O novo tratamento de câncer garante início mais rápido em casos urgentes e deve estar disponível pelo SUS ainda em 2025
Desenvolvida pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, uma nova terapia celular promete aprimorar o tratamento de câncer. Isso porque, assim como uma terapia-alvo já existente, ela “ensina” o sistema imunológico a combater a doença – mas, com essa novidade, é possível fazer isso com o sangue de um doador saudável, garantindo agilidade ao tratamento.
USP de Ribeirão Preto pesquisa novo tratamento de câncer
O Hemocentro de Ribeirão Preto, fundação ligada ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, está estudando uma nova forma de tratar certos cânceres. Se trata da chamada CAR-NK, tipo de terapia-alvo semelhante à já utilizada CAR-T.
“CAR” é uma sigla em inglês para o nome “Receptor de Antígeno Quimérico”. Com essa técnica, as células do sistema imunológico do paciente são modificadas para que identifiquem e combatam células cancerosas de forma direcionada, algo que elas têm dificuldade de fazer naturalmente.
A terapia CAR-T já é utilizada no tratamento de alguns cânceres, mas enfrenta um problema. Isso porque, para realizá-la, é preciso fabricar a terapia a partir do sangue do próprio paciente, processo que pode durar algumas semanas. Em alguns casos, essas semanas são algo precioso para o paciente, que poderia se beneficiar de um tratamento imediato.
É aí que entra a CAR-NK. Isso porque, com a nova tecnologia – que é inédita no Brasil –, é possível deixar essa terapia celular pronta a partir do sangue de doadores saudáveis. Com isso, a partir do momento em que houver necessidade de utilizá-la em um paciente, ele não precisa esperar a fabricação do medicamento.
Além dessa vantagem, a CAR-NK é menos custosa. Isso porque, com material de um doador, é possível fabricar células suficientes para tratar mais de um paciente. No caso da CAR-T, as células modificadas a partir da amostra do paciente podem ser utilizadas apenas por ele.
A princípio, as duas terapias só atuam contra leucemia linfoide aguda de células B ou linfoma não-Hodgkin de células B. Ainda assim, o mesmo conceito com bases um pouco diferentes já está sendo estudado para diversos outros tipos de câncer.
Novo tratamento de câncer: quando fica pronto
O novo tratamento de câncer proposto e estudado pela USP de Ribeirão Preto ainda está em fase de testes. O próximo passo é preparar os testes clínicos em humanos – tudo com um investimento de. R$ 50 milhões recebido recentemente. Os recursos vêm do edital Mais Inovação Brasil.
A expectativa da equipe é a de conseguir registrar o medicamento sob as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até 2025. Ela deve ser disponibilizada a pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).