Paciente diabética passa a produzir a própria insulina após tratamento com células retiradas do próprio corpo

por | set 27, 2024 | Saúde

O teste de um novo tratamento para diabetes tipo 1 com células “reprogramadas” deu à ela a possibilidade de viver sem aplicações de insulina – algo inédito

Há, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 422 milhões de pessoas com diabetes no mundo. As que têm diabetes tipo 1 são dependentes de aplicações de insulina para controlar a doença – mas, recentemente, um teste clínico com transplante de células coletadas da própria paciente e modificadas em laboratório fizeram com que uma mulher que

Pessoas que têm diabetes tipo 1 dependem de aplicações de insulina para controlar a doença. Isso acontece porque, nelas, o sistema imunológico ataca o pâncreas, minando a produção natural dessa substância. Recentemente, porém, um teste clínico fez com que uma paciente anteriormente dependente de insulina passasse a produzi-la sozinha – tudo após um transplante com células coletadas do próprio corpo dela e modificadas.

Tratamento para diabetes tipo 1 faz paciente produzir a própria insulina

tratamento para diabetes tipo 1
Medidor de glicemia (Crédito: Nataliya Vaitkevich)

Publicado no periódico “Cell” recentemente, um estudo realizado por pesquisadores na China fez com que uma mulher de 25 anos com diabetes tipo 1 passasse a levar uma vida normal, sem precisar de aplicações de insulina. Isso ocorreu após um transplante de células quimicamente modificadas – células que, inclusive, foram coletadas da própria paciente.

Há dois tipos de diabetes, e ambos levam a altas taxas de glicose no sangue, podendo gerar complicações graves. O tipo 2 é aquele que, por diversos motivos, o organismo se torna resistente à insulina produzida. Já o tipo 1, anteriormente conhecido como “diabetes juvenil”, costuma ser diagnosticado na infância, visto que é uma condição autoimune.

Quem tem esse tipo de diabetes precisa repor no organismo a insulina, substância secretada pelo pâncreas que serve para regular a glicemia. Sendo assim, esses pacientes aplicam injeções da substância pelo resto da vida – algo que a participante do estudo, cujo nome não foi revelado, não precisa mais fazer há um ano.

Diabetes tipo 1: como funciona o tratamento com células-tronco

Medidor de glicemia (Crédito: isens usa/Unsplash)

Há anos, pesquisadores já testam um tipo de transplante para diabetes. Ele, no entanto, é feito com tecido retirado do pâncreas de pacientes saudáveis, oferecendo ao novo organismo células que têm a habilidade de produzir insulina. Esse procedimento se chama transplante de ilhotas pancreáticas – e, como o tecido vem de um doador, pode haver rejeição.

Buscando minimizar as chances de rejeição e acabar com a necessidade de doadores disponíveis, os autores do estudo mais recente decidiram utilizar células-tronco do próprio paciente. Essas células, que têm potencial de reconstruir tecidos no corpo, fica na medula óssea. Após a coleta, pesquisadores modificaram certas características nelas de forma a “transformá-las” em ilhotas pancreáticas.

A seguir, três pacientes com diabetes tipo 1 receberam o transplante. O procedimento para isso durou menos de meia hora e injetou o material diretamente no abdômen dos voluntários. Em breve, as duas outras pessoas que participaram do estudo completarão um ano desde o transplante, com resultados também “promissores”, segundo os cientistas.

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Insulina (Crédito: Dennis Klicker/Unsplash)

No caso da mulher de 25 anos – que afirmou estar feliz por poder consumir alimentos com glicose em entrevista à “Nature” – não houve indícios de rejeição. Ainda assim, é preciso aguardar os resultados dos outros dois participantes. Isso porque, conforme se explica no estudo, a paciente já havia feito o tipo convencional de transplante de ilhotas e, para isso, havia tomado imunossupressores.

Os pesquisadores frisam também que é necessário aguardar a possibilidade de ampliar os testes, bem como seguir avaliando os resultados da paciente. Ela poderá se considerar “curada” do diabetes tipo 1 após completar 5 anos de produção própria de insulina desde o transplante.

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