A pandemia da Covid-19 forçou o isolamento social e fez com que o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhecesse, junto ao Ministério da Saúde, a telemedicina como uma possibilidade de atendimento aos pacientes à distância.
A novidade, hoje já incorporada por muitas pessoas, é bastante positiva, mas, por outro lado, também excluiu parte dos idosos do acesso à saúde, segundo um estudo realizado pela Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), Estados Unidos, e divulgado em 3 de agosto de 2020.
Idosos perdem acesso à saúde com telemedicina
Para muitos adultos mais velhos, a mudança na forma de atendimento resultou em interrupção dos cuidados.
De acordo com os pesquisadores, mais de um terço dos adultos com mais de 65 anos enfrenta dificuldades potenciais em consultar seu médico por telemedicina.
“A telemedicina não é totalmente acessível, e a obrigatoriedade de seu uso deixa muitos idosos sem acesso aos seus cuidados médicos”, disse Kenneth Lam, clínico em geriatria na UCSF e um dos autores do levantamento. “Precisamos de mais inovações em dispositivos, serviços e políticas para garantir que eles não sejam deixados para trás durante essa migração”, completou.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram dados referentes a 2018 de 4.525 pacientes com 65 anos ou mais. Eles examinaram vários cenários que apresentariam dificuldades com uma consulta em vídeo, incluindo problemas de audição ou visão, possível demência ou falta de conhecimento sobre como usar ferramentas tecnológicas.
A dificuldade se mostrou mais prevalente em pacientes mais velhos, homens, solteiros, negros ou hispânicos, que viviam na zona rural e tinham menos escolaridade, renda mais baixa e mais problemas de saúde relatados.
“Para construir um sistema de telemedicina acessível, precisamos de planos e contingências acessíveis para superar a alta prevalência de inexperiência com tecnologia e deficiência na população idosa”, concluiu o pesquisador.
Telemedicina durante a pandemia
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