Entenda por que o consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode impactar até na saúde mental
Alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por uma série de etapas na produção e, com isso, perdem boa parte de suas características naturais. O consumo deles já foi ligado a inúmeros males de saúde – e, recentemente, um estudo brasileiro concluiu que inclui-los de forma exagerada na alimentação aumenta o risco até mesmo de depressão persistente.
Estudo relaciona ultraprocessados e depressão
Conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado no periódico Journal of Academy of Nutrition and Dietetics, um estudo recente relacionou o consumo de alimentos ultraprocessados e a ocorrência de depressão persistente.

Esses alimentos são aqueles que, ao contrário do que se chama de in natura, passam por diversos processos até chegar à mesa. É o caso, por exemplo, de produtos que parecem se tratar de um só ingrediente, mas têm no rótulo uma lista enorme. Salgadinhos, biscoitos, fast food e alimentos industrializados em geral entram nessa categoria.
Segundo o estudo, o consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode aumentar em até 58% o risco de desenvolver uma depressão persistente. Esse tipo de depressão é caracterizado por crises recorrentes ou contínuas, às vezes de difícil tratamento.
Detalhes do estudo
Para realizar o estudo, pesquisadores usaram dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que acompanha a saúde de servidores públicos no País. O processo se baseou na quantidade de calorias diárias que vinham de alimentos ultraprocessados, algo que dividiu os participantes em dois grupos.

Enquanto um grupo baseava a dieta entre 0% e 19% nesses alimentos, outro tinha 34% a 72% da alimentação diária baseada neles. Em um comunicado, Naomi Vidal Ferreira, pós-doutoranda da FMUSP e autora principal do estudo, explicou os resultados.
“Aqueles que consumiam mais ultraprocessados no início do estudo apresentaram um risco 30% maior de desenvolver o primeiro episódio de depressão ao longo dos oito anos seguintes à primeira análise”, declarou.
Por que ultraprocessados impactam na saúde mental?
De acordo com a pesquisadora, essa relação é pautada no que se deixa de comer quando a dieta é muito baseada em ultraprocessados.
“Se uma pessoa consome mais de 70% da energia diária proveniente de produtos ultraprocessados, ela acaba deixando de ingerir alimentos ricos em fibras, antioxidantes e vitaminas, que são fundamentais para o funcionamento do cérebro”, disse a pesquisadora, reforçando que outras substâncias frequentemente presentes nesses alimentos também têm impacto negativo.

“A presença de aditivos artificiais e gorduras saturadas pode desencadear processos inflamatórios, um fator associado ao desenvolvimento da depressão”, explicou Ferreira.
Consumo seguro de ultraprocessados para a saúde mental
O estudo em questão também incluiu uma simulação relacionada à diminuição do consumo e a relação disso com o risco de depressão. Isso mostrou que reduzir em apenas 5% o consumo diário de ultraprocessados por alimentos menos processados já ajuda a reduzir em 6% o risco de desenvolver depressão.
Já quando a redução do consumo fica em torno de 20%, o risco de ter o transtorno cai em 22%.
