Recentemente, o caso de um adolescente norte-americano de 19 anos que está em coma enquanto trata um problema respiratório grave e misterioso chamou a atenção de veículos em todo o mundo – tudo porque, conforme apontam os médicos responsáveis pelo caso e dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a doença pode estar ligada ao uso de cigarros eletrônicos.
Jovem em coma após usar vape: o que se sabe?
Conforme noticiou o veículo norte-americano “ABC11”, o adolescente está em coma induzido e respirando com o auxílio de aparelhos no Hospital da Universidade da Pensilvânia após apresentar um quadro de problemas respiratórios bem graves que evoluiu rapidamente – algo que está sendo atribuído ao “vaping” (ou seja, uso do vape, ou cigarro eletrônico).
“Eles sabem que é [por causa do] ‘vaping’. Isso é novo até para os médicos. Eles me falaram de cara, sabe, estamos tratando tudo o que ele tinha. Quando ele chegou, estava com uma pneumonia dupla. Eles trataram isso com antibióticos. Estão tratando todas as coisas, mas ainda há partes que nem eles estão entendendo”, disse a mãe do garoto ao veículo.
Segundo o pai do garoto, tudo começou com acessos de tosse duas semanas antes da internação e, hoje, há a possibilidade de ele precisar fazer um transplante de pulmão.
Investigação do CDC sobre riscos do vape
O caso do jovem, porém, não é o único, e dados impressionantes sobre a possível relação entre o uso do vape e esta doença misteriosa foram compartilhados pelo CDC recentemente. Conforme informaram em um comunicado, além de uma morte recente em Illinois a partir de um quadro ligado ao vaping, 215 casos parecidos foram reportados em 25 estados norte-americanos.
O alto número de casos, por sua vez, fez com que tanto o CDC quanto a Food and Drug Administration (FDA, órgão norte-americano que fiscaliza medicamentos, cosméticos, alimentos e outros produtos) iniciassem uma investigação sobre essa condição respiratória – e, algumas informações e orientações já foram compartilhadas com o público.
No comunicado, o órgão afirma que, ainda que vários casos sejam semelhantes e pareçam ter ligação direta com o uso do vape, a situação requer uma investigação bem completa para que haja confirmação, e ela abrange tanto as substâncias usadas nos cigarros eletrônicos quanto diferentes tipos de aparelho e possíveis modificações ou contaminações neles.
Como a doença se manifesta?
Ainda que alguns casos tenham suas particularidades, vários deles são parecidos e, segundo o CDC, os principais sintomas em geral se resumem a dificuldade em respirar, falta de ar e dor no peito. Além disso, alguns pacientes também apresentaram alterações gastrointestinais (náusea, vômito e diarreia) e mal-estar geral acompanhado de febre.
Normalmente, estes sintomas se desenvolvem em um intervalo curto, de alguns dias, mas há também a possibilidade de eles se manifestarem ao longo de muitas semanas. Às vezes, os sintomas gastrointestinais se manifestam antes dos respiratórios.
Possíveis causas da doença
Ainda que os casos e dispositivos ainda estejam sob investigação, algumas suspeitas já foram levantadas pelo CDC e pela FDA, como a possibilidade de alterações em vapes estarem potencializando o efeito de determinadas substâncias, ou de tanto os aparelhos quanto as substâncias usadas nele terem uma procedência duvidosa e não autorizada por órgãos fiscalizadores.
Além disso, de acordo com um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores britânicos e norte-americanos, o uso dos vapes pode intensificar efeitos nocivos dos líquidos usados nestes dispositivos, levando à necrose e à apoptose (“suicídio celular”) dos macrófagos alveolares, células de defesa do corpo localizadas nos pulmões.
Medidas preventivas
Como a investigação ainda não concluiu uma causa exata para o problema – e nem a ligação direta entre seu aparecimento e o uso dos cigarros eletrônicos -, o CDC divulgou algumas medidas gerais que podem ajudar a prevenir um aumento no número de casos. São elas:
- Não comprar cigarros eletrônicos ou dispositivos similares em locais não confiáveis;
- Não modificar aparelhos desse tipo nem utilizá-los com substâncias que não são indicadas pelo fabricante como ideais para eles;
- Independente das investigações, adolescentes, jovens adultos, mulheres grávidas e adultos que não costumam usar produtos à base de tabaco não devem fazer uso de vapes;
- Atentar para sintomas característicos após o uso do dispositivo (tosse, falta de ar e dor no peito) e buscar auxílio médico o mais rápido o possível caso eles apareçam;
- Apostar apenas em tratamentos certificados como mecanismo para parar de fumar.
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