainda mais do controle. “Meu pai foi jogar bola em um fim de semana e a gente tinha um ponche. Falei: ‘Nossa, que coisa encantadora’, e comecei a tomar. Foram me achar de noite em uma estrada de terra lá em Sorocaba – eu já estava em Sorocaba – deitada, admirando a lua e cantando”, disse ela.

Ainda que não bebesse com uma frequência alta na infância, na pré-adolescência de Bárbara isso passou a acontecer. No programa, ela contou que aos 14 anos já passou a ir em festas nas quais o álcool era visto como “necessário”. “Estudei em um colégio de gringos, de inglês, e era assim: se você não bebesse, era meio ‘out’, estava fora. Comecei a beber, só que bebia mais que os outros”, disse ela, indicando que já havia, ali, um problema.

Ao contrário do que muita gente acredita, Bárbara explicou que traumas e situações tristes não são os únicos gatilhos para o alcoolismo – algo que, segundo ela, pode ser disparado por algo muito mais simples: o gosto pela bebida. “Comecei a beber porque meu metabolismo é um e aquilo casou comigo, eu gostei. Sempre falo o seguinte: o Corinthians ganha, eu bebo. O Corinthians perde, eu bebo. O Corinthians empata, eu bebo. E eu sou Santista”, disse.

Apesar de o alcoolismo ser visto frequentemente como decorrente de fraquezas e até preguiça de mudar a situação problemática, o vício é algo sério e Bárbara explicou o que torna o corpo dependente. “O corpo opera em modo econômico, e quando a euforia está vindo de fora, os hormônios param de ser produzidos. Os hormônios do prazer, ele corta. Você vai fazendo isso com muita frequência, o corpo se acostuma, e é por isso que quando você para de beber, cai em um abismo de angústia”, afirmou a jornalista.

Por muito tempo, ela disse ter passado por um bocado de situações vexaminosas – como a de cair em um lago de carpas durante uma festa e permanecer no evento mesmo ensopada e coberta por plantas aquáticas –, além de um acidente de carro no qual acabou perdendo um dos olhos, mas não teve sucesso nas primeiras vezes em que tentou parar com o álcool. Foi então que Ruy Castro, amigo de Bárbara e também jornalista, encontrou uma forma de levá-la para a reabilitação.

Como também lidou durante anos com o vício em álcool, Ruy tinha de voltar à clínica de reabilitação periodicamente para fazer avaliações e, em uma delas, pediu que Bárbara o levasse. Na ocasião, ela ainda não se via como uma alcoólatra, mas tudo mudou quando decidiu fazer uma espécie de teste sobre o assunto, respondendo perguntas sobre seus hábitos com a bebida. “Gabaritei a prova”, brincou.

Após a reabilitação e idas a grupos de auxílio a pessoas viciadas, porém, a jornalista finalmente conseguiu romper o ciclo do vício e está há 11 anos sem beber absolutamente nenhuma gota de álcool. Hoje, ela relembra o processo com orgulho, e afirma categoricamente que não se sente tentada a voltar para o caminho sombrio que trilhou durante boa parte da vida.

“Na hora que você para [de beber], cai em uma angústia tão grande porque não está produzindo essa serotonina, que você volta a beber no dia seguinte. Depois, quando você vê tudo o que construiu depois que parou de beber, não quer mais jogar fora. Não tenho vontade nenhuma”, afirmou Bárbara.

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