O câncer de pulmão em não fumantes tem se tornado cada vez mais comum e era a doença com que Lili Spada, empresária que morreu aos 42 anos, tinha
O tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão, mas não é o único. A ocorrência da doença entre quem não fuma tem aumentado, segundo estudos, e o assunto veio à tona após a morte de Lili Spada, empresária e influencer que morreu aos 42 anos após menos de quatro meses convivendo com um câncer desse tipo.
Entenda o caso abaixo e saiba mais sobre o câncer de pulmão em não fumantes, como ele acontece e seus diferenciais.
Lili Spada tinha câncer de pulmão não relacionado ao cigarro
A morte da empresária Lilian Martins Gomes, conhecida como Lili Spada, chocou quem a acompanhava. Isso porque ela morreu com 42 anos – e, apesar da causa da morte não ter sido informada ao público, ela convivia com um câncer de pulmão. O diagnóstico aconteceu em agosto e ela vinha, desde então, se submetendo a um tratamento experimental.
Logo que descobriu a doença, Lili veio a público explicar quais foram os sinais. Segundo ela, a busca por atendimento médico veio após uma forte e persistente dor nas costas que irradiava para a cabeça. No hospital, após exames, o tumor de pulmão foi constatado e ela logo foi internada.
No mesmo vídeo, ela também citou a questão de ter um câncer de pulmão sem nunca ter fumado. “É meio raro, característico de mulheres novas que não fumam. Quando falei para as pessoas o que eu tinha, a primeira pergunta de todo mundo era: ‘Você fumou ou fuma?’/ Eu nunca fumei, levo uma vida saudável o máximo que posso”, declarou.
Na época, ela informou que o tratamento seria feito por via oral e que se tratava de um protocolo bastante avançado, aplicado apenas em grupos de estudos. Três meses depois, em novembro, ela contou que o tumor vinha diminuindo, mas que ela estava lidando com uma inflamação no pulmão.
“Comecei a sentir dor, mas não é qualquer dor. Comecei a sentir dor de verdade. Não é por conta do tumor, o tumor graças a Deus continua diminuindo. O problema agora é uma inflamação no pulmão. Essa inflamação me causa desconforto, falta de ar e dor que irradia para a cabeça”, disse ela. Na ocasião, ela foi medicada para dor com remédios fortes e seguiu com o tratamento.
Câncer de pulmão em não fumantes: estatísticas
Segundo informações disponíveis na Biblioteca Nacional de Medicina, órgão norte-americano, o câncer de pulmão em não fumantes é uma doença emergente. O câncer de pulmão em si lidera a lista de cânceres que mais matam no mundo e o tabagismo segue sendo o principal fator de risco do quadro. Ainda assim, a incidência da doença sem ligação com o tabagismo tem crescido, chamando a atenção de pesquisadores.
Mesmo em meio à queda no uso de cigarro, que é uma tendência global das últimas décadas, órgãos de saúde estimaram mais de 20 mil mortes ligadas a câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Casos da doença sem associação com o tabagismo são mais comuns em mulheres – e as jovens ou de ascendência asiática têm ainda mais chances de ter a doença.
Aproximadamente dois terços dos casos acontecem em mulheres e, por isso, é possível afirmar que mulheres que nunca fumaram têm o dobro de chance de chances de ter câncer de pulmão em comparação com homens que nunca fumaram. Estima-se que, atualmente, o câncer não ligado ao tabagismo seja a 5ª causa mais comum de mortes por câncer no mundo.
Causas do câncer de pulmão não relacionado a cigarro
Mas, afinal, o que causa câncer de pulmão além do cigarro? Como esse quadro em pessoas que nunca fumaram têm se tornado cada vez mais comuns, especialistas ainda estão estudando as particularidades da doença. Há, porém, indícios de outros fatores que podem causá-la.
Em informações divulgadas pelo Instituto Vencer o Câncer, o oncologista Antonio Carlos Buzaid afirma que o elevado nível de poluição atmosférica pode ser um agravante na alta de casos de câncer de pulmão em quem não fuma. Além disso, na mesma publicação, o oncologista Marcos Magalhães cita ainda o “tabagismo de segunda mão” (ato de ser fumante passivo) e fatores genéticos.
Segundo ele, a exposição a radiação e mutações genéticas, especialmente EGFR e ALK também estão muito presentes no histórico de quem desenvolve a doença sem fumar. Pessoas que têm Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a DPOC, também têm risco aumentado de ter câncer de pulmão.
Agravantes do câncer de pulmão em não fumantes
Conforme citam os especialistas do Instituto Vencer o Câncer, a ocorrência desse câncer é desafiadora. Isso porque o rastreio do câncer de mama foca na população com mais riscos de desenvolver a doença. Sendo assim, quem não fuma e tem menos de 70 anos de idade não costuma levantar suspeitas. Isso faz com que as pessoas com câncer não relacionado ao tabagismo, geralmente mais jovens, descubram a doença apenas em estágios avançados.
Além disso, tumores de pulmão que não têm relação com o tabaco têm particularidades. Eles apresentam genes diferentes e, por isso, podem responder melhor a tratamentos específicos. Ocasionalmente, esses tratamentos não estão no topo da lista de protocolos indicados para casos de câncer de pulmão.
Tudo isso dificulta o diagnóstico e o tratamento da doença, além de piorar o prognóstico. Por isso, especialistas buscam formas de melhorar o rastreio – como realizar exames específicos em pessoas que nunca fumaram, mas têm na família histórico de doenças pelas mutações EGFR e ALK, por exemplo.
Diagnóstico e sintomas
O câncer de pulmão, seja ele causado por tabagismo ou não, é uma doença silenciosa. Ela pode dar sintomas apenas quando já está em estágios avançados, e eles tendem a ser bastante inespecíficos. Tosse e rouquidão estão entre os mais comuns.
Sendo assim, a melhor forma de buscar o diagnóstico precoce é ter acompanhamento médico regular especialmente ao apresentar fatores de risco. Pessoas que fumam e pessoas que têm histórico da doença na família (independentemente do tabagismo), por exemplo, devem se manter alertas e buscar um bom pneumologista.
O diagnóstico da doença é feito a partir de exames de imagem, como PET Scan, tomografia e ressonância magnética. Podem ser necessários exames complementares, como de sangue ou biópsias, para entender melhor a natureza do tumor e suas particularidades.