A Síndrome do Choque Tóxico (SCT) é uma doença rara, porém grave, que pode levar a complicações sérias, incluindo a morte. Ela é causada por toxinas produzidas pela bactéria Staphylococcus aureus.
Manifestada quase exclusivamente em mulheres, a condição foi primeiramente relacionada ao uso dos absorventes internos antigos, que tinham alta absorção e eram feitos de material sintético.
Hoje, sabe-se que a SCT pode ser causada por outros fatores, incluindo a exposição a bactérias no ambiente hospitalar. No entanto, o uso de tampão ainda está associado ao maior risco da doença.
Recentemente, o caso de uma modelo norte-americana que precisou amputar uma perna devido à SCT chamou atenção da mídia mundial. Lauren Wasser desenvolveu a síndrome graças ao uso de absorvente interno, e as complicações causadas pelo choque tóxico levaram à perda do membro. A jovem ainda corre o risco de amputação da outra perna.
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O que é Síndrome do Choque Tóxico?
Segundo explica a ginecologista Rita Oliveira da Silva, da clínica Rezende (SP), a Staphylococcus aureus é uma bactéria que existe normalmente no corpo da mulher. No entanto, quando ocorre sua proliferação intensa, são produzidas toxinas em excesso, que causam a SCT. O uso prolongado de absorvente interno favorece essa multiplicação rápida.
A infecção atinge órgãos vitais e evolui muito rapidamente. Além de anemia, o choque tóxico provoca lesões nos rins, fígados e músculos, principalmente nos primeiros sete dias, podendo levar à insuficiência destes órgãos e, por consequência, à morte.
Nos Estados Unidos, a incidência da doença é de apenas 0,0005%, sendo que metade dos casos ocorre em mulheres que fazem uso de absorventes internos.
Causas
Absorvente interno
As causas exatas da Síndrome do Choque Tóxico não são completamente conhecidas. O ginecologista Daniel Luchesi, da clínica Livon (SC), conta que, nos primeiros relatos da doença nos Estados Unidos, notou-se que grande parte das pacientes que manifestaram a condição fazia uso de um absorvente interno que retinha muito fluxo e não era trocado.
“Ficou estabelecido que o absorvente íntimo de grande capacidade e de uso prolongado serviria de meio para a propagação da bactéria responsável pela SCT”, diz. “Atualmente, com as mudanças na capacidade, componentes e padrões de utilização destes produtos, o número de casos caiu”, complementa.

Tamanho ou tempo de uso?
Mais relevante do que a capacidade de absorção do tampão é o tempo de uso. O maior risco está em permanecer com o mesmo item durante muito tempo, já que o acúmulo de sangue retido nas fibras favorece lesões no canal e proliferação de bactérias. O tamanho do acessório deve estar de acordo com o fluxo menstrual.
A recomendação de Luchesi é que a troca seja feita a cada quatro horas, já que o clima tropical do Brasil também favorece o aumento de bactérias. É importante notar que o absorvente externo não aumenta o risco da Síndrome do Choque Tóxico, mas pode levar a outros tipos de infecções bacterianas se usado de forma prolongada, sem troca.
Outras
Além do uso de absorventes internos, outra possível forma de contrair a doença é pela exposição a bactérias, especialmente em ambiente hospitalar e após procedimentos cirúrgicos, quando há lesões na pele. Em outros casos, não é possível identificar o foco da infecção.
Sintomas

Os sintomas surgem de forma súbita e depois evoluem para manifestações mais graves. Logo no início, o paciente pode apresentar:
- Febre alta
- Dor de cabeça
- Dor de garganta
- Olhos avermelhados
- Cansaço extremo
- Confusão e tontura
- Vômitos
- Diarreia
- Erupção cutânea, semelhante a uma queimadura de sol, em todo o corpo
Após 48 horas, pode entrar em estado de choque. Entre o 3º e 7º dia, a pele das palmas das mãos e plantas do pé se soltam.
Como tratar?

Como os sinais iniciais são similares aos de muitas outras doenças comuns, o diagnóstico da Síndrome do Choque Tóxico é dificultado. Porém, Rita Oliveira da Silva alerta que, na suspeita da SCT, o indivíduo deve ser hospitalizado imediatamente. “Se a ação não for rápida, há o risco de óbito”, afirma.
O tratamento deve ser em unidade de terapia intensiva (UTI) com uso de antibióticos por, no mínimo, 10 dias. É feita também uma drenagem no foco da infecção.
Como prevenir?
Luchesi salienta que, atualmente, os absorventes internos são feitos de fibras de algodão e não mais sintéticas, como na década de 1980, o que diminuiu a incidência da doença. No entanto, ainda vale a recomendação de não exceder oito horas consecutivas de uso do mesmo tampão e, preferencialmente, trocá-lo a cada quatro horas, especialmente durante o clima mais quente.
Aos primeiros sintomas da doença, retire imediatamente o absorvente interno e procure um médico, informando-o que você estava usando um tampão.
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