Hora do almoço

por | jun 30, 2016 | Alimentação

Todo mundo sabe que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, mas o almoço talvez seja a mais esperada – afinal, é a paradinha estratégica no meio do expediente para desanuviar as tensões do trabalho. Mas, muitas vezes, as pessoas descontam nele todas as frustrações e as ansiedades vividas no escritório. E os restaurantes sabem ofertar comidas perfeitas para satisfazer os nossos prazeres, só que acabam desrespeitando a nossa saúde. No entanto, é bom ficar claro: isso só acontece porque fazemos escolhas erradas na hora de montar o prato.

A analista de sistemas Érica Alves, 31 anos, sentiu na pele o quanto uma mudança no cardápio pode afetar o peso e as medidas de uma pessoa. Quando trocou de empresa e começou a almoçar em restaurantes self-service, a balança saltou dos 65 para os 76 quilos. “No trabalho anterior, o esquema era de bandejão no refeitório com acompanhamento de nutricionistas. Almoçando na rua, em meio a várias tentações, não consegui resistir. Agora estou pagando o preço”, conta ela, que garante que as outras refeições permaneceram as mesmas.

O arroz, feijão, verdura e carne, ou seja, o prato típico do brasileiro é o ideal. É completo e não tem erro

O drama de Érica é compartilhado por muitas pessoas que, ao verem tantas opções expostas nos restaurantes, ficam confusas ao montar um prato balanceado e saudável. Seriam os restaurantes self-services os grandes vilões da boa-forma? A nutricionista Cláudia Stela Gonzaga garante que não. “O vilão, na verdade, é a nossa falta de educação alimentar. A comida não é apenas fonte de energia, mas sim um meio de manter a saúde. Quando entendemos isso, não cometemos esses excessos”, afirma. Portanto, deixe de lado as gorduras, frituras e guloseimas.

Já a endocrinologista e nutróloga Ellen Simone Paiva, diretora clínica do CITEN – Centro Integrado de Terapia Nutricional, diz que dos males o menor. “Entre ficar sem comer ou optar por um hambúrguer ou comida instantânea, o self-service é a melhor opção. Basta saber fazer as escolhas”, afirma. Para não errar, ela sugere que o prato seja semelhante ao que normalmente é servido em casa.

Como feito em casa

A grande dificuldade, entretanto, é saber resistir às tentações. “Esses restaurantes oferecem alimentos que só comemos em ocasiões especiais. A gente não tem lasanha frequentemente em casa e lá todo dia tem. A tendência é comer tudo ao mesmo tempo”, exemplifica Cláudia. De acordo com a nutricionista Cláudia Stela, o primeiro passo é não ir almoçar com fome – nesse momento o nosso cérebro está com pouca glicose e aí tendemos a escolher alimentos que possam nos fornecer essa glicose mais rapidamente, como os carboidratos. “A fome é uma sensação anormal do nosso corpo”, define.

Segundo as especialistas, para montarmos um prato equilibrado nutricionalmente, é preciso dividi-lo em três partes. Primeiramente, divida-o pela metade – nessa área, coloque as verduras e legumes de sua preferência (o ideal é que estejam crus). É bom lembrar que saladas com maioneses e cremes elaborados devem ficar de fora. A metade restante deve ser dividida novamente em duas partes iguais. Numa delas, serão colocados os carboidratos – dê preferência, por exemplo, ao arroz e massas integrais – e na outra, a proteína – carne, frango ou peixe. Tenha cuidado, pois estes estabelecimentos costumam servir carnes com cremes, legumes à milanesa e outras variantes que comprometem essa organização e que podem virar sinônimo de quilos a mais e saúde a menos.

Isso não quer dizer que não sejam permitidos os excessos de vez em quando. Mas que isso seja realmente muuuuito de vez em quando. Estrogonofe num dia, camarão na moranga no outro e risoto para fechar a semana não pode, né? Vá nos pratos mais simples. “O arroz, feijão, verdura e carne, ou seja, o prato típico do brasileiro é o ideal. É completo e não tem erro”, resume Ellen.

Se comer, não beba!

Bebida é sempre uma polêmica à parte. Embora todo mundo tenha o hábito de ingerir líquido enquanto come, esse costume atrapalha (e muito) a digestão. “A bebida ajuda a ocupar espaço no estômago. Muita gente que está tratando a obesidade se utiliza disso. Porém, a bebida mascara a consistência do bolo alimentar e os receptores que existem no nosso estômago não conseguem perceber os alimentos, dificultando a digestão”, explica a nutricionista Cláudia Stela Gonzaga.

Outro problema em se ingerir líquido durante a refeição é que, muitas vezes, as pessoas fazem isso para ajudar a comer de forma mais rápida. “Na correria, o líquido te ajuda a engolir a comida, descartando o processo de mastigação. Com isso, não se sente o gosto dos alimentos e o estômago fica pesado. Costumo dizer que mastigar fortalece os músculos do rosto e isso é ideal para prevenir as rugas”, brinca Cláudia. Ela lembra também que o cérebro precisa de um tempo para perceber que a pessoa está se alimentando e dar a sensação de saciedade. Se não conseguir descartar a bebida, prefira os sucos aos refrigerantes. Mas, nesse caso, a fruta já vale como sobremesa.

Doce delícia

Doces, tortas, bolos, sorvetes. São tantas as delícias disponíveis para encerrar a refeição que fica até difícil escolher. Porém, geralmente essas guloseimas são repletas de calorias. O ideal é deixar os doces de lado e optar por uma fruta, de preferência aquelas com vitamina C, que ajudam na absorção de ferro, como a laranja, goiaba e a tangerina.

As especialistas garantem que é possível, sim, manter a saúde freqüentando restaurantes tipo self-service. Elas, inclusive, lembram que uma alimentação correta na hora do almoço colabora na hora do jantar. “Se você almoça sem prazer, naquela pressão do escritório, acaba comendo muito à noite para relaxar. O jantar, ultimamente, tem sido a maior causa do aumento de peso”, informa a endocrinologista e nutróloga Ellen Simone Paiva, fazendo um alerta: “O peso final do prato não quer dizer nada no quilo. Arroz e feijão vão pesar mais que lingüiça e farofa. É importante ver, na verdade, onde estão as calorias”, conclui a médica.