A cidade de São Paulo começou uma campanha de imunização contra sarampo e poliomelite em abril para incentivar o reforço na população, que teve uma queda brusca de vacinação desde 2018. Ambas as doenças voltaram a preocupar as autoridades de saúde, que temem novos surtos de sarampo e a volta da polio, erradicada no país há mais de 30 anos.
Vacinação contra poliomelite
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil está livre da poliomelite desde 1990. No entanto, a erradicação da doença no mundo depende de esforços vacinais conjuntos. Os casos de polio pelo globo diminuíram mais de 99% nos últimos anos: dos 350 mil casos estimados em 1988, o número caiu para 29 notificados em 2018.
As crianças que nunca tomaram doses recebem a Vacina Inativada Poliomelite (VIP), enquanto as menores de cinco anos que já tiverem tomado uma ou mais doses da vacina recebem a Vacina Oral Poliomelite (VOP), a famosa gotinha.
Desde 2018, o país teve uma redução em suas coberturas vacinais. Segundo a Agência Brasil, entre as principais causas dessa queda, estariam:
– A falsa sensação de que não é mais preciso se vacinar, pois várias doenças “antigas” já haviam sido eliminadas e pouco se fala sobre a periculosidade delas (como a própria poliomelite, varíola, entre outras);
– Horários para vacinação incompatíveis com as novas rotinas da população nos postos de saúde;
– Circulação de fake news na internet e WhatsApp sobre a segurança e eficácia das vacinas;
– Falta de organização dos sistemas de informação, deixando de explicar às pessoas os motivos pelos quais a vacinação é essencial.
Outro fator de risco que contribuiu para a queda de vacinação de poliomelite foi a pandemia, que pelo medo da exposição por contaminação da Covid-19, gerou uma queda brusca na vacinação de crianças.
Surto de sarampo
Outra doença que voltou a preocupar as autoridades de saúde no país foi o sarampo, que também enfrentou uma queda brusca de vacinação nos últimos anos.
Essa redução resultou em um novo surto da doença, que ocorreu em 2018, apenas dois anos após o vírus endêmico ter sido considerado eliminado do Brasil.
Segundo dados da Agência Brasil, até maio de 2018, 81.635 casos de sarampo tinham sido confirmados pelo mundo, majoritariamente no Sudeste Asiático e Europa. No Brasil, os surtos começaram em Roraima e Amazonas, se espalhando por todo o país.
O reaparecimento da doença também estaria ligado às baixas coberturas vacinais. O genótipo D8 do vírus foi identificado como fonte do surto, o mesmo que na época circulava na Venezuela.
Campanha de vacinação em SP
A Prefeitura de São Paulo intensificou os esforços pela vacinação da população com uma campanha de imunização contra o sarampo e a poliomelite.
A campanha, iniciada em 4 de abril, conta com vacinação gratuita nos postos de saúde, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) integradas do município. Interessados podem atualizar sua carteirinha de vacinação até o dia 3 de junho.
A vacina contra o sarampo é indicada para crianças a partir de 6 meses e com menos de 5 anos, pessoas nascidas a partir de 1960 e profissionais da saúde. Já a vacina da polio é indicada para crianças com até 5 anos, viajantes, imigrantes e refugiados de países endêmicos com registros da doença.
As unidades também contam com doses disponíveis contra a Covid-19 e a gripe influenza. É recomendado respeitar um intervalo de 15 dias entre a vacina da Covid-19 e a de sarampo para crianças entre 5 e 11 anos.