Devido especialmente a certas flutuações hormonais, as dores de cabeça – até para quem sofre de enxaqueca – tendem a diminuir durante a gravidez, mas com a influencer Virginia Fonseca aconteceu o oposto. Desde o último sábado (15), ela está internada com fortes dores de cabeça, sendo diagnosticada com enxaqueca e cefaleia refratária – e, apesar de casos assim na gestação serem raros, especialistas e órgãos de saúde explicam que existem algumas hipóteses sobre a causa do problema.
Virginia está internada por fortes dores de cabeça
Internada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, desde o último sábado, a influencer Virginia Fonseca, que vive sua segunda gestação, foi diagnosticada com enxaqueca e cefaleia refratária. Monitorada de perto especialmente por conta do bebê, o último boletim médico divulgado afirma que a influencer está “estável e consciente, recebendo medicações venosas para controle da dor”. Além disso, foi informado ainda que, quanto à gravidez, tudo corre bem.
Enxaqueca e dor de cabeça na gravidez: quadro é raro e merece atenção
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Apesar de já ser familiarizada com dores de cabeça frequentes, ela está, agora, apresentando uma dor mais intensa e refratária (ou seja, que resiste a mais de uma classe de medicamentos no tratamento) – e, embora quadros assim não sejam incomuns, é raro que eles se intensifiquem na gravidez, como ocorreu com ela.
Conforme explica Natália Longo, médica neurologista e neurofisiologista, a enxaqueca é mais comum de acontecer com mulheres enquanto elas estão em idade fértil – e, por consequência, ela também é o tipo de dor de cabeça mais comum em grávidas. Quadros como os de Virginia na gravidez, porém, não são nada frequentes, e tudo por um motivo simples: certas mudanças hormonais inerentes à gestação tendem a prevenir dores de cabeça. Em geral, mulheres que sofrem deste mal constante relatam melhora dos sintomas, e não piora.
Segundo informações da organização filantrópica britânica The Migraine Trust, durante a gravidez, os níveis de estrogênio no organismo aumentam repentinamente, enquanto os de progesterona caem, voltando a subir apenas no fim dos nove meses. Por tudo isso, bem como por um possível aumento nos níveis de hormônios “analgésicos” (endorfinas), a enxaqueca costuma melhorar, especialmente entre o segundo e o terceiro trimestre.
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A relação entre as flutuações hormonais da gravidez e uma melhora da enxaqueca é tão comum que, de acordo com a organização American Migraine Foundation, reposições hormonais que “imitam” o cenário de uma gravidez têm sido cada vez mais utilizadas no tratamento de quadros de enxaqueca, especialmente quando eles têm ligação com o período menstrual. Este, porém, não é o caso de todas as mulheres que já enfrentam enxaqueca ou dores de cabeça fortes, constantes e persistentes.
Enxaqueca na gravidez: o que faz o problema surgir ou piorar?
De acordo com a The Migraine Trust, pode acontecer de a dor aumentar especialmente no início da gestação, algo que não é totalmente explicado, mas já teve suas causas teorizadas. É possível, por exemplo, que sintomas desagradáveis da gravidez, muito frequentes no começo dela, prejudiquem os hábitos alimentares e a ingestão de água da mulher, gerando hipoglicemia e desidratação – algo que, com o tempo, pode desencadear crises.
Há, inclusive, diferenças dependendo do tipo de enxaqueca: caso ela venha acompanhada de aura (alterações na visão), é mais provável, segundo a organização, que a mulher continue tendo crises durante a gestação. Para quem tem enxaqueca pela primeira vez na gestação, ela tende a vir acompanhada de aura. Já entre mulheres que não têm enxaqueca com aura, já foi identificado que sete a cada dez delas vivencia uma melhora dos sintomas após os primeiros três meses de gravidez – e nada disso é totalmente explicado pela ciência.
É preciso lembrar que nem sempre, porém, a enxaqueca na gravidez está necessariamente ligada à gestação em si. Usando a ferramenta Stories, a própria influencer citou a suposição de pessoas próximas sobre uma possível relação entre os muitos afazeres de Virginia e as dores de cabeça – e, tanto segundo a neurologista Natália Longo quanto órgãos especializados no tema, o estresse é um gatilho comum para crises de enxaqueca em qualquer pessoa, não apenas em mulheres grávidas.
Dor de cabeça na gravidez é sinal de alerta
Tanto segundo a American Migraine Foundation quanto segundo a especialista, ter dor de cabeça na gestação não é algo a se ignorar. Conforme explica a organização, estudos mostram que, principalmente quando acompanhado por pressão alta, este sintoma está relacionado ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia e outras complicações vasculares perigosas para a mãe e para o bebê.
Embora tratamentos fiquem restritos devido à gestação, Natália Longo indica que a mulher busque o obstetra que a acompanha assim que notar este sintoma para que o quadro seja encaminhado da melhor forma possível.