Desconsiderando crianças muito novas e sociopatas, todo mundo tem algum arrependimento na vida. É o que diz Daniel Pink, estudioso e autor de uma pesquisa responsável por mostrar que, mesmo entre milhares de vidas totalmente diferentes, todos os arrependimentos podem se enquadrar em uma entre quatro categorias – e entender este sentimento tão agridoce pode nos levar a algo muito positivo a longo prazo.
Tipos de arrependimento
A partir de 16 mil relatos de arrependimentos enviados por pessoas em mais de 100 países, o autor Daniel Pink, responsável por uma curiosa pesquisa online sobre o tema veiculada nos últimos anos, descobriu aspectos interessantes sobre este sentimento tão comum. Apesar de ter analisado tantas histórias, ele encontrou pontos em comum suficientes para dividi-las em quatro tipos de arrependimentos – e entendê-los pode, segundo ele, nos ajudar viver de forma mais plena. São eles:
- Arrependimentos de “base”
Segundo Pink, existe um tipo de arrependimento que, apesar de poder ter relação com uma série de aspectos da vida, está sempre ligado a uma necessidade básica do ser humano que não é suprida devido a atitudes do passado.
“Estes tipos de arrependimento são sobre fazer escolhas que não lhe permitiram ter alguma estabilidade”, disse ele em um “TED” sobre o tema, explicando que remorso quanto a não se dedicar na escola, não guardar dinheiro, não cuidar da saúde e não comer bem estão entre as situações mais recorrentes.
- Arrependimentos ligados à coragem
Se você já esteve em uma situação na qual algo muito desejado dependia de uma atitude corajosa da sua parte, vai entender muito bem este tipo de arrependimento. Segundo Pink, a categoria está ligada a remorsos sobre não ter aproveitado a chance de se arriscar por algo incrível.
Um exemplo dado pelo autor é a decisão de não chamar alguém para sair por medo – e, segundo ele, pessoas que não chegaram ao objetivo mesmo se arriscando têm menos arrependimento do que quem simplesmente não tenta.
- Arrependimentos morais
Já este tipo de arrependimento tem relação a ter escolhido, no passado, atitudes claramente erradas. É o caso, por exemplo, de pessoas que sentem remorso pela prática de bullying, por terem cometido traições, entre outros.
Segundo ele, há muitos casos em que este tipo de remorso acompanha a pessoa pelo resto da vida mesmo se tratando de algo visto como “pequeno”.
- Arrependimentos ligados à conexão
Ao longo da vida, é natural que amigos, parentes e conhecidos em geral se afastem com o passar do tempo – e o último tipo de arrependimento está ligado à decisão de não se esforçar para manter este contato.
“A pessoa tem um relacionamento e ele se desfaz, mas não necessariamente por uma briga”, afirma ele, ressaltando que esse tipo de remorso tende a incluir frases como “se eu ao menos tivesse entrado em contato”.
Entender os arrependimentos ajuda a longo prazo
De acordo com Pink, apesar de arrependimentos serem, em geral, um sentimento ligado a tristeza e angústia, eles também servem como um “negativo” das necessidades humanas.
Se há tantas histórias de remorso ligadas a preparo de vida, a conexões, à falta de coragem e a atitudes imorais, é possível destacar que, em geral, estabilidade, entusiasmo para se arriscar, boas escolhas, amor e afinidade são questões muito importantes.
Além disso, ter noção dos próprios arrependimentos deixa em evidência os valores de uma pessoa – e isso pode servir como um guia para futuras decisões.