Internada há semanas no Hospital das Clínicas, em São Paulo, uma mulher de 42 anos morreu após apresentar falência do fígado devido ao uso de um remédio fitoterápico baseado em ervas ditas “emagrecedoras”. O caso havia sido alertado, há alguns dias, pela médica que atendeu a paciente, por meio de uma postagem na internet em que alertava sobre o risco do uso este tipo de composto.
Mulher morre após uso de ervas “emagrecedoras”
Recentemente, a fala de uma médica sobre o perigo de chás emagrecedores repercutiu em forma de alerta na web. No Instagram, Liliana Ducatti, cirurgiã do aparelho digestivo, contou que o Hospital das Clínicas recebeu nas últimas semanas uma paciente com hepatite fulminante causada por um composto de “50 ervas emagrecedoras” – e, mesmo com os esforços médicos, o quadro terminou em óbito, conforme confirmado por pessoas próximas da paciente.
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De acordo com Liliana, que publicou um vídeo para alertar sobre o uso de chás para emagrecer, a hepatite fulminante é algo que ocorre em pacientes previamente saudáveis e que, a partir de medicamentos, desenvolvem o problema. Além disso, ela afirmou que o desenvolvimento rápido do quadro gera a necessidade de um transplante em questão de dias – e, às vezes, ocorre devido a medicações conhecidas.
“Alguns medicamentos nós sabemos, como anabolizantes, Roacutan, mas esses medicamentos geralmente estão sendo usados com acompanhamento médico”, afirmou a cirurgiã, revelando que, no caso da paciente em questão, apesar de nenhum destes remédios ser utilizado, havia substâncias “medicinais” envolvidas. Após a internação, os médicos foram informados pela família que a mulher usava um fitoterápico chamado “ 50 Ervas Emagrecedor”.
De fácil acesso e tomado em cápsulas, o composto é bastante popular e, segundo a médica, contém uma série de ervas cuja toxicidade para o fígado é amplamente conhecida pela ciência (inclusive quando consumidas em excesso na forma de infusões feitas com a erva in natura).
“Dentre elas, o mais comum, mais conhecido: chá-verde. É muito bem descrito na literatura, tem vários relatos que mostram casos de hepatite fulminante por uso de chá-verde. Chá-verde, carqueja, mata verde, outras ervas. Muitas delas a gente não sabe [do efeito] e muitas outras já estão descritas por serem hepatotóxicas”, afirmou Liliana, que aproveitou a ocasião para fazer um alerta sério.
Em meio à venda fácil de chás emagrecedores e a convicção de muitas pessoas sobre a segurança de compostos naturais, ela recomendou que se evite estas condutas. “Chá que desincha, chá detox ‘natural’, não faça uso, desaconselhe as pessoas que você conhece. Tudo isso é charlatanismo, eles são descritos como hepatotóxicos, fazem mal ao fígado e, sim, podem levar à necessidade de um transplante de fígado”, pontuou.
Questionada sobre o perigo de se fazer o consumo de chás ocasionalmente, ela frisou que o problema está no uso excessivo das ervas emagrecedoras em questão. “Esses de saquinho/caixinha de mercado geralmente são mais seguros. E costumamos tomar eles por serem gostosos e não como uma medicação, né?”, concluiu.