Após a amputação do reto no tratamento de câncer colorretal, Preta Gil fez a reconstrução do intestino, algo que nem sempre é possível. Mas, afinal, como ficam os pacientes após um procedimento assim?
Enfrentando um novo diagnóstico de câncer, uma recidiva do tumor colorretal que retirou em 2023, Preta Gil deu detalhes do que viveu e ainda vive em meio ao tratamento. Após sessões de quimioterapia e radioterapia, a cantora fez uma extensa cirurgia – e, recentemente, levantou dúvidas ao afirmar que, nela, amputou o reto.
Afinal, o que acontece após alguém passar por uma cirurgia como essa? É possível retomar o funcionamento do intestino após amputar o reto? Entenda abaixo o que acontece em casos de câncer colorretal como o de Preta:
Preta Gil fala abertamente sobre cirurgia de amputação do reto
Em entrevista ao “Fantástico” após o diagnóstico de recidiva do câncer colorretal com metástases, Preta Gil se abriu sobre a jornada. Em sua fala, ela frisou que faz questão de divulgar os detalhes especialmente para combater o tabu que existe acerca de um câncer que acomete o ânus ou outras porções do intestino.
“Tudo nessa doença é um grande tabu. Eu amputei o reto e não posso ter vergonha porque é a minha realidade!”, declarou ela no papo com a jornalista Maju Coutinho, aconselhando outras pessoas que passam por situações parecidas. “Faço questão de falar abertamente justamente com essa intenção de que as pessoas não se envergonhem, que peçam ajuda”, declarou.
Câncer de Preta Gil: do diagnóstico à amputação do reto
Preta Gil teve o diagnóstico de câncer colorretal no início de 2023. Após fazer quimioterapia e radioterapia, ela realizou então uma cirurgia de amputação do reto, onde se remove o tumor e parte do intestino. Além disso, a operação também removeu o aparelho reprodutor (histerectomia).
No procedimento, criou-se uma ostomia, “saída alternativa” do intestino no abdômen. Com isso, a cantora passou alguns meses usando uma bolsinha de ileostomia para eliminação das fezes. Posteriormente, ela realizou uma nova cirurgia para reconstrução do trato intestinal e reversão da ileostomia.
Ainda pouco após a cirurgia, Preta chegou a falar sobre a recuperação, lembrando que o intestino, após a reconstrução, demora para retomar as atividades. Em desabafos, a cantora afirmou que usava, na época, fraldas devido a incontinência fecal.
Amputação do reto no tratamento de câncer colorretal
O câncer colorretal é um tipo de câncer em que o tumor se desenvolve no cólon ou no reto. Isso significa que ele pode surgir em diversas partes do intestino, incluindo no ânus (reto). De acordo com informações da instituição britânica Cancer Research UK, a maior parte das pessoas com esse diagnóstico passa por cirurgia, e há dois tipos de operação nesses casos.
No caso da microcirurgia endoscópica transanal (TEM), se remove o tumor por endoscopia, incluindo também uma margem de tecido saudável por precaução. Já na excisão total do mesorreto (ETM), caso de Preta Gil, o cirurgião remove totalmente o trecho do reto afetado pelo câncer, incluindo parte do tecido saudável próximo dela.
O tipo e as consequências da cirurgia de amputação do reto (o mesmo que a ETM) dependem de uma série de fatores. O local onde o tumor está é o principal deles, pois determina a porção do intestino a ser removida. Há três tipos principais desse procedimento:
- Quando o câncer está no topo do reto – ou seja, na parte do reto que fica mais “longe” da abertura anal –, essa porção é removida e, posteriormente, pode se unir o fim do cólon ao que sobra do reto.
- Quando o câncer está na metade do reto, o médico remove a maior parte desse trecho do intestino e, posteriormente, religa o cólon diretamente ao ânus.
- Quando o câncer está “baixo” – ou seja, bem próximo da abertura anal –, remove-se completamente o reto, bem como o ânus, que é fechado. Nesse caso, nem sempre é possível realizar uma cirurgia de reconstrução do trato intestinal.
Todos esses tipos de cirurgia são amputações retais. A depender da situação do intestino do paciente, é feita uma ileostomia temporária para que o trato intestinal se recupere. Esse foi o caso de Preta – que, meses depois, passou pela reconstrução e pôde reverter a ostomia.
Vida após a cirurgia
Nem sempre, porém, é possível realizar a reconstrução. Mas, afinal, como fica uma pessoa que teve o reto e o ânus amputados? Quando não sobre tecido suficiente para reconstruir a passagem entre o cólon e o ânus, o ânus é fechado e a ostomia (saída alternativa para o intestino) é mantida permanentemente. O paciente então usa uma bolsinha de colostomia para eliminação das fezes por toda a vida.
No caso de um paciente que faz a reconstrução do intestino após a amputação, a recuperação é lenta e gradual. O intestino precisa “reaprender” a funcionar pelo caminho que fazia anteriormente, e não mais através da ostomia. Além disso, o canal retal está mudado, algo que também requer reabilitação. É comum, portanto, que o paciente faça fisioterapia e tenha incontinência fecal temporária ou permanente.