O que é a neuralgia do trigêmeo, doença que causa a “pior dor do mundo” em tiktoker

por | jul 4, 2024 | Saúde

Distúrbio nervoso crônico é tão doloroso e incapacitante que fez influencer optar pela eutanásia fora do Brasil

Convivendo com neuralgia do trigêmeo há 11 anos, a influencer Carolina Arruda é conhecida nas redes sociais por ter o que se chama de “a maior dor do mundo”. A sensação de choques elétricos na face que o distúrbio causa são incapacitantes e constantes – e, sem tratamento, ela recentemente revelou ter optado pela eutanásia.

Entenda o que é a neuralgia do trigêmeo, doença conhecida por causar “a maior dor do mundo”, de acordo com estudos.

Influencer com neuralgia do trigêmeo tem dor incapacitante há 11 anos

Especialmente no TikTok, Carolina Arruda é conhecida por compartilhar a rotina que tem por conviver com “a maior dor do mundo”. A jovem de 27 anos de idade tem neuralgia do trigêmeo, um distúrbio que acomete o nervo trigêmeo. Esse nervo fica na cabeça e é responsável por conduzir impulsos nervosos para o rosto, gerando as sensações naturais que se tem na face.

neuralgia do trigêmeo
Carolina Arruda, influencer com a “pior dor do mundo” (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Conforme já contou em uma série de vídeos, ela convive com a condição há onze anos, desde a época em que estava grávida da única filha. Conforme as dores causadas pelo distúrbio aumentaram progressivamente, passando a afetar ambos os lados do rosto, Carolina ficou incapacitada de trabalhar ou viver um dia a dia normal.

No TikTok, ela explica que a dor (de nível 6 em uma escala de 0 a 10) é constante, mas aumenta diante de alguns gatilhos. Essas crises de dor (de nível 10) acontecem repentinamente ao longo do dia, durando alguns minutos e se repetindo. Conforme documentado por Carol, ela ocasionalmente precisa ir ao hospital para tomar medicações mais fortes.

Opioides, Canabidiol e eutanásia na Suíça

Em casa, Carolina utiliza dois analgésicos da classe dos opioides, incluindo Morfina, bem como Canabidiol para controle da dor, mas não encontra alívio. Por isso, recentemente, ela decidiu fazer um financiamento coletivo para arrecadar fundos e viajar para a Suíça, onde a eutanásia é legalizada.

Neuralgia do trigêmeo, doença de Carolina Arruda, tem (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Em um texto, ela explicou como se sente sobre a decisão, que lhe custará cerca de R$ 150 mil. “Esta é uma decisão profundamente pessoal e dolorosa, mas acredito ser a melhor solução para acabar com o sofrimento interminável que enfrento diariamente. Sua contribuição, por menor que seja, fará uma diferença imensa na minha vida, permitindo que eu tenha uma despedida tranquila e digna, livre da dor que me atormenta”, declarou.

Casada e mãe, ela frequentemente assegura que o marido e a filha compreendem sua decisão. Até a publicação dessa reportagem, a vaquinha criada por Carolina já havia ultrapassado R$ 40 mil em doações.

Neuralgia do trigêmeo: o que é

De acordo com o órgão britânico Trigeminal Neuralgia Association, a neuralgia do trigêmeo é um distúrbio em que o nervo de mesmo nome não funciona como o esperado, causando na face uma dor conhecida como uma das piores conhecidas pelo homem. Essa dor geralmente é unilateral e desencadeada pelos mais variados gatilhos, como um simples toque no rosto ou o ato de pentear os cabelos.

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Carolina toma uma série de remédios (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Nervos são responsáveis pela comunicação entre o cérebro e o restante do corpo, e conduzem impulsos elétricos que geram as mais variadas sensações. O nervo trigêmeo é responsável por gerar as sensações que temos no rosto – e, quando ele não funciona adequadamente, em vez de gerar o que sentimos quando tocamos levemente a face, por exemplo, ele gera a dor.

Sintomas da doença

Além da dor, esse distúrbio nervoso também pode causar alterações nos movimentos da face, especialmente durante as crises. É possível, por exemplo, que apenas um dos olhos se feche, ou que uma porção do rosto fique enrijecida.

A “pior dor do mundo” geralmente acomete apenas um lado da face, se manifestando na bochecha ou na região da mandíbula. Em alguns casos, ela acontece ao redor do olho e na testa. Quando há dor dos dois lados, a doença é chamada de bilateral – caso de Carolina, que inclusive é bastante raro.

Carolina toma morfina e canabidiol (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Causas da neuralgia do trigêmeo

Esse distúrbio acontece quando o nervo trigêmeo acaba danificado de alguma forma. Isso pode acontecer por uma série de fatores que incluem:

  • Trauma;
  • Alguns tipos de infecção viral (como herpes zoster);
  • Cirurgia prévia próxima ao nervo;
  • Tumores de cabeça.

No caso de Carolina, acredita-se que o distúrbio foi ocasionado por um forte quadro de dengue que ela teve durante a gravidez. Além disso, ele pode ter sido potencializado por uma malformação que a influencer tem próximo ao nervo, algo que gera compressão.

Neuralgia do trigêmeo tem cura?

Essa doença é crônica e, portanto, não é curável. Ainda assim, a maior parte dos pacientes alcança alívio e controle dos sintomas com medicações ou outras terapias.

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A jovem em uma de suas passagens pelo hospital por crises de dor (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

É possível utilizar medicamentos analgésicos e até outras classes de remédios como antidepressivos e anticonvulsivantes para manter o funcionamento do nervo sob controle. Quando o tratamento conservador não surte efeito, é possível buscar uma intervenção cirúrgica.

Nesses procedimentos, médicos podem realizar o bloqueio do nervo trigêmeo, onde um anestésico é injetado localmente e diretamente nessa estrutura da face. Também é possível fazer uma rizotomia, procedimento que impede a passagem de impulsos nervosos pelo nervo.

Segundo Carolina, que já fez cinco cirurgias, nenhum dos tratamentos existentes fez qualquer efeito sobre a dor. Conforme contou em um vídeo recente, ela observou diminuição do número de crises diárias com o uso de Canabidiol, mas a intensidade e constância da dor permanece a mesma.

Carolina Arruda em uma de suas idas ao hospital (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

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