Existem algumas formas para se verificar a intolerância a um alimento. Podem ser feitos de testes químicos à biopsia do intestino delgado. Nos casos de desconfiança de intolerância ao leite, o teste consistem em o paciente beber um copo de água contendo de 50 a 100 gramas de lactose e depois ter seu sangue coletado, de quatro a cinco vezes, em um intervalo de duas horas.
No entanto, ainda não há no Brasil exames sofisticados para detectar casos de intolerância. O que ocorre é que, baseado em alterações sintomáticas, os médicos suspeitam da possibilidade de intolerância. Então, a melhor forma de análise ainda é prestar atenção às pistas que o corpo oferece. Através dos sintomas, é possível analisar se determinado alimento agride ou não nosso organismo. Márcia Nogueira do Val dá dicas de como proceder em casos de suspeita de intolerância alimentar. “Primeiramente, o paciente deve procurar ajuda do médico para fazer um diagnóstico preciso. Em posse desse resultado, o tratamento será direcionado e, havendo necessidade, indicamos o acompanhamento de outros especialistas, como o nutricionista e o psicólogo – em casos de doença desencadeada por fatores emocionais”, revela.
Por que agora?
Foi descoberto que a origem da intolerância geralmente está associada ao consumo abusivo de um mesmo alimento, à mudança radical de hábitos alimentares, à ingestão por tempo prolongado de antibióticos e outros medicamentos que agridem a flora intestinal ou mesmo a uma dieta inadequada. O fator emocional e o stress também podem contribuir para o aparecimento de casos de intolerância.
Diagnosticado o alimento causador da indisposição, o melhor tratamento a fazer é eliminá-lo de sua dieta, substituindo, é claro, por outras fontes de mesmo valor nutricional. No caso de intolerância ao leite, fonte primária de cálcio, a absorção desse nutriente poderá ser realizada através da ingestão de leite de soja.
Tem cura?
Além de eliminar o alimento que causa indisposição das refeições, o paciente que apresentar quadro de intolerância alimentar deve adotar uma dieta saudável, sem grande concentração de componentes de difícil absorção, como gorduras, açúcares e aditivos químicos. Também já existem no mercado medicamentos capazes de dar uma mãozinha quando o desejo de comer algo impróprio é inevitável. Eles são capazes de atuar como as enzimas ausentes no organismo e facilitar a absorção dos alimentos.
No entanto, a Dra. Márcia Nogueira alerta que “para ministrá-los é necessário ter um diagnóstico clínico que justifique o uso do medicamento. O paciente deve esclarecer se tem um quadro de alergia ou intolerância. Remédios só são recomendados em casos de descompensação da sintomatologia e não devem ser usados por toda a vida”.
A boa notícia é que, muitas vezes, a intolerância não é para sempre. E, aos poucos, o alimento pode ir sendo reintroduzido à dieta. “Muitas pessoas desencadeiam a intolerância em virtude de alguma doença que tiveram ou algum medicamento que tomaram. Na medida que o paciente pára de tomar o remédio ou chega a cura, ele vai readquirindo a capacidade de produzir as enzimas causadoras da intolerância”, revelou a Dra. Márcia.
Tauan Coutinho é um desses casos. Ele apresentava intolerância à lactose desde bebê. O quadro, no entanto, regrediu. “Passei anos apenas me alimentando de leite de soja. Há algum tempo, essa intolerância desapareceu e hoje levo uma vida normal comendo laticínios sem problemas”. Karina Oliveira, de 27 anos, modificou seus hábitos alimentares e hoje leva uma vida normal. “Tento seguir uma dieta livre de glúten e lactose. Tenho que me alimentar de duas em duas horas. Como bastante legumes e verduras, e geralmente os sucos são feitos com um pedacinho de inhame, ficam até gostosos”, revelou.
A gastroenterologista Cirla Zaltman dá uma boa dica para melhorar os sintomas indesejáveis de uma intolerância alimentar. “O exercício físico pode facilitar o ritmo intestinal e reduzir o tempo de contato do alimento no interior das alças intestinais, reduzindo os sintomas como flatulência ou distensão abdominal”, indicou. Além disso, a indústria de alimentos tem produzido uma linha de produtos especiais voltada para essa parcela da população. São os leites de soja, os bombons 100% cacau, os leites com 90% menos lactose, as farinhas e biscoitos sem glúten. Então, intolerância sim, mas sem sacrifícios!